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Resposta internacional à variante Ômicron preocupa chefes da ONU

01 dezembro 2021

Respondendo aos novos desafios que a variante Ômicron apresenta, o chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressaram preocupação com a penalização de Botswana e África do Sul, onde a nova mutação foi identificada. 

De acordo com a autoridade da OMS, as medidas em resposta à nova variante, como fechamento de fronteiras e medidas de penalização, são abruptas e sem fundamento. A Organização também enfatizou que o mundo não deveria precisar de outro "alerta" sobre os perigos do COVID-19 antes de decidir agir para prevenir novas pandemias. 

Segundo a OMS e seus agentes, precauções disponíveis devem ser aplicadas para impedir a disseminação do vírus, enquanto os cientistas investigam o quão nociva, transmissível e sensível à vacina é a nova variante Ômicron. As medidas incluem o uso de máscara, ventilar o ambiente, manter a higiene das mãos e do corpo. Já o chefe das Nações Unidas, António Guterres, apontou que “a única maneira de sair de uma pandemia - e desta situação injusta e imoral - é por meio de um plano de vacinação global.”

Legenda: Um homem mais velho recebe a vacina contra a COVID-19
Foto: © Jose Vilca/UNICEF

Em um comunicado na terça-feira (30), o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, expressou preocupação com a penalização de Botswana e África do Sul, onde a nova variante do coronavírus, Ômicron, foi identificada pela primeira vez. Durante a reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do Grupo dos 77 países em desenvolvimento (G77) e da China, em Nova Iorque, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também se pronunciou sobre o tema. O chefe da ONU defendeu que só um plano de vacinação global pode acabar com a pandemia.

Dezenas de países impuseram proibições de viagens aos países do sul da África desde que a mutação foi descoberta no final da semana passada. O chefe da agência de saúde da ONU criticou as medidas, classificando-as como abruptas e sem fundamento. 

Ameaça ainda desconhecida - Tedros disse que, embora seja compreensível que todos os países desejam proteger seus cidadãos, a Ômicron ainda era uma ameaça amplamente desconhecida quando as restrições de mobilização foram impostas. 

O chefe da OMS acrescentou que o mundo não deve esquecer da variante Delta, que é “altamente transmissível e perigosa", e "responde por quase todos os casos globalmente”. 

Enquanto os cientistas correm para entender o quão virulenta e transmissível é a variante Ômicron, a OMS recomenda o uso de todas as precauções disponíveis para impedir a disseminação. 

“Como não temos uma noção completa dessa variante e não sabemos se as vacinas existentes estão funcionando contra ela (...) precisamos usar as medidas que sabemos que funcionam”, disse Christian Lindmeier, porta-voz da OMS, durante um briefing agendado em Genebra na terça-feira (30). Essas medidas incluem “usar máscara... ventilar o ambiente, se possível, com a maior frequência possível, manter a higiene das mãos e do corpo... Sabemos que essas medidas funcionam”, acrescentou. 

O alerta permanece - O comunicado da OMS coincide com a publicação de relatórios que indicam preocupação potencial expressa pelo chefe da fabricante de vacinas Moderna, de que as vacinas existentes podem não ser tão eficazes contra a nova variante como foram em relação às anteriores. 

Lindmeier disse que é necessário mais tempo para chegar a uma conclusão sobre a variante Ômicron: “Pode haver maior transmissibilidade, de acordo com relatórios iniciais”, disse ele, “portanto, estamos examinando profundamente. Ainda precisamos de algumas semanas para reunir os detalhes e saber exatamente com o que estamos lidando.”  

Prevenir novas pandemias - Na segunda-feira (29), o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, discursou em uma reunião especial de três dias do corpo diretivo da organização em Genebra, alertando que o mundo não deveria precisar de outro "alerta" sobre os perigos do COVID-19 antes de decidir agir para prevenir novas pandemias. 

“O próprio surgimento da variante  Ômicron é um lembrete de que, embora muitos de nós possamos pensar que a COVID-19 acabou, isso não é verdade”, disse. 

“Estamos vivendo um ciclo de pânico e abandono. Ganhos duramente conquistados podem desaparecer em um instante. Nossa tarefa mais imediata, portanto, é acabar com esta pandemia.”

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. 

Múltiplas variantes, uma pandemia - Reforçando a mensagem de Tedros, o Lindmeier apontou que a “Ômicron não é a única variante que existe, agora está no topo da agenda de interesse. Não vamos esquecer que a Delta também está entre nós. Existe uma pandemia de COVID-19, mesmo sem a variante Ômicron”. 

Apesar das preocupações de que as vacinas existentes possam não ser tão eficazes contra o Ômicron, o porta-voz da OMS reiterou que “uma alta taxa de vacinação na população funciona, sabemos disso". 

“Os pronto-socorros estão cheios de pessoas, a maioria não vacinadas. Os sintomas mais graves e o desfecho mais grave, a morte, são mais frequentemente não vacinados, e isso é muito importante destacar.”

Lindmeier também enfatizou que o mundo não pode esquecer que as operações que salvam vidas “estão sendo adiadas por meses para as pessoas que precisam delas com urgência por causa de enfermarias de emergência e hospitais cheios. Vamos usar todas as medidas que temos agora até que saibamos mais.”

Vacinação global é a solução - Com mais pessoas morrendo devido à COVID-19 este ano do que em 2020, o secretário-geral da ONU argumentou que “a única maneira de sair de uma pandemia global - e desta situação injusta e imoral - é por meio de um plano de vacinação global. ” 

A fala de Guterres aconteceu durante uma reunião em Nova Iorque, a Reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do Grupo dos 77 países em desenvolvimento (G77) e da China. O chefe da ONU também destacou que a pandemia continua a assolar os países desenvolvidos e em desenvolvimento, e que a ONU apoia a estratégia de vacinação traçada pela OMS. 

O objetivo da Organização é aplicar vacinas em pelo menos 40% das pessoas em todos os países até ao final deste ano, e atingir 70% em meados de 2022.  

“Todos, em todos os lugares, devem ter acesso às vacinas, testes e tratamento COVID-19”, disse o Secretário-Geral, pedindo apoio para o acelerador ACT e para a iniciativa COVAX .

Desigualdade crescente - Guterres também alertou que a economia mundial deve crescer 5,9% este ano, mas o ritmo de recuperação é extremamente irregular. Para ele, isso não surpreende. Enquanto as economias desenvolvidas estão investindo 28% de seu PIB na recuperação, os países de renda média estão investindo 6,5% e os menos desenvolvidos estão investindo apenas 1,8%.  

Na África Subsaariana, por exemplo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o crescimento econômico cumulativo per capita nos próximos cinco anos será 75% menor do que no resto do mundo.  

“Essa divergência perigosa ameaça se agravar, pois as taxas de crescimento devem diminuir em 2022. O  aumento da inflação também pode ter um impacto negativo sobre o custo dos empréstimos e do serviço da dívida”, alertou.   

O chefe da ONU também abordou a crise climática, os níveis insustentáveis ​​de desigualdade e o desenvolvimento de novas tecnologias, pedindo “um salto quântico na união e na solidariedade para a tomada de decisões coletivas” sobre esses desafios globais.  

Multilateralismo como solução - Sobre o multilateralismo e a importância das Nações Unidas, o secretário-geral destacou o papel da Organização durante a pandemia.  As equipes locais da ONU implementaram planos de resposta socioeconômica cobrindo 139 países e territórios. Mais de 3 bilhões de dólares foram reaproveitados e 2 bilhões adicionais foram mobilizados para priorizar o apoio imediato.  

Para Guterres, foram as reformas recentes que permitiram à Organização se ajustar e responder rapidamente. “Como resultado, mais de 90% dos governos anfitriões indicaram que as Nações Unidas hoje são mais relevantes para as necessidades de desenvolvimento de seu país do que há três anos”, concluiu. 

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