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Cidades buscam soluções ecológicas para enfrentar ondas de calor

10 agosto 2022

Vários países estão sendo afetados neste ano por fortes ondas de calor, fenômeno que vem se tornando mais longo e mais frequente como resultado de um novo cenário climático.

Devido a essa nova realidade, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) montou a Cool Coalition, um esforço global para o resfriamento eficiente e ecológico de cidades, as regiões mais afetadas pelas ondas de calor.

Há anos o PNUMA defende soluções sustentáveis para resfriamento dessas áreas urbanas, trabalhando com cidades na Índia, Vietnã e Camboja para desenvolver estratégias de resfriamento ecologicamente corretas.

 

O PNUMA tem defendido há muito tempo soluções sustentáveis para resfriamento de áreas urbanas, trabalhando com cidades na Índia, Vietnã e Camboja para desenvolver estratégias de resfriamento ecologicamente corretas.
Legenda: O PNUMA tem defendido há muito tempo soluções sustentáveis para resfriamento de áreas urbanas, trabalhando com cidades na Índia, Vietnã e Camboja para desenvolver estratégias de resfriamento ecologicamente corretas.
Foto: © Serviços de Emergência e Incêndio de Queensland.

Os recordes de altas temperaturas continuam a disparar em todo o planeta à medida que ondas de calor atingem vários países simultaneamente. Dos Estados Unidos à Europa e da China ao Japão, houve um aumento das temperaturas máximas que durou semanas, matando centenas de pessoas, provocando incêndios na Espanha, Portugal, França, Itália e Grécia e deslocando milhares de habitantes.

Cerca de 90 cidades emitiram alertas de calor, incluindo várias regiões japonesas que quebraram recordes de calor que datam de 1875, de acordo com a Agência Meteorológica Japonesa. Enquanto isso, nos EUA, mais de 100 milhões de pessoas estão sob alertas de calor devido aos incêndios na Califórnia, levando o presidente Joe Biden a cogitar declarar uma emergência climática.

O epicentro da atual onda de calor global é a Europa, onde milhões de pessoas continuam a sofrer, levando países como França, Itália e Reino Unido ao caos devido a deslocamentos e atrasos nos trens.

As altas temperaturas têm sido particularmente rigorosas nas áreas urbanas. As cidades estão entre 5°C e 9°C mais quentes do que as áreas rurais, pois os edifícios de concreto e as calçadas absorvem e irradiam a luz solar. A concentração de pessoas, carros e máquinas também contribui para elevar as temperaturas.

“Estamos preocupados com as cidades porque é onde está a maioria da população”, disse a diretora global de calor da ONU-Habitat, Eleni Myrivili, recentemente nomeada para liderar a resposta ao calor e as medidas de resistência em cidades ao redor do mundo.

Myrivili também trabalha com o Arsht-Rock na Plataforma de Ação contra o Calor (Heat Action Platform). Trata-se de uma ferramenta para os funcionários municipais reduzirem os impactos humanos e econômicos do calor extremo, o programa foi desenvolvido em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

“Temos muitas pessoas que são vulneráveis sócio-economicamente e que são pobres em termos de energia elétrica, com pouca proteção contra esses eventos extremos. Temos que reconhecer o calor como uma crise”, defendeu Myrivili.

Aquecimento global - Como visto no início deste ano na Índia e no Paquistão, as ondas de calor que afetam tantos países estão se tornando mais quentes, mais longas e mais frequentes, como resultado de um novo cenário climático.

Especialistas em clima há muito tempo alertam sobre o aumento da temperatura e dos riscos para a saúde e a infraestrutura humana. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2022 pintou um quadro sombrio para os próximos anos: ondas de calor maiores, estações quentes mais longas e estações frias mais curtas.

De acordo com a Cool Coalition, um esforço global para um resfriamento eficiente e ecológico montado pelo PNUMA, temperaturas extremas matam cinco milhões de pessoas por ano, com mortes relacionadas ao calor aumentando.

“Com um aumento de 1,5°C na temperatura, 2,3 bilhões de pessoas poderiam estar expostas e vulneráveis a ondas de calor, com impactos negativos à saúde e à produtividade”, afirmou o chefe do setor de Energia e Clima do PNUMA, Mark Radka. “Sem medidas de mitigação, em 2030, estima-se que 80 milhões de empregos em tempo integral poderão ser perdidos no mundo inteiro devido ao estresse térmico, resultando em perdas econômicas de US$2,3 trilhões.”

Estratégias de enfrentamento - Myrivili vê os desafios que as cidades estão enfrentando como duas prioridades urgentes que precisam ser enfrentadas simultaneamente. Segundo ela, a curto prazo o objetivo é salvar vidas, auxiliando as comunidades vulneráveis a permanecerem frias durante as ondas de calor. Seguindo em frente, o objetivo a longo prazo é construir resistência à mudança climática, resfriando as cidades de forma sustentável e trazendo a natureza de volta às áreas urbanas.

“As árvores são protagonistas quando se trata de resfriamento”, disse Myrivili. “Criar florestas e corredores ecológicos dentro das cidades é uma maneira eficaz de transferir massas de ar para resfriar grandes áreas dentro de uma cidade.”

Dados do PNUMA constatam que o simples plantio de árvores nas ruas da cidade daria a 77 milhões de pessoas um abatimento de 1°C em dias quentes.

“O redesenho de paisagens urbanas com mais vegetação e água e a implementação de estratégias de resfriamento passivo para melhorar o desempenho térmico e reduzir o consumo de energia nos edifícios são fundamentais para tornar as cidades mais resistentes às ondas de calor”, declarou o chefe da Unidade de Cidades do PNUMA, Jonathan Duwyn.

O PNUMA tem defendido há muito tempo soluções sustentáveis para resfriamento de áreas urbanas, trabalhando com cidades na Índia, Vietnã e Camboja para desenvolver estratégias de resfriamento ecologicamente corretas e apoiar sistemas de resfriamento em nível distrital em países como o Egito.

Papel das cidades - O setor da construção civil é considerado fundamental para atingir as metas de mitigação e adaptação climática estabelecidas no Acordo de Paris até 2050.

Manter as cidades em temperaturas habitáveis enquanto se lida com a crise climática é um dos maiores problemas enfrentados por governos. Do pavimento refrigerado em Tóquio ao eco-teto verde em Toronto, cidades ao redor do mundo estão experimentando novas e sustentáveis maneiras de se manterem frescas.

Enquanto isso, na capital da Grécia, Atenas - atingida por múltiplas secas e temperaturas sempre crescentes - as autoridades da cidade estão renovando um aqueduto histórico que data da época romana para irrigar os corredores ecológicos da cidade.

Entretanto, tais projetos exigem uma ampla movimentação política por parte dos oficiais eleitos, além de consideráveis investimentos públicos e privados.

Myrivili diz que seu trabalho como primeira diretora global de Calor da ONU Habitat será orientado pela pergunta: “Como utilizar nossos recursos naturais de forma mais inteligente e sustentável para melhorar a resiliência térmica nas cidades?”.

São questões difíceis cujas respostas exigirão uma visão ampla de todo o sistema de resfriamento urbano sustentável, além de reimaginar nossa própria noção de como é uma cidade, disse Myrivili.

Solução de Seis Setores - O PNUMA está na vanguarda apoiando os objetivos do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C, e visando 1,5°C, em comparação com os níveis pré-industriais. 

Para isso, o PNUMA desenvolveu uma Solução de Seis Setores, um roteiro para reduzir as emissões em todos os setores e em busca da estabilidade climática de acordo com os compromissos do Acordo de Paris. 

Os seis setores identificados são: energia; indústria; agricultura e alimentos; florestas e uso da terra; transporte; edifícios e cidades.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ONU-HABITAT
Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos
PNUMA
Programa das nações Unidas para o Meio Ambiente

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa