Nova aliança global pretende acabar com a AIDS em crianças até 2030
04 agosto 2022
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras parcerias se juntaram em uma aliança global para garantir que nenhuma criança vivendo com o HIV seja privada de tratamento até o final desta década e para prevenir novas infecções infantis pelo HIV.
A aliança se estenderá pelos próximos oito anos até 2030, com o objetivo de corrigir uma das mais gritantes disparidades na resposta à AIDS: a diferença entre o número de crianças e adultos que conseguem acessar o tratamento.
Novo relatório do UNAIDS aponta que cerca de 52% das crianças que vivem com HIV estão recebendo tratamento antirretroviral, enquanto 76% dos adultos têm acesso aos antirretrovirais.
Globalmente, apenas 52% das crianças das crianças que vivem com HIV estão recebendo tratamento antirretroviral, o que as deixa bem atrás da população adulta, cujo acesso aos antirretrovirais está em 76%, de acordo com os dados recém-divulgados no Relatório Global do UNAIDS para AIDS 2022, disponível em inglês.
Preocupados com a paralisação do progresso da resposta ao HIV para crianças e com o aumento da distância entre os dados de crianças e adultos, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras parcerias se juntaram em uma aliança global para garantir que nenhuma criança vivendo com o HIV seja privada de tratamento até o final desta década e para prevenir novas infecções infantis pelo HIV.
A nova Aliança Global para Acabar com a AIDS em Crianças até 2030, disponível em inglês, foi anunciada na Conferência Internacional sobre AIDS que se realizou em Montreal, Canadá.
Além das agências, fundos e programas das Nações Unidas, a Aliança inclui movimentos da sociedade civil, como a Rede Global de Pessoas Vivendo com HIV, governos nacionais dos países mais afetados e parcerias internacionais, incluindo o PEPFAR e o Fundo Global. Na primeira fase, Angola, Camarões, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Quênia, Moçambique, Nigéria, África do Sul, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue aderiram à agenda.
As consultas realizadas pela Aliança identificaram quatro pilares para a ação coletiva:fechar lacunas do tratamento para adolescentes grávidas, lactantes e mulheres vivendo com HIV otimizando a continuidade do tratamento;Prevenir e detectar novas infecções pelo HIV entre meninas e mulheres adolescentes grávidas e em período de amamentação;Testes acessíveis, tratamento otimizado e cuidados abrangentes para bebês, crianças e adolescentes expostos ao HIV e vivendo com ele; Abordagem dos direitos, igualdade de gênero e das barreiras sociais e estruturais que impedem o acesso aos serviços.
Conferência - Na Conferência Internacional sobre AIDS, Limpho Nteko, de Lesoto, compartilhou como ela descobriu que vivia com HIV aos 21 anos de idade, quando estava grávida de sua primeira criança. Isto a levou até o programa mothers2mothers (mães para mães, em tradução literal para o português), que é liderado por mulheres. Ela percebeu que capacitar a liderança comunitária é a chave para uma resposta eficaz.
“Devemos todos correr juntos para acabar com a AIDS em crianças até 2030”, disse a Limpho Nteko. “Para ter sucesso, precisamos de uma nova geração de pessoas jovens que sejam saudáveis e informadas e que se sintam livres para falar sobre o HIV e para obter os serviços e o apoio de que precisam para se protegerem e proteger suas crianças do HIV. [O projeto] mother2mothers alcançou a eliminação virtual da transmissão vertical do HIV para nossas mulheres beneficiadas inscritas por oito anos consecutivos, mostrando o que é possível quando permitimos que mulheres e comunidades criem soluções sob medida para suas realidades.”
A aliança se estenderá pelos próximos oito anos até 2030, com o objetivo de corrigir uma das mais gritantes disparidades na resposta à AIDS. Existe uma avaliação entre quem faz parte da aliança de que o desafio é superável por meio de parcerias.
Representantes- “A grande lacuna na cobertura do tratamento entre crianças e adultos é um ultraje”, disse a diretora executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima. “Por meio desta aliança, canalizaremos este ultraje para a ação. Ao reunir novos medicamentos melhorados, novo compromisso político e o ativismo determinado das comunidades, podemos ser a geração que acaba com a AIDS em crianças. Podemos vencer este desafio, mas só podemos vencer juntos.”
Para a diretora executiva da UNICEF, Catherine Russel, “apesar do progresso para reduzir a transmissão vertical, aumentar os testes e tratamentos e expandir o acesso à informação, as crianças em todo o mundo ainda são muito menos propensas do que os adultos a ter acesso à prevenção, cuidados e serviços de tratamento do HIV.”
“Nenhuma criança deve nascer com, ou crescer com, HIV. E nenhuma criança com HIV deve ficar sem tratamento”, disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom. “O fato de apenas metade das crianças com HIV receberem antirretrovirais é um escândalo e uma mancha em nossa consciência coletiva. A Aliança Global para Eliminar a AIDS em Crianças é uma oportunidade para renovar nosso compromisso com as crianças e suas famílias de se unirem, falarem e agirem com propósito e em solidariedade com todas as mães, crianças e adolescentes”.
O ministro da Saúde da Nigéria, Dr. Osagie Ehanire, se comprometeu a “mudar a vida das crianças deixadas para trás”, implantando os sistemas necessários para garantir que os serviços de saúde atendam às necessidades das crianças que vivem com HIV. Ele anunciou que a Nigéria será o país anfitrião do lançamento político da aliança na África, em uma reunião ministerial em outubro de 2022.