COVID-19: Acesso à vacina continua crítico em áreas de conflito
12 abril 2022
Embora vacinas eficazes contra a COVID-19 estejam disponíveis, a pandemia ainda está longe de terminar e os países afetados por conflitos correm risco de serem deixados para trás, ouviu o Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (11).
Embaixadores se reuniram para revisar a implementação de duas resoluções: uma sobre o apelo do secretário-geral da ONU por um cessar-fogo global durante a crise e outra sobre cooperação para facilitar o acesso a vacinas.
Embora vacinas eficazes contra a COVID-19 estejam disponíveis, a pandemia ainda está longe de terminar e os países afetados por conflitos correm risco de serem deixados para trás, ouviu o Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (11).
Embaixadores se reuniram para revisar a implementação de duas resoluções: uma sobre o apelo do secretário-geral da ONU por um cessar-fogo global durante a crise e outra sobre cooperação para facilitar o acesso a vacinas.
O coordenador global de preparação e distribuição de vacinas de COVID-19 da República Democrática do Congo, Ted Chaiban, destacou a necessidade de ação urgente este ano. “A janela de oportunidade está se fechando gradualmente. Corremos o risco de perder o impulso e falhar na equidade das vacinas”, disse.
“Devemos, portanto, aproveitar todas as oportunidades para agregar ou integrar a vacinação contra a COVID-19 com outras intervenções de saúde e humanitárias e alavancar esses investimentos para fortalecer os sistemas de saúde a longo prazo”.
Respeite o direito humanitário - Embora a ampla vacinação seja fundamental para acabar com a pandemia, ela não está acontecendo em áreas de conflito, disse a especialista em saúde global e humanitária do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Dra. Esperanza Martinez.
“A boa notícia é que, à medida que cresce a oferta de doses de vacina, cresce também o potencial de a vacina chegar nos braços”, disse.
O CICV pediu que o Direito Internacional Humanitário seja respeitado durante o conflito. Instalações médicas e equipes, bem como trabalhadores humanitários, devem ser protegidos de ataques.
A vacinação contra a COVID-19 também deve ser integrada a uma estratégia de saúde mais ampla que inclua maior investimento nos sistemas de saúde.
Engajamento das comunidades locais - Para a médica do CICV, este é um momento oportuno para ver como a vacinação contra a COVID-19 pode ser rotineira e integrada a outros serviços de saúde que são priorizados durante o conflito.
Por fim, as comunidades locais também devem estar envolvidas nas atividades de vacinação, o que também aumenta a segurança dos trabalhadores da linha de frente, disse ela.
A médica do CICV alertou como a falta de engajamento pode minar a confiança pública nas vacinas, como aconteceu na África Ocidental com o Ebola e agora em muitos países durante a pandemia.
“Mesmo que as comunidades possam ser alcançadas, as pessoas não aceitarão ser vacinadas se não confiarem naqueles que administram a vacina e não veem outras prioridades urgentes sendo abordadas”, disse ela.
Combate à hesitação vacinal – “A desinformação sobre as vacinas, incluindo que causam infertilidade em homens e mulheres, contribuiu para a hesitação vacinal no Sudão do Sul”, disse o coordenador de saúde e nutrição da agência internacional CARE no país, Dr. Emmanuel Ojwang.
Ainda assim, diante de enormes desafios – incluindo insegurança alimentar, surtos de violência intercomunitária, inundações e um sistema de saúde frágil –, o governo e os parceiros conseguiram implementar a vacinação contra a COVID-19.
Investimentos estratégicos em educação comunitária e mobilização de líderes religiosos foram fundamentais para conter mitos e desinformação, disse ele.
Priorizar as mulheres – O fornecimento de vacinas em comunidades remotas e carentes exigirá uma ampliação dos profissionais de saúde, treinamento e infraestrutura.
Além disso, como as mulheres acabam tendo menos acesso a informações e serviços de saúde, elas devem estar no “centro” da implementação vacinal para que seja equitativa e eficaz.
O coordenador de saúde e nutrição da agência internacional CARE, no Sudão do Sul, instou o Conselho a garantir o acesso humanitário seguro e desimpedido a todas as pessoas necessitadas, e que os modelos e orçamentos de custeio das vacinas contra a COVID-19 reflitam os “custos do mundo real” para serem implementadas em comunidades remotas.
“Garantir que ONGs, organizações lideradas por mulheres e profissionais de saúde da linha de frente tenham papéis significativos nas campanhas de vacinação contra a COVID-19 - não apenas na prestação de serviços em locais mais remotos, mas também nas tomadas de decisão”, recomendou.
Acesso seguro 'ilusório' - Como o Reino Unido detém a presidência rotativa do Conselho de Segurança, este mês, a reunião foi presidida por Lord Tariq Ahmad de Wimbledon, o Ministro do Reino Unido cuja pasta inclui a ONU.
Ele disse que a Resolução 2565, sobre cooperação global no acesso a vacinas, deve continuar sendo uma prioridade.
“O que está claro é que o acesso humanitário total, seguro e desimpedido, e a proteção dos profissionais de saúde de acordo com o Direito Internacional Humanitário continuam sendo de vital importância, mas lamentavelmente difícil”, observou ele.
O Ministro do Reino Unido disse que o Conselho de Segurança pode ajudar a garantir que a vacinação contra a COVID-19 seja priorizada pelos governos em países em conflito, além de apoiar os esforços para aumentar a cooperação internacional.
Investimento e obrigação - Este ano também representa talvez a melhor oportunidade até agora para melhorar a vacinação nos países da agenda do Conselho, de acordo com a Ministra de Tecnologia Avançada dos Emirados Árabes Unidos, Sarah bint Yousif Al Amiri.
“A distribuição justa e equitativa de vacinas é um investimento estratégico e uma obrigação moral. E é viável”, disse ela.
Portanto, é importante que o Conselho continue a enfatizar o que ela chamou de “benefícios de segurança” da vacinação.
Ecoando as falas anteriores, a Ministra dos Emirados Árabes Unidos também destacou como a melhoria do acesso humanitário contribui para os esforços de vacinação, tornando as condições mais seguras - tanto para os profissionais de saúde, quanto para as pessoas que eles atendem.
“O apoio do Conselho a essas ferramentas – de cessar-fogo a dias de tranquilidade a sistemas de notificação humanitária – em contextos específicos, pode fazer a diferença na rápida entrega e distribuição de vacinas”, disse ela.