Recursos para operações humanitárias da ONU atingem déficit histórico
15 agosto 2022
O Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou, na última sexta-feira (12), que os recursos para financiamento das operações da organização atingiram o menor patamar de todos os tempos.
Segundo a agência, o custo de projetos de assistência coordenados pela ONU neste ano deve chegar a 50 bilhões de dólares, mas apenas 15 bilhões de dólares estão disponíveis em fundos até o momento.
A notícia vem em um momento em que as necessidades globais estão em alta, com um recorde de 303 milhões de pessoas em crise em todo o mundo.
O Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou, na última sexta-feira (12), que o déficit no financiamento para operações da organização atingiu o maior patamar de todos os tempos. A diferença entre os recursos necessários e os disponíveis é de cerca de 34 bilhões de dólares.
Segundo a agência, o custo de projetos de assistência coordenados pela ONU neste ano é estimado em 50 bilhões de dólares. Mas, apesar das promessas de financiamento também terem atingido seu nível mais alto na história – totalizando mais de 15 bilhões de dólares – as necessidades crescem a cada dia.
“Esta é a maior lacuna que já tivemos. No entanto, é também a maior quantia de financiamento de doadores que já foi prometida”, destacou o porta-voz do OCHA, Jens Laerke. “Então, o problema é o seguinte: as necessidades no mundo estão aumentando muito, muito mais rápido do que o financiamento dos doadores”.
A notícia vem em um momento em que as necessidades globais estão em alta, com um recorde de 303 milhões de pessoas em crise em todo o mundo. O objetivo da ONU é alcançar pelo menos 204 milhões dentre os mais vulneráveis, mas a situação é difícil.
“Nunca antes os humanitários foram chamados para responder a esse nível de necessidade e estão fazendo isso em ambientes cada vez mais perigosos”, afirmou Laerke.
No ano passado, mais de 140 trabalhadores humanitários foram mortos em serviço. O número mais alto desde 2013. Ainda em 2021, 203 humanitários ficaram feridos e 117 foram sequestrados enquanto trabalhavam.
Segundo Laerke, Sudão do Sul, Afeganistão e Síria continuam sendo os países mais violentos. Somente neste ano, 168 trabalhadores humanitários foram atacados e 44 morreram. “A maioria das mais de 140 mortes em 2021 foram mortas por armas pequenas e tiros, sendo a segunda maior causa de morte ataques aéreos e bombardeios, a maioria na Síria”, disse o porta-voz.
Homenagens - Enquanto isso, para marcar o Dia Mundial dos Trabalhadores Humanitários, comemorado anualmente em 19 de agosto, o coordenador de assistência de emergência da ONU e subsecretário-geral para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, emitiu uma declaração em homenagem a “todos os trabalhadores humanitários que muitas vezes trabalham em condições perigosas para ajudar os outros necessitados”, além de prestar homenagem a todos que perderam as vidas no exercício do ofício.
Neste contexto, o OCHA está lançando a campanha “It takes a village” (“É preciso uma aldeia”, em tradução livre). A iniciativa mostra como os trabalhadores humanitários se unem para aliviar necessidades extremas.
“Assim como o ditado 'é preciso uma aldeia para criar uma criança', é preciso uma 'aldeia' de humanitários trabalhando com comunidades afetadas para levar ajuda e esperança às pessoas atingidas por crises”, explicou Griffiths. “O Dia Mundial dos Trabalhadores Humanitários deste ano se baseia nessa metáfora do esforço coletivo e pede às pessoas em todos os lugares que mostrem apreço pelo trabalho humanitário, quem o realiza.”
O público é convidado a seguir a hashtag #ItTakesAVillage nas redes sociais, compartilhar, curtir e comentar postagens sobre o tema, mostrando solidariedade com as pessoas que precisam de ajuda e apreço por quem trabalha para entregá-la.
Sergio - O “Dia Mundial dos Trabalhadores Humanitários” foi criado pela Assembleia Geral em 2008 para marcar o aniversário do atentado terrorista à sede da ONU em Bagdá, no Iraque.
O prédio da Missão das Nações Unidas no país foi alvo de um caminhão-bomba em 19 de agosto de 2003.
No ataque, morreram 22 funcionários da organização incluindo o chefe da Missão da ONU no país, o brasileiro Sergio Vieira de Mello.