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ARTIGO: Mulheres, Cidades e Negócios

19 maio 2022

Em um artigo publicado no jornal Valor Econômico nesta quarta-feira (18), a chefe de Práticas Urbanas do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Shipra Narang Suri, defendeu soluções para acelerar a paridade de gênero na política e na participação econômica.

Ela acredita que cidades e gestores municipais podem realizar três ações principais nesta área: promover o acesso à educação, abordar a informalidade e garantir a segurança da posse da terra e da propriedade. 

No início de maio, em Nova York, o ONU-Habitat lançou a iniciativa Cidades ODS, que visa acelerar a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em mil cidades e melhorar a vida de um bilhão de pessoas até 2030. O lançamento contou com a brasileira Marina Feffer, fundadora da Generation Pledge.

 

Shipra Narang Suri, chefe de Práticas Urbanas do Programa da ONU para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).
Legenda: Shipra Narang Suri, chefe de Práticas Urbanas do Programa da ONU para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).
Foto: © ONU-Habitat

Por Shipra Narang Suri*

Cidades e negócios geridos por mulheres são cidades e negócios para todos. As mulheres podem levar em consideração as necessidades de todos e criar ambientes e lugares inclusivos. No entanto, elas são representadas de forma desigual na vida pública. 

Em 2015, o mundo adotou a Agenda de Desenvolvimento Sustentável e 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) - um apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade até 2030. O Objetivo 5 visa alcançar a igualdade de gênero em todas as áreas da vida. A participação igualitária das mulheres nos negócios e na vida pública, inclusive na liderança, é essencial para alcançar isso. 

No entanto, estamos longe de alcançar nossos objetivos. Apenas 24 países têm mulheres chefes de estado ou de governo e 5% das cidades têm prefeitas. Nos negócios, apenas 8% das empresas da Fortune 500 são lideradas por mulheres e, na força de trabalho, elas ganham cerca de 37% menos do que os homens em funções semelhantes. O Fórum Econômico Mundial afirma que levará 145 anos para alcançar a paridade de gênero na política e 267 anos para fechar a lacuna de participação econômica. No entanto, 2030 está a apenas oito anos de distância.

As empresas devem desempenhar um papel fundamental e crucial no fechamento dessa lacuna de igualdade. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) defende cinco passos importantes para as empresas, que são: obtenção de salário igual para trabalho de igual valor; prevenção e eliminação de violência e assédio; criar um equilíbrio harmonioso entre vida profissional e pessoal para mulheres e homens; representação igualitária de mulheres em cargos de negócios e gestão; e investimento em um futuro de trabalho que funcione para as mulheres.

O ONU-Habitat, a agência das Nações Unidas comprometida com a ação local, acredita que direitos iguais para mulheres e meninas podem ser acelerados por cidades e negócios trabalhando juntos. As cidades podem realizar três ações principais. Primeiro, promover o acesso à educação. Segundo, abordar a informalidade. E terceiro, garantir a segurança da posse da terra e da propriedade. 

Cidades ODS - Há muitas maneiras pelas quais as cidades podem criar melhores ambientes de negócios, inclusive para as mulheres, e muitas maneiras pelas quais as empresas podem criar maiores oportunidades para as mulheres. Mas isso não é novidade. Muitas dessas ações poderiam ter sido tomadas décadas atrás, mas não foram. Por quê? Faltou vontade política e investimento em impacto. Nossa iniciativa Cidades ODS visa acelerar a realização dos ODS em mil cidades e melhorar a vida de um bilhão de pessoas até 2030. Mas não em qualquer cidade. Precisamos de cidades com líderes dispostos a promover mudanças. Mais especificamente, nos inspiramos na determinação de mulheres prefeitas, como aquelas que aderiram ao lançamento do Mulheres Líderes pelos ODS em todas as cidades, de Bogotá a Banjul, que já passou pela desigualdade e está colocando suas vidas políticas em risco em busca da justiça social. O lançamento oficial da iniciativa foi em Nova York no início do mês.

Também somos inspirados por mulheres líderes empresariais e empreendedoras sociais cujo senso de valor é muito mais profundo do que simplesmente retorno comercial; o lançamento também contou com a brasileira Marina Feffer, fundadora da Generation Pledge e Rachel Gerrol, com sede nos EUA, do Nexus Global Summit. Quando líderes empresariais altamente motivados apoiam prefeitas altamente comprometidas, podemos realmente esperar pela sociedade igualitária, justa e íntegra de que precisamos urgentemente. 

*Dra. Shipra Narang Surié é chefe de Práticas Urbanas do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). A área lidera diversos trabalhos como planejamento e saúde; regeneração urbana; terra, habitação e abrigo; entre outros. De Nairóbi, Quênia.

ONU-HABITAT

Alexia Saraiva

ONU-HABITAT

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

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Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa