Relatórios da OMS analisam impactos de mudanças climáticas e inteligência artificial em envelhecimento saudável
17 fevereiro 2022
A Organização Mundial da Saúde lançou dois relatórios sobre envelhecimento, o primeiro deles trata dos efeitos das mudanças climáticas no bem-estar de populações idosas. Já o segundo é sobre preconceitos contra idosos em tecnologias que envolvem inteligência artificial.
O relatório que aborda as consequências das mudanças climáticas na vida de idosos é parte da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), e evidencia que as alterações do clima e o rápido envelhecimento estão ocorrendo juntos, entretanto as pessoas mais velhas têm sido negligenciadas nos estudos sobre o assunto.
No estudo sobre o uso de inteligência artificial (IA) na medicina e saúde pública para idosos, a OMS mostra que as tecnologias de inteligência artificial podem melhorar a saúde e o bem-estar dos idosos, mas somente se o preconceito de idade for eliminado de seu design, implementação e uso.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, em janeiro deste ano, o terceiro relatório da Década do Envelhecimento Saudável, celebrada entre 2021 e 2030. O documento inclui ações para manter qualidade de vida de pessoas idosas, destaca como a saúde e o bem-estar deste grupo são afetados pelas mudanças climáticas e identifica oportunidades para reunir as agendas.
Adicionalmente, a agência de saúde das Nações Unidas, lançou, em fevereiro, também um estudo intitulado “Idadismo em inteligência artificial para a saúde”, que apresenta medidas legais, não legais e técnicas que podem ser usadas para minimizar o risco de exacerbar ou introduzir o idadismo por meio da inteligência artificial (IA).
Crise climática - O terceiro relatório da Década do Envelhecimento Saudável apresenta exemplos do que pode ser feito para promover o envelhecimento saudável e criar resiliência à crise climática. Entre as principais mensagens, o relatório reforça que as mudanças climáticas e o rápido envelhecimento da população estão ocorrendo juntos. Assim, seus efeitos possuem impactos sobre a saúde e o bem-estar dos idosos e devem ser levados em conta por todos os setores.
O texto afirma ainda que as pessoas mais velhas têm sido negligenciadas nos estudos sobre mudanças climáticas. Com o rápido envelhecimento da população, a OMS afirma que a situação deve ser corrigida com urgência.
Ações - De acordo com o conteúdo, os idosos devem ser agentes de mudança em ações para o clima. Embora o grupo seja amplamente diversificado, muitos são desproporcionalmente afetados pelas mudanças climáticas por sua maior vulnerabilidade. Por isso, o relatório também afirma que os idosos devem ser protegidos das ameaças relacionadas ao clima.
Os especialistas responsáveis pelo estudo recomendam que iniciativas sejam incorporadas em ações multissetoriais, construindo ambientes mais verdes, com menos poluição do ar, mais infraestrutura de habitação e serviços de saúde adaptados, assim como sistemas alimentares mais sustentáveis para dietas mais saudáveis e promoção da saúde para o bem-estar.
Segundo o documento, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-27) podem ser oportunidades para considerar o envelhecimento saudável nas comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas. Os fóruns podem aumentar a visibilidade dos idosos e oferecer oportunidades para defender as prioridades da década.
O estudo reforça que os próximos 10 anos são críticos para a agenda de mudança climática e envelhecimento e afirma que é necessário conectar os tópicos. Outra recomendação é trabalhar em colaboração para beneficiar os idosos, as futuras gerações e o planeta.
Inteligência artificial para idosos - Já no relatório “Idadismo em inteligência artificial para a saúde”, a OMS mostra que as tecnologias de inteligência artificial (IA) podem melhorar a saúde e o bem-estar dos idosos, mas somente se o preconceito de idade for eliminado de seu design, implementação e uso.
A inteligência artificial está revolucionando muitos campos, incluindo saúde pública e medicina para idosos. A tecnologia pode ajudar a prever riscos e eventos de saúde, permitir o desenvolvimento de medicamentos, apoiar a personalização do gerenciamento de cuidados e muito mais.
Preconceito - Há preocupações, no entanto. Se não forem controladas, as tecnologias de IA podem perpetuar o preconceito de idade existente na sociedade e minar a qualidade da saúde e dos cuidados sociais que os idosos recebem. Uma vez que os dados usados podem não ser representativos de pessoas mais velhas ou distorcidos por estereótipos antigos, preconceito ou discriminação.
Suposições equivocadas de como os idosos desejam viver ou interagir com a tecnologia em suas vidas diárias também podem limitar o design e o alcance dessas tecnologias. Elas também podem reduzir o contato intergeracional ou aprofundar as barreiras existentes ao acesso digital.
De acordo com a chefe da Unidade de Demografia e Envelhecimento Saudável da OMS , Alana Officer, os preconceitos implícitos e explícitos da sociedade, inclusive em torno da idade, são muitas vezes replicados nesse campo.
“Para garantir que as tecnologias de IA desempenhem um papel benéfico, o preconceito de idade deve ser identificado e eliminado de seu design, desenvolvimento, uso e avaliação. Este novo resumo de política mostra como”, disse ela.
Considerações - No novo documento sobre IA e envelhecimento, a OMS apresenta oito considerações, incluindo o design participativo de tecnologias de IA por e com idosos, equipes de ciência de dados com diversas idades e coleta de dados inclusiva.
A agência também defende investimentos em infraestrutura e alfabetização digital para idosos e profissionais de saúde e cuidadores, direitos dos idosos de consentir e contestar, e estruturas e regulamentos de governança para capacitar e trabalhar com pessoas idosas.
Por fim, a OMS pede no documento mais pesquisas para entender novos usos da IA e como evitar preconceitos, e processos éticos robustos no desenvolvimento e aplicação dessas tecnologias.