Após terremoto, ONU organiza resposta humanitária no Afeganistão
22 junho 2022
Um terremoto de magnitude 5,9 atingiu a região central do Afeganistão na madrugada desta quarta-feira (22), causando até o momento mil mortes e destruindo mais de duas mil casas na província de Paktika.
As agências humanitárias da ONU, que já estavam mobilizadas para enfrentar a crise de fome que assola metade da população do país, agora estão se reorganizando para oferecer uma resposta emergencial a essa nova tragédia.
O coordenador humanitário da ONU no Afeganistão, Ramiz Alakbarov, estimou preliminarmente que 15 milhões de dólares serão necessários para oferecer socorro inicial às vítimas.
As agências humanitárias da ONU e seus parceiros estão correndo para apoiar o Afeganistão após um terremoto devastador que atingiu duas províncias no leste do país na madrugada desta quarta-feira (22). Até o momento, as informações veiculadas confirmam a morte de pelo menos mil pessoas. Cerca de duas mil casas também foram destruídas e dezenas de pessoas deslocadas.
Através de um comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres disse estar triste ao saber da trágica perda de vidas, lembrando que os afegãos já estão sofrendo com o impacto de anos de conflito, dificuldades econômicas e fome.
“As Nações Unidas no Afeganistão estão totalmente mobilizadas. Nossas equipes já estão no terreno avaliando as necessidades e fornecendo apoio inicial”, disse Guterres. “Contamos com a comunidade internacional para ajudar a apoiar as centenas de famílias atingidas por este último desastre. Agora é a hora de solidariedade”.
O terremoto de magnitude 5,9 atingiu a região central do Afeganistão por volta de 1h30, horário local, segundo informou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Quatro distritos da província de Paktika - Gayan, Barmala, Naka e Ziruk - bem como o distrito de Spera, na província de Khost, foram afetados.
O boletim publicado pelo OCHA sobre o assunto apontou que o terremoto foi registrado a uma profundidade de dez quilômetros e teria sido sentido em províncias vizinhas, incluindo Cabul, sede da capital do país, bem como em Islamabad, Paquistão e Índia.
Prioridades - As necessidades imediatas incluem cuidados emergenciais de ferimentos e traumas, construção de abrigos de emergência, fornecimento de água, comida e itens não alimentares, além de apoio para saneamento.
Em uma videoconferência para jornalistas em Nova York, o coordenador humanitário da ONU no Afeganistão, Ramiz Alakbarov explicou que o Ministério da Defesa do Afeganistão está liderando os esforços de resposta, enviando cinco helicópteros para a província de Paktika para facilitar as evacuações médicas e 45 ambulâncias. Uma equipe médica também foi enviada ao distrito de Gayan.
Já o OCHA está coordenando a resposta emergencial em nome das agências da ONU e parceiros humanitários. “Todo mundo está respondendo de maneira muito concisa”, disse o coordenador ao informar que equipes de socorro já estão chegando aos locais afetados. “Claro que, como ONU, não temos equipamentos específicos para tirar as pessoas dos escombros. Isso depende principalmente dos esforços das autoridades locais, que também têm certas limitações a esse respeito”, comentou o especialista.
Preliminarmente, o coordenador estimou que 15 milhões de dólares serão necessários para responder às necessidades imediatas no país.
Socorro - A ONU já estava montando uma das maiores operações humanitárias do mundo no Afeganistão, onde quase 20 milhões de pessoas, cerca de metade da população, passam fome. Portanto, já havia pessoal suficiente no terreno para responder imediatamente a esta nova emergência.
Até agora, cerca de dez toneladas de suprimentos médicos e medicamentos essenciais foram enviados para as áreas afetadas. Esta ajuda inclui 30 kits de primeiros-socorros e 50 kits de suprimentos cirúrgicos.
Equipes de cirurgiões, médicos e vários especialistas médicos também foram enviadas até o local, bem como alimentos e barracas entregues para pessoas afetadas.
Cuidado - “Estamos preocupados não apenas com itens não alimentares e levar as pessoas para abrigos e fornecer suprimentos médicos, mas também com a prevenção de doenças transmitidas pela água”, explicou o coordenador do OCHA acrescentando “e esse pode ser um cenário muito, muito indesejável”.
Em um post no Twitter, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que suas equipes já estão envolvidas no apoio aos profissionais de saúde locais para salvar vidas e cuidar das pessoas afetadas pelo desastre.
Operações de resgate e apoio humanitário estão sendo realizadas em uma área montanhosa perto da fronteira com o Paquistão e em meio a condições climáticas desfavoráveis, após neve, chuva e queda de temperatura.
Crianças- O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) também informou que enviou várias equipes móveis de saúde e nutrição para prestar primeiros socorros aos feridos.
O representante do UNICEF no Afeganistão, Mohamed Ayoya, disse que os funcionários também estão distribuindo suprimentos de primeira necessidade incluindo equipamentos de cozinha, produtos de higiene como sabonete, detergente, toalhas e absorventes, além de agasalhos, sapatos, cobertores, barracas e lonas.
“As autoridades de facto solicitaram o apoio do UNICEF e de outras equipes de agências da ONU que estão unindo esforços para avaliar a situação e responder às necessidades das comunidades afetadas”, disse o representante do UNICEF. “Nos solidarizamos com as crianças e famílias afetadas durante este período difícil”.
Enquanto isso, o Programa Mundial de Alimentos (WFP) está levantando dados para direcionar sua frota de 239 caminhões para entregar alimentos aos necessitados.
Atualmente, o WFP fornece alimentos para cerca de 800 locais de distribuição em todas as 34 províncias do Afeganistão, uma das maiores operações conduzidas pela agência da ONU.