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PNUD projeta que 90% da população ucraniana será empurrada para pobreza

16 março 2022

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) publicou um relatório, nesta quarta-feira (16), sobre o impacto da guerra no desenvolvimento da Ucrânia.  

A projeção do documento é que se os ataques permanecerem nesta intensidade, 90% da população será empurrada para a pobreza e extrema vulnerabilidade.

O PNUD calcula que será necessário um financiamento de mais de 430 milhões de dólares por mês, para ajudar com 5,50 dólares por dia cada cidadão que perdeu sua renda por conta do conflito. 

O relatório também mostra que a economia do país está sendo severamente afetada. Uma em cada duas empresas ucranianas fechou completamente. Os danos à infraestrutura do país já ultrapassaram 100 bilhões de dólares.

Pães de uma padaria contratada pelo WFP são entregues a hospitais em Kharkiv, Ucrânia.
Legenda: Pães de uma padaria contratada pelo WFP são entregues a hospitais em Kharkiv, Ucrânia.
Foto: © WFP

Um relatório publicado nesta quarta-feira (16) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), aponta que a guerra na Ucrânia deve empurrar 90% da população do país para uma espiral de pobreza e extrema vulnerabilidade. Caso a intensidade dos ataques continue, o documento projeta ainda que 30% da população precisará de ajuda humanitária para sobreviver e sete milhões serão deslocados internamente.

Menos de três semanas de invasão russa já foram suficientes, ainda de acordo com o PNUD, para ameaçar quase duas décadas de progresso econômico. Uma em cada duas empresas ucranianas fechou completamente, enquanto a outra metade foi forçada a operar bem abaixo da capacidade. As estimativas do governo da Ucrânia sugerem que os danos já causados à infraestrutura do país, incluindo edifícios, estradas, pontes, hospitais, escolas e outros ativos físicos ultrapassam os 100 bilhões de dólares.

Além dos terríveis contratempos de desenvolvimento, a agência da ONU alerta que o meio ambiente também deverá sofrer e as desigualdades sociais provavelmente aumentarão, caso o país não receba mais apoio e o conflito se prolongue. 

Diante deste cenário, o administrador do PNUD, Achim Steiner, pediu paz para proteger os ganhos de desenvolvimento social que foram duramente conquistados nos últimos anos. Ele também lamentou a perda trágica de vidas e o sofrimento inimaginável causado pelos deslocamentos forçados. “Deverá ficar cada vez mais nítido o declínio econômico alarmante, o sofrimento e as dificuldades que a guerra trará a uma população já traumatizada. Ainda há tempo de interromper essa trajetória sombria”, comentou. 

Estratégia - Uma das maiores agências da ONU operando em campo na Ucrânia neste momento, o PNUD tem trabalhado em 332 municípios, em parceria com 15 organizações da sociedade civil e mais de 17 associações empresariais em todo o país.

Entre os seus principais objetivos em campo está a sustentação das funções centrais do governo para garantir que os serviços públicos possam ser mantidos. O PNUD observou que sua equipe permanece operacional na Ucrânia e que destacamentos foram direcionados para áreas-chave, como manejo de detritos, avaliação de danos e atendimento emergencial para sobrevivência, incluindo assistência em dinheiro.

Renda - As estimativas iniciais da agência é que serão necessários 250 milhões de dólares por mês em financiamento para atender parcialmente 2,6 milhões de pessoas que perderão suas rendas e devem cair na pobreza. Fornecer aos mais vulneráveis ​​uma renda básica de 5,50 dólares por dia custaria 430 milhões de dólares por mês, calcula o PNUD.

Os países vizinhos da Ucrânia – que juntos receberam mais de três milhões de refugiados nas últimas três semanas – também precisam de ajuda. Para isso, o PNUD já está trabalhando com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em medidas de resiliência, desenvolvimento, geração de renda e emprego para aqueles que foram deslocados pela violência e hoje estão em comunidades anfitriãs.

Vítimas - Os números mais recentes divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) confirmam que ao menos 1.834 civis já foram vítimas do conflito, sendo que 691 deles morreram e 1.143 foram feridos. Sete meninas e 11 meninos estão entre os mortos, além de 135 homens e 99 mulheres. Do total de mortos, 30 crianças e 409 adultos não tiveram o seu sexo identificado.

A agência da ONU alerta, no entanto, que esta estatística deve ser muito maior e que a precisão está sendo prejudicada pela incapacidade de confirmar os reais números de vítimas em áreas de combate intenso. 

Nas regiões de Donetsk e Luhansk houve 751 vítimas (173 mortos e 578 feridos).

Em outras regiões da Ucrânia – como nas cidades de Kyiv e Cherkasy, Chernihiv, Kharkiv, Kherson, Mykolaiv, Odesa, Sumy, Zaporizhzhia, Dnipropetrovsk e regiões de Zhytomyr –, que até o dia 14 de março estavam sob controle do governo, contabilizaram 1.083 vítimas (518 mortos e 565 feridos).

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUDH
Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos
PNUD
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa