Acúmulo de vacinas por países ricos prolongará a COVID, alerta a OMS
10 dezembro 2021
Em um informe na quinta-feira (9), a OMS disse que os dados de laboratório divulgados sobre a eficácia das vacinas contra a nova variantes são importantes, mas que é preciso aguarda os dados clínicos para entender melhor como gerenciar a situação da Ômicron.
A agência de saúde da ONU reafirmou que as vacinas disponíveis "funcionam muito bem" até o momento na proteção das pessoas contra as piores formas da doença por seis meses ou mais, com uma "redução pequena e modesta" depois disso, especialmente entre os maiores de 65 anos ou aqueles com condições médicas subjacentes.
Os especialistas da OMS também advertiram para o risco de continuidade da pandemia, se a o acúmulo de vacinas por poucos países e a desigualdade vacinal persistirem. "Onde a transmissão continua, é de onde as variantes virão”, explicou a diretora do Departamento de Imunização.
Os primeiros dados laboratoriais sobre a eficácia das vacinas existentes contra a variante do Ômicron COVID-19 são úteis, mas ainda não está claro quão eficazes elas serão contra a forma grave da doença, disse um painel de uma agência de saúde da ONU na quinta-feira (9).
O desenvolvimento segue a garantia da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que as vacinas disponíveis "funcionam muito bem" na proteção das pessoas contra as piores formas de doença por seis meses ou mais, com uma "redução pequena e modesta" depois disso, especialmente entre os maiores de 65 anos ou aqueles com condições médicas subjacentes.
“Os dados de neutralização têm um fundamento, mas são realmente os dados clínicos que terão maior influência sobre como gerenciar a situação da Ômicron”, disse a diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Produtos Biológicos da OMS, Kate O’Brien.
Desafio da imunidade coletiva - Sobre a questão da imunidade de rebanho, O'Brien disse que a imunidade coletiva permanecia fora de alcance, em parte porque as vacinas em circulação hoje, apesar de sua eficácia, “não estavam funcionando no nível onde o conceito de imunidade de rebanho seja algo provável de ser alcançado”.
Segundo a especialista da OMS, isso se deve, pelo menos em parte, à falta de cobertura universal de vacinas, que fez com que os países mais ricos se beneficiassem das campanhas de imunização, enquanto as nações mais pobres sofreram com a escassez de vacinas que salvam vidas.
Infecções entre vacinados - Sobre as infecções entre os indivíduos já vacinados, a funcionária da OMS considera que “não é surpreendente” que elas aumentem com a maior cobertura vacinal. “Isso não significa que a vacina não esteja funcionando, simplesmente significa que um número cada vez maior de pessoas foi realmente vacinado”, afirmou.
À medida que a Ômicron se espalha, O’Brien destacou que os que correm maior risco continuam sendo os não vacinados, que representam de 80% a 90% dos que adoeceram gravemente por causa do coronavírus.
Distribuição desigual - O risco de que a pandemia não seja eliminada continuará se os países decidirem manter suas vacinas de COVID-19, em vez de compartilhá-las sob o esquema de distribuição equitativa da COVAX, em parceria com a OMS.
Os países mais pobres estiveram “esperando e esperando e esperando” pelas vacinas, disse ela, acrescentando que agora as doses estavam começando a chegar das nações mais ricas. “Temos que garantir que isso continue”, afirmou O'Brien.
“À medida que avançamos para qualquer que seja a situação da Ômicron, há o risco de que a oferta global volte a ser revertida para os países de alta renda, que acumulam vacinas para proteger em excesso suas oportunidades de vacinação”, acrescentou.
Ótica enviesada - Para a funcionária da OMS essa falta de solidariedade global simplesmente não vai funcionar em uma perspectiva epidemiológica. “Não vai funcionar do ponto de vista da transmissão, a menos que realmente tenhamos vacinas indo para todos os países, porque onde a transmissão continua, é de onde as variantes virão”, explicou.
Segundo a especialista, é de causar perplexidade que alguns países continuem com medidas inconsistentes ao tentar reduzir a transmissão da COVID-19. “Por um lado, eles estão perseguindo uma espécie de abordagem sem limites para as vacinas, ao mesmo tempo que não usam máscaras, lavagem das mãos, e promovem multidões - todas as outras medidas que sabemos serem altamente eficazes para reduzir as transmissões”.