Em Recife, mulheres e jovens desenvolvem, com o ONU-Habitat, espaços urbanos seguros e sustentáveis
02 março 2022
Cerca de 60 jovens e 40 mulheres que vivem e frequentam comunidades em situação de vulnerabilidade social no Recife (PE) trabalharam junto ao Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022 na elaboração de orientações para desenvolver espaços urbanos mais seguros e sustentáveis.
Neste período, as metodologias participativas “Desenho de Espaços Públicos” e “Cidade Mulher” – adaptação local da metodologia global “Auditoria de Segurança das Mulheres” – foram aplicadas nos territórios de Pina, Várzea e Ibura.
Combinadas, as ações permitem um acesso amplo ao que jovens e mulheres pensam e sentem sobre espaços públicos, e como eles podem ser melhorados.
O trabalho desenvolvido é uma das contribuições do ONU-Habitat para a “Cooperação Pernambuco: Prevenção, Cidadania e Segurança”, cooperação técnica firmada entre o ONU-Habitat, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Instituto Igarapé e Secretaria de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas de Pernambuco (SPVD), criada em 2018 para fortalecer as políticas de prevenção social ao crime e à violência do estado.
Cerca de 60 jovens e 40 mulheres que vivem e frequentam comunidades em situação de vulnerabilidade social no Recife (PE) trabalharam junto ao Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022 na elaboração de orientações para desenvolver espaços urbanos mais seguros e sustentáveis.
Neste período, as metodologias participativas “Desenho de Espaços Públicos” e “Cidade Mulher” – adaptação local da metodologia global “Auditoria de Segurança das Mulheres” – foram aplicadas nos territórios de Pina, Várzea e Ibura.
Combinadas, as ações permitem um acesso amplo ao que jovens e mulheres pensam e sentem sobre espaços públicos, e como eles podem ser melhorados.
O trabalho desenvolvido é uma das contribuições do ONU-Habitat para a “Cooperação Pernambuco: Prevenção, Cidadania e Segurança”, cooperação técnica firmada entre o ONU-Habitat, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Instituto Igarapé e Secretaria de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas de Pernambuco (SPVD), criada em 2018 para fortalecer as políticas de prevenção social ao crime e à violência do estado.
Pouco antes do início das atividades nos territórios, foi publicada pelo IBGE a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, que revelou que mulheres, jovens e pessoas negras são as principais vítimas de violência no estado.
Deslocar sujeitos da centralidade do problema para a centralidade da solução é um princípio do mandato do ONU-Habitat. Por essa razão, toda a incidência local foi desenhada para trabalhar com mulheres e jovens em comunidades em situação de vulnerabilidade onde pessoas negras são maioria.
Para que um futuro urbano melhor e mais sustentável seja viável, é cada vez mais relevante que todos os aspectos de desenvolvimento das cidades sejam concebidos junto às pessoas que têm menos acesso a eles. Para isso, é necessário conhecer melhor suas experiências, ideias de melhorias e prioridades.
O resultado do trabalho consistirá na elaboração de anteprojetos participativos de melhorias para os espaços públicos e comunitários, para que a vida pública seja mais segura para jovens e mulheres. As propostas se somarão ao conjunto de recomendações às autoridades locais sobre como as políticas de prevenção à violência devem se aproximar, cada vez mais, das noções de desenvolvimento urbano e humano e das considerações e elaborações dos sujeitos e sujeitas em situação de maior vulnerabilidade.
Assim que finalizados, os anteprojetos e as recomendações serão também entregues aos parceiros nos territórios e às pessoas que participaram do processo.
“Um diferencial do trabalho do ONU-Habitat em Pernambuco é poder ir ao território e captar em primeira mão os problemas, desafios, desejos e necessidades para esses locais por meio de metodologias participativas. Além disso, é importante que as pessoas vejam suas contribuições materializadas em documentos oficiais”, ressalta Daphne Besen, coordenadora de Programas e da operação do ONU-Habitat em Pernambuco.
Desenho de espaços públicos - Com a metodologia de Desenho de Espaços Públicos, jovens entre 14 e 29 anos são incentivados, por dois dias seguidos, a observar suas comunidades e desenvolver a dupla capacidade de imaginar e projetar soluções para melhorar um espaço público.
Para imaginar esse potencial espaço público, é apresentado um repertório de soluções criadas em todo o mundo. A partir disso, os jovens adaptam, rejeitam ou adotam essas ideias em seus projetos de espaço público conforme acharem relevante.
Também para auxiliar o processo de imaginação, a metodologia oferece um momento de pesquisa de campo, em que os jovens têm a oportunidade de apresentar os locais por onde circulam e de entrevistar pessoas nos territórios, saber como se sentem no local, suas críticas e sugestões. Assim, podem confrontar e comparar suas ideias com as de seus vizinhos e de comerciantes locais, por exemplo. Quanto maior o repertório e acesso a ideias diferentes, melhor para formarem uma opinião mais fundamentada.
Para projetar soluções, o ONU-Habitat compartilha técnicas descomplicadas de urbanismo e cartografia, que são colocadas em prática com a elaboração de maquetes físicas dos espaços desejados. Posteriormente, são organizados momentos de apresentação dos projetos, mostrando que os jovens são capazes de projetar e defender a mudança que desejam.
O trabalho com jovens torna ainda mais evidente que cada comunidade tem seus desejos e vocações próprias. Uma política pública que pense desenvolvimento urbano precisa levar isso em consideração, uma vez que as dinâmicas entre pessoas e espaços públicos podem e devem influenciar diretamente nos desenhos da cidade.
Para a implementação da metodologia nos territórios trabalhados, o trabalho contou com a fundamental parceria e apoio de organizações e instituições locais: no Pina, com o Projeto Criança Urgente (Procriu); na Várzea, com a Escola Municipal de Artes João Pernambuco, e no Ibura, com a Escola Senador Antônio Farias e a Associação de Moradores de Três Carneiros Alto.
Em Pernambuco, a metodologia é coordenada pela consultora, arquiteta e urbanista, Rafaella Cavalcanti, sob supervisão da Analista de Programas do ONU-Habitat, Julia Rabêlo.
Cidade Mulher - “Mulheres, seus relatos podem contribuir para uma cidade mais segura”. Esse é o chamado ao qual as mulheres que participam da metodologia Cidade Mulher atendem.
A Cidade Mulher é uma adaptação local da metodologia global do ONU-Habitat intitulada “Auditoria de Segurança das Mulheres”. Em um ambiente seguro, moradoras e frequentadoras das comunidades se juntam para conversar e refletir sobre como a violência afeta suas vidas.
Com dificuldade de acessar espaços públicos seguros e se sentirem seguras para circular livremente pelas cidades, muitas vezes, o simples ato de sentar-se com outras mulheres e conversar não é tão trivial para muitas, como pode parecer. Um primeiro impacto da sensação de insegurança urbana sob a vida das mulheres é, portanto, um maior isolamento à vida doméstica. Esse isolamento, muitas vezes, faz com que elas percebam com maior facilidade o medo da violência em sua dimensão individual.
A troca sincera de relatos e experiências sobre os impactos e medo da violência em suas rotinas nos territórios onde vivem ou frequentam permite que elas se reconheçam umas nas outras, identificando padrões, compartilhando estratégias de resiliência que já utilizam, se acolhendo e percebendo que não estão sós.
Apesar de breve, com duração aproximada de nove horas, a metodologia é muito eficiente em despertar a noção de que o problema da violência é mais que uma questão individual para as mulheres, mas coletiva e que, por isso, precisa ser endereçado social e politicamente.
Reconhecer, acolher, territorializar, engajar e sistematizar são as principais intenções da Cidade Mulher, orientada para o diálogo entre diferentes mulheres que, de certa forma, estão conectadas pelos territórios onde moram e pelos locais por onde circulam.
Para a implementação da metodologia nos territórios trabalhados, o ONU-Habitat também contou com a parceria e apoio de organizações e instituições locais. No Pina, com a Livroteca Brincante do Pina e a Coletiva Cabras; na Várzea, com GRIS - Espaço Solidário, e no Ibura, com a Escola Senador Antônio Farias e a Associação de Moradores de Três Carneiros Alto.
Em Pernambuco, a metodologia é coordenada pela consultora, arquiteta e urbanista, Manoela Jordão, sob supervisão da Analista de Programas do ONU-Habitat, Bruna Gimba. Um resumo sobre experiências realizadas no Recife está disponível no Instagram do ONU-Habitat Brasil.
Próximos passos - Encerrada a experiência no Recife, ambas as metodologias serão implementadas em territórios de mais sete cidades de Pernambuco até maio de 2022.
Na Região Metropolitana do Recife serão contemplados os municípios de Olinda, Paulista, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes; na Mata Norte, em Vitória de Santo Antão; no Agreste, em Caruaru e no Sertão, em Petrolina.
Agenda das próximas atividades:
- 08 e 09 de março 2022 - Desenho de Espaços Públicos em Vitória de Santo Antão
- 19 de março de 2022 - Cidade Mulher em Petrolina
- 22 e 23 de março - Desenho de Espaços Públicos em Petrolina
Contatos para a imprensa:
- Bia Paes: ana.paes@un.org e (81) 9.9708-6386