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UNAIDS participa da 24ª Conferência Internacional de AIDS no Canadá

11 agosto 2022

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) esteve presente na 24ª edição da Conferência Internacional de AIDS, realizada entre 29 de julho e 2 de agosto em Montreal, no Canadá.

O evento abordou os desafios que as múltiplas desigualdades representam para o combate ao HIV, com enfoque na necessidade de enfrentamento do racismo estrutural e descolonização na resposta global ao vírus.

O UNAIDS Brasil também participou da conferência apresentando o curso online “Zero Discriminação e HIV/AIDS” e o curta-metragem “Uma Carta Insone”, que faz uma reflexão sobre estigma e discriminação.

 

Winnie Byanyima na abertura da Conferência Internacional de AIDS.
Legenda: Diretora executiva do UNAIDS e subsecretária-geral das Nações Unidas, Winnie Byanyima, na abertura da Conferência Internacional de AIDS.
Foto: © Steve Forrest/Workers Photos/IAS

Entre 29 de julho e 2 de agosto foi realizada em Montreal, no Canadá, a 24ª edição da Conferência Internacional de AIDS, que reuniu de forma presencial e virtual centenas de ativistas, pesquisadores, representantes acadêmicos, científicos, de ONGs, governos e organizações multilaterais para debater os avanços e desafios na resposta global ao HIV.

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) esteve presente liderando ou participando de sessões-chave, incluindo o lançamento do Relatório Global “Em Perigo”, que alerta para o impacto do enfraquecimento da resposta ao HIV, especialmente para as populações-chave e pessoas em situação de maior vulnerabilidade.

Veja a seguir alguns pontos de destaque da Conferência:

Foco nas desigualdades - Ficou muito evidente ao longo do evento a necessidade de se pôr foco em acabar com as múltiplas desigualdades que dificultam ou impedem as pessoas em situação de maior vulnerabilidade de acessar e se beneficiar das estratégias de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV.

A resposta às desigualdades passa também por garantir que os avanços biomédicos na prevenção e tratamento do HIV cheguem de forma rápida e igualitária a todas as pessoas que deles possam se beneficiar, particularmente aquelas que vivem em condições de vulnerabilidade.

“Neste sentido, o lançamento do relatório do UNAIDS foi muito oportuno ao trazer luz sobre a urgência de se impedir o enfraquecimento da resposta ao HIV que vimos acontecer ao longo dos últimos anos. Acabar com a AIDS como ameaça à saúde pública é possível e está em nossas mãos, porém temos de agir agora”, ressalta a  diretora e representante do UNAIDS no Brasil, Claudia Velasquez.

Racismo e descolonização - Houve um chamado intenso de diversas lideranças e ativistas para a necessidade de se dar uma resposta efetiva ao racismo estrutural e de se buscar uma descolonização da resposta ao HIV, a fim que os países de baixa e média renda tenham papel de liderança na resposta ao vírus e que as inovações não se concentrem inicialmente nos países mais ricos antes de chegarem aos que mais precisam.

As dificuldades que representantes de organizações de países de baixa e média renda tiveram para obter vistos para participar da conferência foi apontada em diversas ocasiões como um claro sinal desta desigualdade e discriminação e foram alvo de protestos na abertura do evento.

“Ativistas e representações de países de baixa e média renda expressaram seu desejo de ter voz e participação mais equitativa na forma como as inovações são implementadas em seus países. O que se quer é mais colaboração e parcerias efetivas e que as organizações e comunidades locais sejam quem lideram a resposta em seus próprios contextos”, diz Velasquez.

Acesso às inovações - Em várias sessões ficou demonstrado que os medicamentos antirretrovirais são uma ferramenta poderosa para prevenir e tratar a infecção pelo HIV, o que fortalece o argumento do tratamento como estratégia também de prevenção.

Neste contexto, ficou muito fortalecida a abordagem do indetectável igual a intransmissível, o “I=I”, ou seja, o conceito de que uma pessoa vivendo com HIV em tratamento antirretroviral alcança uma carga viral indetectável e que, a partir disso, o vírus torna-se intransmissível. Foi discutida a importância de mais campanhas para consolidar esta mensagem junto à sociedade.

Um momento importante da conferência foi o anúncio do acordo com a farmacêutica ViiV de liberar licenças para fabricação genérica de profilaxia pré-exposição (PrEP) injetável, que traz mais opções para que as pessoas possam se prevenir do HIV, para 90 países.

“Isso pode ser um divisor de águas, mas é preciso que a ViiV forneça agora os medicamentos a preço acessível para países de baixa e média renda, uma vez que levará ainda alguns anos até que a produção dos medicamentos genéricos esteja em escala para chegar a todas as pessoas. É preciso também que estas licenças para a produção de genéricos vão além dos 90 países previstos no anúncio original”, alertou a diretora executiva do UNAIDS e subsecretária-geral das Nações Unidas, Winnie Byanyima.

Encontro regional da Rede Latino-americana de adolescentes e jovens vivendo com HIV na 24ª Conferência Internacional de AIDS.
Legenda: Encontro regional da Rede Latino-americana de adolescentes e jovens vivendo com HIV na 24ª Conferência Internacional de AIDS.
Foto: © Divulgação.

Sociedade civil - A sociedade civil teve uma participação ativa em sessões da Conferência e na Global Village, um espaço aberto para encontros, conversas informais e atividades culturais. O UNAIDS apoiou a participação de representantes e organizações da sociedade civil disponibilizando salas para que pudessem organizar reuniões como, por exemplo, o encontro regional da rede latino-americana de adolescentes e jovens vivendo com HIV.

“Seria importante ter tido mais seções principais da conferência lideradas pela sociedade civil”, comenta Velasquez. “A Global Village, por sua vez, providenciou um espaço fantástico para workshops e conversas informais, e também permitiu um grande networking entre representantes da sociedade civil de diversos países e regiões, especialmente entre América Latina e África, que tiveram a oportunidade de se reunir fisicamente e trocar ideias e experiências.”

Zero discriminação - O UNAIDS Brasil se fez presente também na conferência com a apresentação do curso online “Zero Discriminação e HIV/AIDS”, desenvolvido em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). O curso, lançado em setembro de 2021, conta com mais de 1,5 mil participantes, principalmente profissionais que atuam na resposta ao HIV.

Os resultados e impactos foram apresentados pelo professor da Saúde Coletiva da UFRGS e do GT Saúde LGBTI+ da Abrasco, Daniel Canavese. Ele também liderou a apresentação na Global Village, espaço de atividades culturais da Conferência de AIDS, do curta-metragem “Uma Carta Insone”, desenvolvido especialmente para o curso e que faz uma reflexão sobre estigma e discriminação.

“As apresentações do curso online ‘Desigualdade e HIV’ e do curta ‘Uma Carta Insone’ foram duas oportunidades de levar para um espaço de interação que reúne múltiplas vozes de todo o mundo estas ações genuinamente brasileiras de enfrentamento às barreiras sociais que afetam diretamente as populações-chave e prioritárias mais vulneráveis”, ressalta Daniel Cavanese. “Também foi muito importante compartilhar a experiência de parcerias intersetoriais estimuladas pelo UNAIDS Brasil para dar uma resposta conjunta no enfrentamento da epidemia de HIV”, finaliza.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNAIDS
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa