Secretário-geral da ONU enaltece Mikhail Gorbachev por defesa da paz

O secretário-geral da ONU prestou homenagem ao último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev, cuja morte foi anunciada na terça-feira (30), aos 91 anos. Em nota, António Guterres o descreveu como a pessoa que “mais do que qualquer outro” colocou um fim pacífico na Guerra Fria, que dominava as relações internacionais desde a década de 1940.

O líder das Nações Unidas disse estar profundamente entristecido ao saber da notícia do falecimento de Gorbachev em Moscou, anunciada pelas agências de notícia estatais russas, que informaram que ele morreu após uma “longa e grave doença”. Guterres estendeu suas sinceras condolências a toda a família Gorbachev, ao povo e ao governo da Federação Russa.

Gorbachev tornou-se líder soviético em 1985, quando as tensões nucleares entre o Oriente e o Ocidente ainda estavam em alta, com um programa reformista projetado para reviver a economia e modernizar o sistema político.

Ele encerrou a Guerra Fria negociando com o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, a abolição de toda uma classe de mísseis, através do Tratado de Forças Nucleares Intermediárias, e acabou com a ocupação soviética do Afeganistão, precipitando a ruptura do Pacto de Varsóvia (a dominação soviética da Europa Oriental) e, em última análise, da própria União Soviética, tudo no espaço de apenas seis anos.

Legado - Em 1990, elogiado internacionalmente, mas sofrendo cada vez mais críticas internas, Gorbachev foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, pelo protagonismo que desempenhou nas “mudanças radicais nas relações Leste-Oeste”, segundo os jurados.

O secretário-geral recordou em seu elogio que, ao receber o prêmio, o líder russo “observou que 'paz não é unidade na semelhança, mas unidade na diversidade’. Ele colocou essa visão vital em prática seguindo o caminho da negociação, reforma, transparência e desarmamento”.

Sobre os últimos anos do líder-russo, o chefe das Nações Unidas destacou a fundação da ONG ambiental global Green Cross International. Para ele, Gorbachev abraçou um novo desafio vital para o bem-estar da humanidade com o projeto, por tentar “criar um futuro sustentável cultivando relações harmoniosas entre os seres humanos e o meio ambiente”.