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OMS quer grupo de trabalho para vacinar 40% da população mundial até final do ano

11 novembro 2021

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu investimentos urgentes e pela criação de um grupo de trabalho de alto-nível para garantir a vacinação de 40% da população global até o fim de dezembro. O pedido foi feito em reunião com chanceleres organizada nos Estados Unidos.  

Para o chefe da agência de saúde da ONU, três áreas são prioritárias para atingir a meta: governança, apoio financeiro a um fundo intermediário criado para suprir as lacunas identificadas pela agência e o fortalecimento do mandato e capacidades da própria OMS.

Nas Américas, a vacinação tem avançado e a maior parte dos países já alcançou 40% de sua população imunizada. No entanto, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) ressaltou a necessidade urgente de mais investimento em atenção primária para melhorar os sistemas de saúde enfraquecidos pela pandemia.

Uma mulher idosa recebe sua vacinação de COVID-19 em um hospital em Kathmandu, no Nepal
Legenda: Uma mulher idosa recebe sua vacinação de COVID-19 em um hospital em Kathmandu, no Nepal
Foto: © Uma Bista/Blink Media/OMS

Faltando apenas sete semanas para o final do ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pede aos Estados-membros que estabeleçam imediatamente um grupo de trabalho de alto nível, para atingir a meta de vacinar 40% da população mundial contra a COVID-19, até 31 de dezembro. A convocação foi feita nesta quarta-feira (10) pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em reunião com chanceleres organizada pelos Estados Unidos.  

“Quase 80 países, metade deles na África, não atingirão nossa meta de vacinação de 40% sem a sua ajuda. Para atingir essa meta, precisamos de mais 550 milhões de doses ”, informou Tedros.  

Ação urgente - O chefe da OMS pediu aos países que já alcançaram altas taxas de cobertura que cedam lugar na fila para os consórcios COVAX e AVAT, iniciativa da União Africana para distribuição de vacinas, lembrando que os Estados Unidos já lideram com o abastecimento governamental de doses da vacina Moderna. 

“E pedimos que financiem totalmente o ACT Accelerator, que precisa de 23,4 bilhões de dólares nos próximos 12 meses para levar vacinas, testes, tratamentos e EPIs onde são mais necessários”, acrescentou.    

Em meados de 2022, a OMS espera que 70% da população de todos os países esteja vacinada.

Duplo questionamento - O diretor-geral da OMS disse que a reunião foi sobre duas questões fundamentais: Como acabar com a pandemia? E como tornar o mundo mais seguro? 

“Em última análise, a pandemia é uma crise de solidariedade que expôs e exacerbou fraquezas fundamentais na arquitetura global da saúde”, opinou Tedros. 

Nesse contexto, argumentou ele, a única maneira de abordar essas fraquezas é por meio de um tratado ou acordo vinculante entre as nações. “Tal acordo forneceria a estrutura abrangente para fomentar uma maior cooperação internacional”.

Áreas-chave - Para o líder da OMS, o acordo deve se concentrar em três áreas principais. É preciso, em primeiro lugar, melhor governança. Com um conselho de chefes de Estado, ancorado na OMS, para fornecer liderança política de alto nível para uma ação rápida e coordenada. 

“O conselho poderia ser apoiado por um comitê ministerial permanente, que os Estados-membros da OMS estão agora trabalhando para estabelecer, sob o Conselho Executivo da OMS”, explicou Tedros.  

Em segundo lugar, melhor financiamento. A OMS apoia a ideia de um fundo financeiro intermediário estabelecido no Banco Mundial para suprir as lacunas identificadas pela agência e financiado por países e organizações regionais.   

Em terceiro lugar, disse o chefe da agência de saúde, o mundo precisa de uma OMS fortalecida, capacitada e financiada de forma sustentável, no centro da arquitetura global da saúde. 

“Quase três quartos de século atrás, as nações do mundo criaram a OMS para ser a autoridade líder e coordenadora em saúde global. Agora, as nações do mundo devem cumprir esta missão e este mandato”, concluiu. 

OPAS pede investimentos em atenção primária - A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da OMS no continente, também tem trabalhado para apoiar os países da região no combate à COVID-19. Mas, com os países das Américas relatando graves interrupções nos serviços essenciais de atenção primária à saúde, a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, recomendou investimentos urgentes e fundamentais para melhorar os sistemas de saúde continuamente enfraquecidos pela pandemia. Ela falou em uma entrevista coletiva na quarta-feira (10).

De acordo com a OPAS, todos os países devem aumentar os gastos públicos em seus sistemas de saúde para os 6% recomendados do PIB nacional ou mais e devem garantir que 30% desse financiamento vá para a atenção primária à saúde.

“A atenção primária é a espinha dorsal de nossos sistemas de saúde”, defendeu Etienne lembrando que é no nível de atenção primária que ocorrem os testes de COVID-19, rastreamento de contatos e imunizações.

“Não podemos esquecer que saúde é um investimento, não uma despesa”, argumentou a diretora. “Como aprendemos com a COVID-19, a saúde está no centro de sociedades vibrantes. Isso mantém as pessoas trabalhando, as crianças nas escolas, as empresas produtivas e as economias em crescimento.”

Números na região - Na semana passada, os países das Américas notificaram 700 mil novas infecções por COVID-19 e 13 mil mortes. Vários países, incluindo partes da Colômbia e Bolívia e os países do Cone Sul, estão vendo tendências de aumento após o relaxamento das medidas de saúde pública.

No Caribe, Cuba, Jamaica e Porto Rico notificaram uma queda no número de novas infecções, enquanto os casos estão aumentando na República Dominicana, em Trinidad e Tobago e em Barbados. Um grande número de casos também está sendo observado nas Ilhas Cayman e em Dominica.

As taxas de vacinação, entretanto, continuam aumentando, alcançando uma cobertura geral de 48% na América Latina e no Caribe.

A OPAS continua trabalhando com os fabricantes para garantir doses adicionais, acrescentou a diretora da Organização. O organismo internacional assinou acordos de fornecimento com três fabricantes de vacinas da Lista de Uso Emergencial da OMS (EUL) e está em negociações finais com um quarto fornecedor de vacinas de mRNA.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OPAS/OMS
Organização Pan-Americana da Saúde
OMS
Organização Mundial da Saúde

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