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Dois anos depois, pandemia está longe de acabar

10 março 2022

Na próxima sexta-feira (11) fará dois anos desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizou a disseminação global da COVID-19 como uma pandemia.

Para marcar a data, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Gebreyesus, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, fizeram pronunciamentos onde condenaram a distribuição desigual de vacinas, a redução no número de testes e afirmaram que, apesar do total de novos ter casos diminuído 5% na última semana, a pandemia está longe de acabar.

Desde 11 de março de 2020, quase 500 milhões de pessoas foram infectadas e 6 milhões morreram.

A líder técnica da resposta à pandemia de COVID-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, também anunciou que a agência está ciente da existência de uma 'cepa recombinante' na Europa, que une as variantes Delta AY.4 e Omicron BA.1.

Foto: © Vladimir Fedotov/Unsplash

Dois anos após a Organização Mundial da Saúde (OMS) caracterizar a disseminação global do COVID-19 como uma pandemia, quase 500 milhões de pessoas foram infectadas, seis milhões morreram e as novas variantes ainda são uma ameaça. 

Em 11 de março de 2020 a agência de saúde da ONU alterava a classificação da disseminação, seis semanas depois do vírus ter sido inicialmente declarado uma emergência de saúde global. Naquele momento havia menos de 100 casos identificados e nenhuma morte fora da China. 

Para marcar os dois anos em que o mundo vive em estado de pandemia, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Gebreyesus, fez um pronunciamento na última quarta-feira (9) lembrando que o vírus da COVID-19 ainda não foi vencido. “Embora os casos e mortes relatados estejam diminuindo globalmente e vários países tenham afrouxado as restrições, a pandemia está longe de terminar – e não terminará em nenhum lugar até que termine em todos os lugares”.

Falando a jornalistas em Genebra, o diretor da OMS lembrou ao mundo que muitos países da Ásia e do Pacífico ainda estão vivendo surtos de casos e mortes. “O vírus continua a evoluir e continuamos a enfrentar grandes obstáculos na distribuição de vacinas, testes e tratamentos em todos os lugares em que são necessários”, disse ele.

Na semana passada, a região do Pacífico Ocidental notificou mais 46% de novos casos, ou um total de 3,9 milhões de infectados. Em nível global, o total de novos casos diminuiu 5%, enquanto o número de mortes caiu 8% comparado à semana anterior.

Desigualdade - O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se pronunciou sobre a importante data, divulgando uma declaração na qual define como "um grave erro" pensar que o vírus está em nosso espelho retrovisor. Em sua fala, Guterres também reiterou que a distribuição de vacinas continua, em suas palavras, escandalosamente desigual. “Os fabricantes estão produzindo 1,5 bilhão de doses por mês, mas quase três bilhões de pessoas ainda aguardam a primeira dose”, destacou.

O chefe da ONU chamou de “fracasso” as decisões políticas e orçamentárias que priorizam a saúde das pessoas em países ricos e negligencia a saúde das pessoas em países pobres. “Esta é uma acusação moral do nosso mundo. É também uma receita para mais variantes, mais bloqueios e mais tristeza e sacrifício em todos os países. Nosso mundo não pode permitir uma recuperação em dois níveis da COVID-19 ”, disse ele.

Guterres acrescentou que, apesar das inúmeras outras crises globais, o mundo deve atingir a meta de vacinar 70% das pessoas em todos os países até meados deste ano. “Ciência e solidariedade provaram ser uma combinação imbatível. Devemos nos dedicar novamente a acabar com esta pandemia por todas as pessoas em todos os países, e fechar este triste capítulo da história da humanidade, de uma vez por todas”, enfatizou.

Recombinação - Aproveitando a sua fala em Genebra, Tedros Adhanom Gebreyesus também criticou a 'redução drástica' de testes em vários países e como isto estaria deixando o planeta cego aos efeitos da doença. “Isso inibe nossa capacidade de ver onde está o vírus, como está se espalhando e como está evoluindo”, alertou.

Na mesma ocasião, a líder técnica da resposta à pandemia de COVID-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, anunciou que a agência está ciente da existência de uma 'cepa recombinante' na Europa.

“É uma combinação de Delta AY.4 e Ômicron BA.1 Foi detectado na França, Holanda e Dinamarca, mas há níveis muito baixos dessa detecção”, disse ela, enfatizando também a importância de se testar e sequenciar em todo o mundo .

Dados preliminares - A líder técnica também explicou que este processo de recombinação era esperado devido à alta circulação das variantes Ômicron e Delta. “Com o surgimento da Ômicron , em alguns países, a onda do Delta já havia passado, então a circulação estava em um nível baixo, mas em outros países, na Europa por exemplo, o Delta ainda circulava em alto nível quando o Ômicron surgiu”, ela detalha.

A especialista destacou que, até agora, os cientistas não viram nenhuma mudança na gravidade da COVID-19 com essa cepa, mas que os estudos ainda estão em andamento.

“Infelizmente, esperamos ver recombinantes porque é isso que os vírus fazem, eles mudam com o tempo. Estamos vendo níveis intensos de circulação; vemos que esse vírus está afetando os animais e a possibilidade de voltar a afetar os humanos”, alertou.

A líder técnica pediu aos países que reforcem seus sistemas de vigilância e sequenciamento em vez de “desmontá-los para passar para o próximo desafio”. Ela também reiterou seu apelo para o uso de uma abordagem em camadas para ferramentas de saúde pública. “A pandemia está longe de terminar, não só precisamos nos concentrar em salvar a vida das pessoas, mas também em reduzir a propagação. Não podemos permitir que esse vírus se espalhe em um nível tão intenso”, alertou.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OMS
Organização Mundial da Saúde

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