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Jovens do Rio criam ações para lidar com a violência

14 junho 2022

O Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), em parceria técnica com o Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), realizam o projeto ‘Chama na Solução Rio’, que reúne jovens moradores de favelas e periferias do Rio de Janeiro na construção de propostas para prevenir e enfrentar as violências cotidianas.

Nascida e criada na comunidade do Acari, Nathalia da Silva Araújo, 19 anos, é uma das participantes do projeto e desenvolveu o PodSolução – um podcast para refletir e ampliar o debate e o combate à violência doméstica na Pavuna. 

Já o morador do Complexo do Chapadão, Carlos Eduardo Albernaz Florêncio, 19 anos, criou um movimento de rodas de conversa nas escolas da sua comunidade para dialogar sobre as diferentes violências e os seus impactos na vida e na saúde mental das pessoas.

Divulgar informação sobre as violências e os serviços de ajuda e denúncia é motivo de orgulho para a jovem Nathalia da Silva Araújo, do Chama na Solução Rio.
Legenda: Divulgar informação sobre as violências e os serviços de ajuda e denúncia é motivo de orgulho para a jovem Nathalia da Silva Araújo, do Chama na Solução Rio.
Foto: © Fábio Caffé/UNICEF

O Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), em parceria técnica com o Centro de Promoção da Saúde (Cedaps), realizam o projeto ‘Chama na Solução Rio’, que reúne jovens moradores de favelas e periferias do Rio de Janeiro na construção de propostas para prevenir e enfrentar as violências cotidianas que afetam sua vida.



Nascida e criada na comunidade do Acari, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Nathalia da Silva Araújo mora com seu filho, mãe, irmã e padrasto. Conhecida como Pompom, a jovem de 19 anos é uma das participantes do Chama na Solução Rio 2022.

"Vi no projeto uma oportunidade para realizar minha vontade de ajudar a comunidade", afirmou a jovem. Durante o processo formativo do projeto, Pompom integrou o grupo “Entrando com a Solução”, que decidiu desenvolver o PodSolução – um podcast para refletir e ampliar o debate e o combate à violência doméstica na Pavuna, que já possui um episódio-piloto.

Durante o processo criativo das soluções, o grupo identificou alguns desafios no enfrentamento das violências cotidianas, com destaque para a falta de espaços de acolhimento na sua comunidade para pessoas que sofrem violências. "O maior desafio foi conseguir mapear locais de amparo para pessoas violentadas, já que existem poucos lugares para passarmos ao público da nossa comunidade como referência de apoio".

Pompom sabe muito bem que é necessário apoio para superar um desafio relacionado à violência. Ela mesma sofreu violências na infância de um familiar. "Ainda tenho vestígios de traumas e desenvolvi síndrome do pânico. Sei como é difícil, mas superamos lentamente", contou a jovem.

O PodSolução vai informar locais de apoio, e lutar contra a desinformação. Pompom está animada com a possibilidade de o projeto dar voz ao bairro da Pavuna e encorajar as pessoas que sofrem violência a denunciar.

"Além de ajudar essas pessoas, vamos inspirar outras áreas do Rio a mapear suas redes de apoio e transmitir informação. Há um público de pessoas que sofrem caladas e às vezes nem sabem realmente o que estão passando e como podem se livrar. Nossa esperança é sermos só o início de algo muito grande, para algo muito maior", concluiu Pompom.

Carlos Eduardo realiza rodas de conversa nas escolas da sua comunidade

Carlos Eduardo participou do Chama na Solução 2022.
Legenda: Carlos Eduardo participou do Chama na Solução 2022.
Foto: © Fábio Caffé/UNICEF

O jovem Carlos Eduardo Albernaz Florêncio, de 19 anos, mora no Complexo do Chapadão, em Ricardo de Albuquerque, no Rio de Janeiro. Vive com seus pais e sua irmã mais velha, que o animou a participar do projeto Chama na Solução Rio de Janeiro 2022.

"Minha irmã me influenciou bastante nessa participação. Por causa dela, fui procurar saber melhor do que se tratava o projeto. Achei muito interessante estar trazendo tudo isso para as comunidades do Rio, então resolvi participar", afirmou o jovem.

Carlos participou do grupo “Ajudando & Apoiando”. Focando o cuidado e acolhimento do outro, o grupo desenvolveu seu projeto: um movimento de rodas de conversa nas escolas da sua comunidade para dialogar sobre as diferentes violências e os seus impactos na vida e na saúde mental das pessoas.

Ele contou que o processo criativo para o desenvolvimento da solução foi muito produtivo. "Um dos maiores desafios foi definir a qual violência daríamos mais prioridade, pois é de extrema importância o combate de todas as violências".

Ele próprio, que na sua vida pessoal sempre teve uma boa estrutura familiar, sempre buscou estratégias para lidar com as violências fora de casa e foi nos esportes que encontrou apoio para não abalar seu psicológico. "Claro que nem sempre você consegue manter um equilíbrio, ainda mais quando é uma criança ou adolescente. Mas o que sempre me ajudou a desabafar foram os esportes, que pratico desde muito novo, como jiu-jitsu e o muay thai. Essa oportunidade me ajudou a superar muitas coisas, pois era um meio de botar o que eu sentia para fora".

As expectativas do jovem para a implementação do projeto são altas. Ele deseja que as violências na sua comunidade diminuam e que outros lugares da cidade que sofrem com múltiplas violências possam ter acesso ao Ajudando & Apoiando. "Acredito que esse projeto possa ajudar muito os jovens, de forma a esclarecer melhor o que são e como acontecem essas violências, para que saibam identificar quando estiverem sofrendo ou praticando [violências]".

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa