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Assistência financeira do ACNUR oferece dignidade a pessoas refugiadas

30 dezembro 2022

Em 2022, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) Brasil desembolsou quase R$ 4,7 milhões em transferências monetárias através do programa de CBI (sigla em inglês para Cash Based Intervention).

“Nosso programa de CBI protege as pessoas refugiadas, que ficam menos propensas a recorrer a estratégias de sobrevivência nocivas. Além disso, beneficia diretamente a economia local, facilita a integração socioeconômica e contribui para a coexistência pacífica com as comunidades anfitriãs”, explica a oficial de Programa CBI no ACNUR no Brasil, Cecilia Alvarado.

Mais de seis mil pessoas foram atendidas pelo programa em 2022, sendo que, em cerca de 80% dos casos, o cartão com os recursos monetários foi entregue a mulheres chefes de família. A maioria das pessoas beneficiárias é de nacionalidade venezuelana (93%), mas o programa também atendeu famílias refugiadas do Afeganistão (2%) e de outras nacionalidades (5%), como Colômbia e República Democrática do Congo.

Sem renda, Katherine e os três filhos retomaram a dignidade com apoio do programa de CBI do ACNUR.
Legenda: Sem renda, Katherine e os três filhos retomaram a dignidade com apoio do programa de CBI do ACNUR.
Foto: © Ilana Axelrod/ACNUR

Mãe solo de três filhos, a venezuelana Katherine chegou ao Brasil em dezembro de 2020 em busca de novas oportunidades e de garantir um futuro digno às crianças, que têm entre 4 e 9 anos. Após três meses vivendo em Manaus, sem registro ou documentação, a família foi realocada voluntariamente para Brasília por meio da estratégia de interiorização do governo federal, apoiada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

Sem renda, Katherine recebeu do ACNUR, em fevereiro de 2022, uma assistência financeira de CBI (sigla em inglês para Cash Based Intervention, ou seja, intervenção monetária).

Katherine relata que, sobretudo, “esta transferência nos trouxe dignidade”. Com o auxílio, ela adquiriu fogão, geladeira e utensílios de cozinha, e deu aos filhos suas primeiras camas. “O cartão nos permitiu acessar itens básicos e reconstruir nossas vidas em Brasília. Antes do CBI, eu pensava se meus filhos poderiam comer ou se passariam frio à noite. Desde então, vivemos com condições básicas para construir um futuro no Brasil”, afirma Katherine, que planeja abrir um negócio próprio como cabeleireira.

Em 2022, o ACNUR desembolsou quase R$ 4,7 milhões em transferências de CBI no Brasil. “Para além da assistência financeira, o CBI é um programa que busca oferecer uma vida mais digna às pessoas refugiadas, uma vez que coloca nas mãos delas o poder de escolha sobre suas próprias necessidades e sobre como utilizar o dinheiro”, explica o representante interino do ACNUR no Brasil, Oscar Sanchez Pineiro.

Mais de seis mil pessoas foram atendidas pelo programa em 2022, sendo que, em cerca de 80% dos casos, o cartão foi entregue a mulheres chefes de família, como Katherine. A maioria das pessoas beneficiárias é de nacionalidade venezuelana (93%), mas o programa também atendeu famílias refugiadas do Afeganistão (2%) e de outras nacionalidades (5%), como Colômbia e República Democrática do Congo. Os apoios financeiros são mediados pelos parceiros do ACNUR e acontecem em várias partes do país.

“Quando as pessoas são forçadas a deixar suas casas, elas saem apenas com o essencial. No processo, elas perdem a capacidade de ganhar e gastar dinheiro. Nosso programa de CBI protege as pessoas refugiadas, que ficam menos propensas a recorrer a estratégias de sobrevivência nocivas. Além disso, beneficia diretamente a economia local, facilita a integração socioeconômica e contribui para a coexistência pacífica com as comunidades anfitriãs”, afirma a oficial de Programa CBI no ACNUR no Brasil, Cecilia Alvarado.

Recomeço - O Centro de Distribuição das Lojas Renner S.A. no interior de São Paulo conta com 13 novas colaboradoras formadas em dezembro pelo projeto Empoderando Refugiadas, iniciativa do ACNUR, Pacto Global da ONU no Brasil e ONU Mulheres. Para auxiliar as funcionárias venezuelanas na mudança de Boa Vista à nova cidade e na adaptação antes do primeiro salário, o ACNUR forneceu a transferência de CBI a todas.

Entre elas, está Miltan Violeta. Aos 60 anos, ela recebeu uma oportunidade que nem esperava. Chegou ao Brasil sozinha para encontrar o filho, que vive no Rio Grande do Sul, e logo foi atrás de capacitação profissional, pois queria trabalhar para ajudar a família que ficou na Venezuela. Na turma do Empoderando Refugiadas, formou-se no curso de Processos Logísticos e Armazenamento, fez a entrevista com a empresa e foi uma das contratadas.

Já na nova cidade, ela conta que o auxílio financeiro recebido do ACNUR tem sido importante, principalmente, para atender às necessidades mais básicas, como alimentação e produtos de higiene. “Tenho comprado coisas pequenas, para o meu dia a dia. É bom ter o cartão, pois eu compro alimentos para cozinhar em casa, mas, se quero comprar um lanche ou um refrigerante na rua, eu também posso. Estou muito feliz”, relata.

De Norte a Sul - Com medo do futuro, em fevereiro deste ano, Eliennys, o marido Roinel e os três filhos, indígenas da etnia Warao, decidiram sair da Venezuela. Venderam o pouco que tinham e, com o que arrecadaram, buscaram proteção internacional no Brasil. Foram mais de 36 horas de viagem, entre ônibus e caminhada, até Pacaraima, onde foram acolhidos no abrigo indígena Janokoida.

Depois de dois meses na cidade da fronteira, a família decidiu buscar novas oportunidades na capital Boa Vista, onde também foi recebida em um dos abrigos da Operação Acolhida. Durante o tempo em que estiveram abrigados, os cinco receberam assistência básica, alimentação e orientações sobre acesso a direitos.

Após uma das sessões informativas sobre meios de vida e a estratégia de interiorização, Roinel se cadastrou para a modalidade Vaga de Emprego Sinalizada. Selecionado para trabalhar como auxiliar de manutenção em uma empresa de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, Roinel recebeu assistência financeira do ACNUR para cobrir as despesas básicas da família durante o primeiro mês na nova cidade, antes de receber o salário.

Com um lar e um recomeço, os meninos voltaram para a escola, onde aprendem português e compartilham com os colegas os conhecimentos de espanhol e de Warao, sua língua materna, que saiu do Delta do Rio Orinoco e hoje reverbera em terras gaúchas.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa