Guterres: “trabalhadores humanitários salvam vidas longe dos holofotes”

As Nações Unidas comemoram neste dia 19 de agosto o Dia Mundial de Trabalhadores e Trabalhadoras Humanitárias (Dia Mundial Humanitário), uma data para lembrar o quão perigoso, mas vital, é este trabalho. O tema das comemorações deste ano é #ItTakesaVillage, expressão que reflete em inglês a ideia do provérbio africano “é preciso uma aldeia para criar uma criança”. Ao utilizar esta expressão, a campanha deste ano faz alusão a como a sociedade pode atuar como uma vila ajudando as crianças e a humanidade a viverem em um ambiente seguro e acolhedor. A ONU acredita que é preciso uma aldeia para apoiar uma pessoa em uma crise humanitária.

No entanto, os trabalhadores humanitários estão operando em circunstâncias cada vez mais perigosas. No ano passado, 141 trabalhadores humanitários foram mortos em todo o mundo , o número mais alto desde 2013. “Longe dos holofotes e das manchetes, os humanitários trabalham dia e noite para tornar nosso mundo um lugar melhor. Muitas  vezes correndo grande risco pessoal, eles estão sofrendo em algumas das circunstâncias mais perigosas imagináveis”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres em uma mensagem em vídeo para a data.

A ONU convida todos a seguirem a campanha #ItTakesAVillage nas redes sociais, compartilhar, curtir, comentar nas postagens e usar todas as ocasiões para mostrar solidariedade com as pessoas que precisam de ajuda e apreço por aqueles que trabalham para entregá-la.

Vocação - O desejo de ajudar os outros pode ser forte o suficiente para fazer as pessoas deixarem o conforto e a segurança de suas casas e se dirigirem a um lugar em grave crise para lutar pelos direitos humanos das pessoas que vivem lá.

Este é o caso de Veronica Houser, que se mudou dos Estados Unidos para atuar junto ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Afeganistão, dois meses após a tomada o Talibã tomar o poder no país. “Senti o contraste entre o privilégio que tive onde nasci, comparado à violação dos direitos de outras mulheres”, diz Houser.

Tendo trabalhado anteriormente em Ruanda e no Sudão do Sul, ela esperava fazer a diferença no Afeganistão publicando histórias e levantando as vozes daqueles que não são ouvidos com frequência. 

Uma das principais preocupações da missão do UNICEF no Afeganistão é a proibição de meninas frequentarem o ensino médio, único país do mundo onde isso acontece. O UNICEF está distribuindo milhões de livros didáticos e material escolar em todo o país e está construindo novos espaços educacionais onde é permitido. A agência da ONU estabeleceu espaços para mulheres e meninas onde as crianças podem brincar, as mulheres podem se expressar e ter acesso a apoio psicossocial. “A crise educacional é também uma crise de proteção e de saúde mental”, diz Houser.

Histórico - Dezenove anos atrás, 22 trabalhadores humanitários foram mortos em um atentado no dia 19 de agosto, no Escritório das Nações Unidas em Bagdá, no Iraque, inclusive o diplomata brasileiro Sergio Vieira de Melo. Em memória das vítimas, a comunidade humanitária presta homenagem neste dia àqueles que perderam a vida ajudando pessoas ameaçadas em conflitos em todo o mundo.