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Previsão de crescimento da economia global cai para 3,1%

18 maio 2022

O Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA) publicou nesta quarta-feira (18) a atualização semestral do relatório “Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais de 2022” (WESP, na sigla em inglês).

O documento reduz de 4% para 3,1% a expectativa de crescimento global para este ano e projeta uma taxa de inflação de 6,7%. 

O resultado desta nova análise foi impactado fortemente pela guerra na Ucrânia, que abalou a frágil recuperação econômica que já estava sofrendo com os efeitos da pandemia de COVID-19.

 

A guerra na Ucrânia é a principal responsável pela redução das expectativas de crescimento econômico projetadas no início de 2022.
Legenda: A guerra na Ucrânia é a principal responsável pela redução das expectativas de crescimento econômico projetadas no início de 2022.
Foto: © Brendan Hoffman/FMI

A economia global deverá crescer 3,1% em 2022, quase um ponto percentual abaixo dos 4% previstos no começo deste ano. A estimativa é da atualização semestral do relatório “Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais de 2022” (WESP, na sigla em inglês), publicada nesta quarta-feira (18) pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA).

A atualização mostra também que os aumentos acentuados nos preços de alimentos e energia fizeram com que a inflação global projetada para este ano seja de 6,7%, mais do que o dobro da média de 2,9% registrada na década 2010-2020.

O aumento na inflação é resultado da guerra na Ucrânia, que abalou a frágil recuperação econômica da pandemia, desencadeando uma crise humanitária devastadora na Europa e exacerbando globalmente o preço de alimentos e commodities. 

Os rebaixamentos nas perspectivas de crescimento valem para a maioria dos países em desenvolvimento, mas também incluem as maiores economias do mundo — Estados Unidos, China e União Europeia. O enfraquecimento na perspectiva de crescimento, causado pelos altos custos de alimentos e energia, no entanto, é maior nas nações importadoras de commodities e em países que sofrem com a insegurança alimentar, especialmente na África.

“A guerra na Ucrânia – em todas as suas dimensões – coloca em movimento uma crise que está devastando os mercados globais de energia, perturbando os sistemas financeiros e exacerbando vulnerabilidades extremas no mundo em desenvolvimento”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Precisamos de uma ação rápida e decisiva para garantir um fluxo constante de alimentos e energia, revendo restrições à exportação, alocando excedentes e reservas para aqueles que precisam e controlando o aumento do preço dos alimentos para acalmar a volatilidade do mercado”.

António Guterres

União Europeia -  O relatório WESP examina também como os efeitos colaterais da guerra na Ucrânia estão afetando cada região. A invasão da Rússia, que começou em 24 de fevereiro, além de provocar a trágica perda de vidas e uma crise humanitária com seis milhões de refugiados, também afetou pesadamente as economias de ambos os países e dos vizinhos na Ásia Central e da Europa, incluindo a União Europeia (UE). O crescimento econômico da UE deverá ser de apenas 2,7%, em vez dos 3,9% projetados em janeiro pelo DESA. 

O aumento dos preços de energia tem representado um choque para o bloco, que importou cerca de 57,5% do total do consumo deste bem em 2020. Cerca de um quarto do consumo energético europeu em 2020 veio do gás natural e petróleo importados da Rússia, e uma repentina interrupção no abastecimento provavelmente levará a um aumento nos preços energéticos e pressões inflacionários.

O relatório aponta ainda que os estados membros da UE, da Europa Oriental e da região do Báltico serão severamente afetados por esta mudança, pois já estão enfrentando taxas de inflação bem acima da média dos países vizinhos. 

Países em desenvolvimento - Nos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, a alta inflação está reduzindo a renda real das famílias, especialmente em nações onde a pobreza é mais prevalente e o crescimento salarial permanece restrito, enquanto o apoio fiscal não é suficiente para conter o impacto da alta de preços de petróleo e alimentos. O aumento destes preços nestes países é um desafio para a recuperação inclusiva pós-pandemia, pois as famílias de baixa renda são afetadas desproporcionalmente. 

Além disso, o “aperto monetário” nos Estados Unidos deve aumentar os custos de empréstimos internacionais e piorar as condições de financiamento nos países em desenvolvimento, especialmente aqueles que já enfrentam risco de superendividamento ou inadimplência.

“Os países em desenvolvimento precisarão se preparar para o impacto do aperto monetário agressivo do FED [Reserva Federal dos Estados Unidos] e implementar medidas macro-prudenciais apropriadas para conter saídas repentinas e estimular investimentos produtivos”, disse o chefe da agência de monitoramento econômico global da DESA, Hamid Rashid, principal autor do relatório.   

Crise climática - A guerra também acontece num momento em que as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) atingem um recorde, portanto, um aumento nos preços de energia também afetará os esforços globais para lidar com as mudanças climáticas. O relatório prevê que a probabilidade da produção de combustíveis fósseis aumentar no curto prazo está subindo, na medida em que os países buscam expandir o fornecimento de energia, impulsionados pelos altos preços de petróleo e gás.

Ao mesmo tempo, a alta nos preços do níquel e de outros metais pode afetar negativamente a produção de veículos elétricos. O uso de biocombustíveis também poderá ser prejudicado pelo preço de commodities.  

“No entanto, os países também podem abordar suas preocupações de segurança energética e alimentar – trazidas à tona devido à crise – acelerando a adoção de energias renováveis ​​e aumentando a eficiência, fortalecendo assim a luta contra as mudanças climáticas”, disse o diretor de Política Econômica e Análise do DESA, Shantanu Mukherjee.

Acesse o relatório completo (em inglês) aqui.



Contatos para a imprensa: 

Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais (DESA)

Helen Rosengren

rosengrenh@un.org

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UN DESA
Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas

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