Novo relatório do IPCC: mensagem do secretário-geral da ONU
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) lançou hoje (4/4) o relatório do Grupo de Trabalho III de seu sexto ciclo de avaliação.
O júri chegou a um veredicto. E é condenatório. Este relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas é uma longa enumeração de promessas climáticas não cumpridas.
É um arquivo da vergonha, catalogando as promessas vazias que nos colocam firmemente no caminho para um mundo inabitável.
Estamos em um caminho rápido para o desastre climático:
Principais cidades debaixo d'água.
Ondas de calor sem precedentes.
Tempestades aterrorizantes.
Falta de água generalizada.
A extinção de um milhão de espécies de plantas e animais.
Isso não é ficção ou exagero. É o que a ciência nos diz que resultará de nossas atuais políticas energéticas.
Estamos a caminho de um aquecimento global de mais do dobro do limite de 1,5 grau acordado em Paris. Alguns líderes governamentais e empresariais estão dizendo uma coisa – mas fazendo outra.
Simplificando, eles estão mentindo. E os resultados serão catastróficos. Esta é uma emergência climática.
Cientistas do clima alertam que já estamos perigosamente perto de pontos de inflexão que podem levar a impactos climáticos em cascata e irreversíveis.
Mas governos e corporações de alta emissão não estão apenas fechando os olhos; eles estão adicionando combustível às chamas. Eles estão sufocando nosso planeta, com base em seus interesses e investimentos históricos em combustíveis fósseis, quando soluções mais baratas e renováveis proporcionam empregos verdes, segurança energética e maior estabilidade de preços.
Saímos da COP26 em Glasgow com um otimismo ingênuo, baseado em novas promessas e compromissos. Mas o principal problema – a enorme e crescente lacuna de emissões – foi praticamente ignorado.
A ciência é clara. Para manter o limite de 1,5 grau acordado em Paris ao alcance, precisamos cortar as emissões globais em 45% nesta década.
Mas as atuais promessas climáticas significariam um aumento de 14% nas emissões.
E a maioria dos grandes emissores não está tomando as medidas necessárias para cumprir até mesmo essas promessas inadequadas. Os ativistas climáticos às vezes são descritos como radicais perigosos. Mas os radicais verdadeiramente perigosos são os países que estão a aumentar a produção de combustíveis fósseis.
Investir em novas infraestruturas de combustíveis fósseis é uma loucura moral e económica. Esses investimentos em breve serão ativos ociosos – uma mancha na paisagem e uma praga nas carteiras de investimento.
Mas não precisa ser assim.
O relatório de hoje está focado na mitigação – redução de emissões. Ele estabelece opções viáveis e financeiramente sólidas em todos os setores que podem manter viva a possibilidade de limitar o aquecimento a 1,5 grau.
Em primeiro lugar, devemos triplicar a velocidade da mudança para as energias renováveis. Isso significa transferir investimentos e subsídios de combustíveis fósseis para renováveis, agora.
Na maioria dos casos, as energias renováveis já são muito mais baratas. Isso significa que os governos acabam com o financiamento do carvão, não apenas no exterior, mas em casa.
Significa coalizões climáticas, compostas por países desenvolvidos, bancos multilaterais de desenvolvimento, instituições financeiras privadas e corporações, apoiando as principais economias emergentes nessa mudança.
Significa proteger florestas e ecossistemas como poderosas soluções climáticas. Significa progresso rápido na redução das emissões de metano. E isso significa implementar as promessas feitas em Paris e Glasgow.
Os líderes devem liderar. Mas todos nós podemos fazer a nossa parte.
Temos uma dívida com os jovens, a sociedade civil e as comunidades indígenas por soar o alarme e responsabilizar os líderes.
Precisamos aproveitar o trabalho deles para criar um movimento de base que não pode ser ignorado.
Se você mora em uma cidade grande, uma área rural ou um pequeno estado insular;
Se você investe no mercado de ações;
Se você se preocupa com a justiça e o futuro de nossos filhos;
Estou apelando diretamente para você:
Exija que a energia renovável seja introduzida agora – em velocidade e em escala.
Exija o fim da energia a carvão.
Exija o fim de todos os subsídios aos combustíveis fósseis.
O relatório de hoje chega em um momento de turbulência global.
As desigualdades estão em níveis sem precedentes. A recuperação da pandemia de Covid-19 é escandalosamente desigual. A inflação está a aumentar e a guerra na Ucrânia está a fazer que os preços dos alimentos e da energia dispararem.
Mas o aumento da produção de combustíveis fósseis só piorará as coisas. As escolhas feitas pelos países agora farão ou quebrarão o compromisso de 1,5 grau.
Uma mudança para as energias renováveis consertará nossa matriz mundial de energia quebrada e oferecerá esperança a milhões de pessoas que sofrem impactos climáticos hoje.
As promessas e planos climáticos devem ser transformados em realidade e ação, agora.
É hora de parar de queimar nosso planeta e começar a investir na abundante energia renovável ao nosso redor.