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Restauração de terras degradadas é foco de conferência de alto nível da ONU

10 maio 2022

A 15ª sessão da Conferência das Partes (COP15) da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), teve início nesta segunda-feira (9), na capital da Costa do Marfim.

Os líderes mundiais estão reunidos sob o tema “Terra, Vida. Legado: Da escassez à prosperidade”, tendo como pano de fundo o alerta da UNCCD de que até 40% de todas as terras livres de gelo já se degradaram, ameaçando consequências terríveis para o clima, para a biodiversidade e para os meios de subsistência.

Com foco na restauração de um bilhão de hectares de terras degradadas entre agora e 2030, a Conferência visa contribuir para proteger a terra contra os impactos climáticos e combater os riscos crescentes de desastres - como secas, tempestades de areia e poeira e incêndios florestais.  

A Cúpula contra a Desertificação é um chamado à ação para garantir que a terra – a salvação deste planeta – também beneficie as gerações presentes e futuras.

Segundo relatório divulgado recentemente, a abordagem atual de gestão da terra está colocando em risco metade da produção econômica mundial.
Legenda: Segundo relatório divulgado recentemente, a abordagem atual de gestão da terra está colocando em risco metade da produção econômica mundial.
Foto: © Tock Soulasen Phomm/PNUD Laos

A 15ª sessão da Conferência das Partes (COP15) da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), teve início nesta segunda-feira (9), na capital "econômica" da Costa do Marfim.

Os líderes mundiais estão reunidos em Abidjan sob o tema “Terra, Vida. Legado: Da escassez à prosperidade”, tendo como pano de fundo o alerta da UNCCD de que até 40% de todas as terras livres de gelo já se degradaram, ameaçando consequências terríveis para o clima, para a biodiversidade e para os meios de subsistência.

“Estamos diante de uma escolha crucial”, disse a vice-secretária-geral da ONU Amina Mohammed aos participantes.

“Podemos colher os benefícios da restauração da terra agora ou continuar no caminho desastroso que nos levou à tríplice crise planetária de clima, biodiversidade e poluição”.

Todos os anos, 12 milhões de hectares de terra são perdidos, de acordo com dados recentes.

“O relatório ‘Perspectiva global do uso da terra’ recém-divulgado pela Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação mostra que a abordagem atual de gestão da terra está colocando em risco metade da produção econômica mundial – US$ 44 trilhões de dólares”, disse a a vice-secretária-geral.

“Devemos garantir que os recursos estejam disponíveis para os países que precisam deles e que estes recursos sejam investidos em áreas que terão um impacto decisivo para um futuro mais inclusivo e sustentável para todos”, continuou ela, lembrando que a restauração da terra conecta todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Com foco na restauração de um bilhão de hectares de terras degradadas entre agora e 2030, a Conferência visa contribuir para proteger a terra contra os impactos climáticos e combater os riscos crescentes de desastres - como secas, tempestades de areia e poeira e incêndios florestais.  

Virada de jogo - A vice-secretária-geral disse que, apesar de as mulheres gastarem 200 milhões de horas por dia coletando água e mais cuidando da terra, elas ainda não têm acesso aos direitos à terra e ao financiamento.

“Eliminar essas barreiras e capacitar mulheres e meninas como proprietárias de terras e parceiras é um divisor de águas para a restauração de terras, para a Agenda 2030 e para a Agenda 2063 da União Africana”, disse ela, destacando seu papel central na construção de uma economia de restauração de terras.



Ação concreta – Durante sua fala na Cúpula, o presidente da Assembleia Geral, Abdulla Shahid, enfatizou a importância de abordar as graves questões que afetam o bem-estar das pessoas e seus meios de subsistência e do meio ambiente. “Através dele, pretendemos nos aproximar do combate à desertificação e da restauração de terras e solos degradados, incluindo terras afetadas pela desertificação, secas e inundações”, disse.

Reverter as tendências atuais “é vital para uma ação efetiva em prol do clima e da biodiversidade”, especialmente para comunidades vulneráveis, acrescentou o presidente.

Deterioração da mãe natureza não é uma opção - Segundo a ONU, a degradação da terra prejudica o bem-estar de cerca de 3,2 bilhões de pessoas.

O uso insustentável da terra, a agricultura e as práticas de gestão do solo são os principais impulsionadores da desertificação, degradação da terra e seca.

“Somos responsáveis ​​pela maior parte disso, considerando que as atividades humanas influenciam diretamente 70% das terras do mundo”, alertou o presidente da Assembleia Geral.

“Não podemos permitir a alternativa de deixar nosso relacionamento com a mãe natureza se deteriorar a ponto de não ter retorno”, afirmou o presidente, e reiterou a importância de refletir “sobre a verdade de que um relacionamento saudável com a natureza é fundamental para evitar nossa exposição a novas doenças e potenciais pandemias futuras”.

Convocando todas as partes a se comprometerem novamente com a neutralidade da degradação da terra até 2030, ele disse que é necessário enfrentar as mudanças climáticas, conservar e proteger a biodiversidade e manter serviços ecossistêmicos vitais para “nossa prosperidade e bem-estar compartilhados, no contexto de um mundo responsável pelo clima”.

Solos e terras agrícolas da África - Seca, restauração de terras e questões relacionadas - como direitos à terra, igualdade de gênero e empoderamento dos jovens - estão entre os principais itens da agenda da Conferência, que é um momento crucial sobre como o continente africano avançará diante das mudanças climáticas.

As reuniões acontecem no momento em que muitas nações africanas enfrentam problemas sem precedentes de conservação do solo e da terra. Acredita-se que a seca na Etiópia – a pior do país em 40 anos – esteja piorando a já deteriorada situação humanitária de cerca de 3,5 milhões de pessoas, mais da metade da população local.

De acordo com um relatório divulgado no ano passado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), até 65% dos solos produtivos e terras agrícolas da África estão degradados, enquanto a desertificação afeta 45% das terras do continente em geral.

Espera-se que nove chefes de Estado africanos participem da reunião para discutir o desenvolvimento da resiliência à seca e o uso da terra, bem como caminhos para a restauração da terra.

Chamada para ação - A Cúpula contra a Desertificação é um chamado à ação para garantir que a terra – a salvação deste planeta – também beneficie as gerações presentes e futuras.

Nos próximos dez dias, 196 estados mais a União Européia estarão se esforçando por ações concretas contra a rápida degradação da terra, investigando as relações entre a terra e abordando outras questões-chave de sustentabilidade.

 

 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

FAO
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
ONU
Organização das Nações Unidas
UNCCD
United Nations Convention to Combat Desertification

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa