Temperatura global pode ultrapassar Acordo de Paris nos próximos 5 anos
13 setembro 2022
Um relatório interagencial liderado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que há 48% de chance de que, durante pelo menos um ano nos próximos cinco anos, a temperatura média anual seja temporariamente 1,5°C superior à média de 1850-1900, limite estabelecido pelo Acordo de Paris.
Lançado nesta terça-feira (13), o relatório United in Science (disponível em inglês) mostra que os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados e que mesmo diante de crises causadas pelas mudanças climática continuamos seguindo na direção errada.
O documento ainda se concentra em reforçar que é mais importante do que nunca aumentar a ação em sistemas de alerta precoce para construir resiliência aos riscos climáticos atuais e futuros em comunidades vulneráveis.
A ciência climática é clara: estamos indo na direção errada, de acordo com um novo relatório interagencial coordenado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que destaca o enorme abismo entre as aspirações e a realidade e alerta que sem uma ação muito mais ambiciosa, os impactos físicos e socioeconômicos das mudanças climáticas serão cada vez mais devastadores.
O relatório United in Science, lançado nesta terça (13), mostra que as concentrações de gases de efeito estufa continuam a atingir níveis recordes. As taxas de emissão de combustíveis fósseis estão agora acima dos níveis pré-pandêmicos, após uma redução temporária devido aos períodos de quarentena. A ambição das promessas de redução de emissões para 2030 precisa ser sete vezes maior para estar alinhada com a meta de 1,5°C do Acordo de Paris
Os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados. Há 48% de chance de que, durante pelo menos um ano nos próximos cinco anos, a temperatura média anual seja temporariamente 1,5°C superior à média de 1850-1900. À medida que o aquecimento global aumenta, “pontos de inflexão” no sistema climático não podem ser ignorados.
Cidades que abrigam bilhões de pessoas e são responsáveis por até 70% das emissões causadas pelo homem enfrentarão impactos socioeconômicos crescentes. As populações mais vulneráveis serão as que mais sofrerão, diz o relatório que dá exemplos de condições meteorológicas extremas em diferentes partes do mundo este ano.
“Enchentes, secas, ondas de calor, tempestades extremas e incêndios florestais estão indo de mal a pior, quebrando recordes com frequência alarmante. Ondas de calor na Europa, inundações colossais no Paquistão, secas prolongadas e severas na China, no Chifre da África e nos Estados Unidos. Não há nada de natural na nova escala desses desastres. Eles são o preço do vício em combustíveis fósseis da humanidade”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“O relatório United in Science deste ano mostra os impactos climáticos tomando um caminho desconhecido de destruição. No entanto, a cada ano dobramos esse vício em combustíveis fósseis, mesmo quando os sintomas pioram rapidamente”, disse Guterres em uma mensagem de vídeo.
“A ciência climática é cada vez mais capaz de mostrar que muitos dos eventos climáticos extremos que estamos enfrentando se tornaram mais prováveis e mais intensos devido às mudanças climáticas induzidas pelo homem. Vimos isso repetidamente este ano, com efeitos trágicos. É mais importante do que nunca aumentar a ação em sistemas de alerta precoce para construir resiliência aos riscos climáticos atuais e futuros em comunidades vulneráveis. É por isso que a OMM está liderando um esforço para garantir alertas precoces para todos nos próximos cinco anos”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
United in Science fornece uma visão geral da ciência mais recente relacionada às mudanças climáticas, seus impactos e respostas. A ciência é clara: são necessárias ações urgentes para mitigar as emissões e se adaptar às mudanças climáticas. O relatório inclui contribuições da OMM (e seus Programas Global Atmosphere Watch e World Weather Research); o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Escritório das Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres (UNDRR), o Programa Mundial de Pesquisa do Clima (WCRP), o Global Carbon Project; UK Met Office e a Rede de Pesquisas em Mudanças Climáticas Urbanas. Inclui declarações relevantes do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas(IPCC).