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100 mil migrantes cruzaram fronteira entre Colômbia e Panamá somente este ano, alerta OIM

29 outubro 2021

Diante da crise migratória, a OIM pede ajuda no valor de 74,7 milhões de dólares para responder às necessidades humanitárias do crescente número de migrantes vulneráveis em movimento do Caribe e da América do Sul para cruzar a América Central em direção ao México e aos Estados Unidos.

Até o presente momento deste ano, mais de 100 mil migrantes cruzaram o perigoso Tampão de Darién, com muitos parando em centros de recepção de migrantes no Panamá antes de seguirem mais ao norte. 17 mil eram crianças, destacou o UNICEF.

Na densa floresta tropical, famílias de migrantes estão particularmente expostas à violência, incluindo abuso sexual, tráfico e extorsão por parte de gangues criminosas. Migrantes com mais de 50 nacionalidades, vindos de lugares tão distantes como a África e a Ásia Meridional, estão usando essa rota a caminho dos Estados Unidos. Metade dos migrantes é do Haiti; muitos dos quais têm filhos e filhas nascidos no Chile ou no Brasil.

Legenda: OIM faz apelo por US$ 74,7 milhões para ajudar migrantes em trânsito nas Américas
Foto: © OIM

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) solicita US$ 74,7 milhões para responder às necessidades humanitárias do crescente número de migrantes vulneráveis em movimento do Caribe e da América do Sul para cruzar a América Central em direção ao México e aos Estados Unidos. Esses migrantes altamente vulneráveis são, sobretudo, nacionais do Haiti, bem como de Cuba, Brasil e Chile. Outros são nacionais da Ásia e da África. 

Até o presente momento deste ano, mais de 100 mil migrantes cruzaram de forma irregular a perigosa selva do Tampão de Darién da Colômbia ao Panamá, após caminharem por diversos países na América do Sul. O número para os primeiros nove meses de 2021 é três vezes maior do que os 30 mil do relatório anterior, referente à mesma rota durante todo o ano de 2016. Do Panamá, migrantes seguem ao norte em uma jornada que é particularmente arriscada para mulheres e crianças.  

Ainda este mês, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) chamou atenção para o fato que do total de pessoas que passaram pela selva de Darién em 2021, 19 mil eram crianças. É um recorde histórico, quase três vezes mais do que o número registrado nos cinco anos anteriores combinados. 

Na densa floresta tropical, famílias de migrantes com crianças estão particularmente expostas à violência, incluindo abuso sexual, tráfico e extorsão por parte de gangues criminosas. Migrantes com mais de 50 nacionalidades, vindos de lugares tão distantes como a África e a Ásia Meridional, estão usando essa rota a caminho dos Estados Unidos. Metade dos migrantes é do Haiti; muitos dos quais têm filhos e filhas nascidos no Chile ou no Brasil. 

Diretores dos escritórios regionais da OIM em São José e Buenos Aires complementam o debate com a informação de que mais de 200 mil haitianos que já haviam se estabelecido na Argentina, Brasil e Chile após o terremoto de 2010 no Haiti também estavam em situação de crescente vulnerabilidade.  

“A piora nas condições socioeconômicas, o endurecimento nas regulações de vistos, as dificuldades em obter informações e documentos para regularizar seus status, o impacto causado pela pandemia de COVID-19, e a crescente xenofobia, dentre outros fatores, tiveram um profundo impacto no bem-estar da comunidade haitiana na região, reduzindo as oportunidades de integração", relataram os diretoras da OIM.  

“Os grandes fluxos de haitianos, cubanos e migrantes de outras nacionalidades também puseram pressão na capacidade de muitos países de recepção e de trânsito, alguns dos quais se tornaram focos de aumentos de incidentes de xenofobia e violência”, completaram 

Resposta - Em resposta às múltiplas facetas da crise migratória, a agência da ONU enfatizou que é necessário que haja financiamento para fornecer assistência emergencial e para lidar com as motivações da mobilidade, bem como com o impacto em 75 mil membros das comunidades de migrantes, recepção e trânsito. A assistência inclui alimentação, vestimenta, serviços de saúde e apoio psicossocial, abrigamento seguro, e proteção às vítimas e pessoas sob risco de violência baseada no gênero e de tráfico de pessoas.  

O apelo também visa estabelecer sistemas de monitoramento dos fluxos migratórios em toda a região, alertar migrantes sobre os perigos que seguem, como tráfico e contrabando, e para dar o pontapé inicial na reintegração comunitária. Também fazem parte dos objetivos principais minimizar os riscos de proteção por meio de sensibilização e inclusão social, trabalhar com autoridades para fortalecer a gestão desses fluxos e para lidar com as motivações para mobilidade e os impactos de longo prazo das crises e dos deslocamentos.  

Transporte - O apelo da OIM também visa fornecer assistência humanitária de transporte. No Brasil, por exemplo, migrantes impedidos de se moverem costumam necessitar de ajuda para retornar às suas comunidades de acolhida anteriores. Em outros países, migrantes podem precisar de assistência para alcançar centros designados de acomodação temporária. A OIM cobriria as necessidades quando solicitado pelas autoridades.   

À medida que o retorno ao Haiti continua, o pedido por financiamento abarca assistência humanitária pós-desembarque, incluindo melhorias nas instalações de recepção nos dois aeroportos internacionais de Porto Príncipe e Cap Haitien. A OIM também está trabalhando junto com parceiros no Haiti em estabilização comunitária de longo prazo, com foco em áreas propensas a migração e incluindo um plano de reintegração para evitar padrões repetidos de migração irregular.  

O plano de resposta irá cobrir atividades em 14 países de origem, de trânsito e de destino: Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá e Peru. 

A Plataforma da OIM de Resposta Global a Crises oferece um panorama dos planos da OIM e dos requisitos de financiamento para responder às necessidades e aspirações emergentes das pessoas impactadas ou sob risco de crise e deslocamento em 2021 e adiante. A Plataforma é atualizada regularmente à medida que a crise avança e novas situações surgem.   

Contatos para a imprensa:  

  • Jorge Gallo no Escritório Regional da OIM em São José, E-mail: jgallo@iom.int, Tel: +506 7203 6536 
  • Juliana Quintero no Escritório Regional da OIM em Buenos Aires, 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OIM
Organização Internacional para as Migrações
UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa