ONU inicia 77ª Assembleia Geral pedindo transformação do planeta

Nesta terça-feira (14), teve início na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 77ª Sessão da Assembleia Geral. A partir do dia 20 de setembro, durante uma semana, acontecerão os eventos de alto nível com a participação de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo. 

Falando sobre os objetivos do novo ciclo, o novo presidente da assembleia, o diplomata húngaro Csaba Korosi, disse que pretende aplicar as grandes capacidades dos Estados-membros para que sejam encontradas soluções sistêmicas necessárias para transformar o mundo. O lema da Presidência na 77ª Sessão da Assembleia Geral é “Soluções por meio da solidariedade, sustentabilidade e ciência”.

Em seu discurso de abertura, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que tais ingredientes são essenciais em um mundo que compartilha desafios e que precisa criar soluções comuns para um futuro melhor e mais pacífico. Ele ressaltou que a ONU atua na missão de fazer avançar a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento em um mundo que está em constante perigo.

Guterres mencionou desafios como conflitos, mudança climática, crise financeira em países em desenvolvimento, pobreza, desigualdade, fome, divisões e desconfiança. Para reverter este quadro, ele defende que haja solidariedade entre as nações.

O chefe da ONU disse ainda que a organização é a casa da “cooperação global” e a Assembleia Geral o que dá vida a essa colaboração.  António Guterres alertou que os meses adiante continuarão “testando a força e a durabilidade do multilateralismo que a ONU representa”. 

Para que sejam encontrados consensos internacionais, o secretário-geral observou que o mundo deve continuar se esforçando. “Debate. Deliberação. Diplomacia. Essas ferramentas eternas representam o melhor caminho para um mundo melhor e mais pacífico”, ressaltou.

Crises - Já o novo presidente da Assembleia Geral, Csaba Korosi disse que a nova sessão inicia num momento marcado por divisões geopolíticas cada vez maiores e incerteza prolongada. 

O diplomata também apontou que, embora "mais gerenciável", a pandemia de COVID-19 continua causando estragos em todo o mundo, juntamente com insegurança alimentar aguda, aumento dos preços da energia, inflação recorde e interrupções na cadeia de suprimentos global.

“Não vamos voltar ao antigo normal. A única maneira de alcançar melhores resultados é transformar. Os contornos da transformação que precisamos já são conhecidos. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o Quadro de Sendai, o Acordo de Paris e a Nossa Agenda Comum, todos nos apontam na direção certa. Resta saber se vamos cumprir”, disse.

Ucrânia - Quanto aos conflitos, o presidente da Assembleia Geral destacou que a atual escala cria agitações humanitárias não vistas desde a Segunda Guerra Mundial, o que testa as instituições.

Ao comentar particularmente a realidade na Ucrânia, Korosi caracterizou a situação como “um ponto de virada para todos”. Ele ressaltou que a menos que o mundo esteja vigilante, o “método” de guerra decorrente da invasão russa pode se tornar parte da rotina da comunidade internacional. “Esta guerra deve ser interrompida. Mata as pessoas, mata o desenvolvimento, mata a natureza e mata os sonhos de milhões”, enfatizou.

O novo presidente acrescentou que agora o risco de uso de armas nucleares é o maior dos últimos 40 anos. “Esta sinistra realidade chama todos nós a nos unirmos em torno da questão do desarmamento”, observou.

Transformação - Korosi disse que ao aceitar o posto jurou servir como agente do multilateralismo, multiculturalismo e multilinguismo. Ele reiterou ainda que a imparcialidade seria a marca registrada da atuação da sua equipe

O líder do maior órgão deliberativo da ONU promete manter firmeza nos princípios da Carta das Nações Unidas, buscar abordagens integradas e aprimorar o papel da ciência na tomada de decisões, além de “atuar para promover um progresso mensurável na transformação da sustentabilidade e cultivar a solidariedade”.

Para Korosi, não basta apenas avaliar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mas apoiar-se em bases científicas para se alcançarem as metas globais até o fim da atual década.