Contágio pela Ômicron está prestes a superar números da Delta, aponta OMS
21 dezembro 2021
O número de infectados com a COVID-19 envolvendo a nova variante Ômicron está ultrapassando os da variante Delta. Há indícios também que a Ômicron irá atingir mais pessoas vacinadas e já recuperadas. Foi o que revelou o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa na segunda-feira (20).
Um aumento no número de pessoas infectadas é esperado pela OMS devido às comemorações de fim de ano. Com isso em mente, Tedros recomendou que eventos e interações sociais de fim de ano sejam cancelados ou adiados. "Um evento cancelado é melhor do que uma vida cancelada", alertou.
A COVID-19 segue ceifando 50 mil vidas em todo o mundo semanalmente e os estragos não são limitados a essas perdas, a pandemia também afetou o acesso à saúde em outras esferas. Entre os retrocessos, estão as 23 milhões de crianças que perderam as vacinas de rotina em 2020 e um aumento de cerca de 14 milhões de casos de malária e 47 mil mortes a mais devido a doença em 2020, em comparação com 2019.
Segundo o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, agora há “evidências consistentes” de que a variante Ômicron está ultrapassando a Delta. Em um pronunciamento a jornalistas na segunda-feira (20) em Genebra, Tedros também afirmou que é mais provável que as pessoas que foram vacinadas, ou recuperadas do vírus, pudessem ser infectadas ou reinfectadas pela variante.
“Não pode haver dúvida de que o aumento da interação social durante o período de fim de ano em muitos países levará a um aumento de casos, sistemas de saúde sobrecarregados e mais mortes”, alertou ele.
De acordo com a ONS, a COVID-19 continua a ser responsável por cerca de 50 mil mortes em todo o mundo todas as semanas.
Adiar ou cancelar eventos - Segundo ele, adiar ou cancelar eventos é o responsável: “Um evento cancelado é melhor do que uma vida cancelada. É melhor cancelar agora e comemorar mais tarde do que comemorar agora e sofrer mais tarde.”
Mais de 3,3 milhões de pessoas perderam a vida devido à COVID-19 este ano - mais mortes do que por HIV, malária e tuberculose combinadas em 2020, e a África agora enfrenta uma onda acentuada de infecções, impulsionada em grande parte pela variante Ômicron.
Há apenas um mês, a África relatava o menor número de casos em 18 meses, lembrou Tedros aos jornalistas, enquanto na semana passada, relatou o quarto maior número de casos em uma única semana até agora.
“Nenhum de nós quer estar aqui novamente em 12 meses, falando sobre oportunidades perdidas, desigualdade contínua ou novas variantes”, insistiu ele, martelando, mais uma vez, que para a pandemia terminar em 2022, “devemos acabar com a desigualdade, garantindo que 70% da população de cada país seja vacinada até meados do próximo ano. ”
Panorama global da saúde - Em todo o mundo, a OMS está trabalhando com os países para restaurar e manter os serviços de saúde essenciais interrompidos pela pandemia, informou Tedros. De acordo com novos dados divulgados este ano, 23 milhões de crianças perderam as vacinas de rotina em 2020, o maior número em mais de uma década, aumentando os riscos de doenças evitáveis como sarampo e poliomielite.
O progresso ainda está sendo feito em muitas outras áreas da saúde e da medicina. Cinco países conseguiram introduzir a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) para prevenir o câncer do colo do útero e outros 9 estão planejando introduzi-la nos próximos 6 meses e, em setembro, a OMS lançou um roteiro global para derrotar a meningite até 2030.
A pandemia também causou retrocessos nos esforços da agência para derrotar as principais doenças infecciosas do mundo, com cerca de 14 milhões a mais de casos de malária e 47 mil mortes por malária a mais em 2020, em comparação com 2019.
“No entanto, a OMS certificou dois países - China e El Salvador - como livres da malária este ano, e outros 25 estão a caminho de encerrar a transmissão da malária até 2025”, lembrou Tedros aos jornalistas, acrescentando que, este ano, a OMS também fez uma recomendação histórica para amplo uso da primeira vacina contra malária do mundo.
Perdas e ganhos - Os serviços para doenças não transmissíveis também foram atingidos, com mais da metade dos países pesquisados entre junho e outubro relatando interrupções nos serviços para diabetes, rastreamento e tratamento do câncer e controle da hipertensão.
Resumindo um ano tumultuado, Tedros também observou que vários passos importantes foram tomados para fortalecer a arquitetura global de saúde e a própria OMS.
“Lançamos o Centro da OMS para Inteligência Pandêmica e Epidêmica em Berlim; iniciamos a construção da Academia da OMS em Lyon; estabelecemos o Sistema BioHub da OMS”, pontuou. No início de dezembro, os Estados-membros concordaram em negociar um novo acordo do mundo sobre preparação e resposta a pandemias.
“Também tomamos medidas decisivas para lidar com os casos de exploração e abuso sexual e para garantir que nosso pessoal cumpra os altos padrões que nós e nossos Estados-membros esperamos deles”, relatou o chefe da OMS, após revelações chocantes de supostos abusos cometidos por alguns funcionários da agência durante o décimo surto mortal de Ebola na República Democrática do Congo (RDC).
Em busca de uma nova era de saúde - “2022 deve ser o ano em que acabaremos com a pandemia”, defendeu Tedros, acrescentando ainda que, para evitar um desastre futuro na mesma escala, todos os países devem investir em sistemas de saúde resilientes, construídos na atenção primária e com cobertura universal de saúde como meta.
“Quando as pessoas não têm acesso aos serviços de que precisam ou não podem pagar, indivíduos, famílias, comunidades e sociedades inteiras ficam em risco”, argumentou o chefe da agência de saúde da ONU.
“No próximo ano, a OMS estará empenhada em fazer tudo que estiver ao alcance para acabar com a pandemia e começar uma nova era na saúde global - uma era em que a saúde está no centro dos planos de desenvolvimento de todos os países”, concluiu.