Após deixar Mianmar, povo rohingya precisa urgentemente de abrigo
08 setembro 2017

De pés descalços e correndo para salvar sua vida, a rohingya Dilara, de 20 anos, conseguiu chegar a Bangladesh recentemente com seu filho mais novo no colo. Sua família foi devastada devido ao conflito em Mianmar.
“Meu marido foi baleado na aldeia. Escapei com meu filho e meus parentes” diz Dilara, enquanto caminhava, com os pés cheios de lama, para o campo de refugiados de Kutupalong, na sexta-feira (1). “Nós caminhamos por três dias, nos escondendo quando era preciso. A montanha estava molhada e escorregadia, eu caía o tempo todo.”
Cerca de 123 mil mulheres, crianças e homens como Dilara e seu filho chegaram em Bangladesh após dias caminhando, forçados a fugir da violência em Rakhine, ao norte de Mianmar. Muitos estão famintos, em condições físicas precárias e precisam de ajuda para salvar suas vidas.
Nos últimos dias, um grande grupo de rohingyas cruzou as áreas de Ukhiya e Teknaf, no sudeste de Bangladesh, regiões fronteiriças de Mianmar. Muitos foram vistos percorrendo vastos campos de arroz e se dirigindo às aldeias mais próximas, carregando o que puderam salvar de suas casas.
[embed]https://youtu.be/guFbJbsdHCs[/embed]
Dilara perdeu de vista seus parentes durante a travessia e seguiu outros viajantes em direção ao campo. “Não sei onde estou... apenas sabia que teria que correr para salvar a minha vida”, disse ela, carregando sua criança de 18 meses e nada mais.
Sem ter qualquer lugar para onde ir, muitos dos recém-chegados em Bangladesh estão sendo direcionados aos campos de refugiados construídos na década de 1990.
Os recém-chegados estão espalhados em diversos pontos na região sudeste de Bangladesh. A estimativa é de que mais de 30 mil rohingyas tenham procurado abrigo nos campos de refugiado de Kutupalong e Nayapara, e estão sendo instalados em edifícios comuns, como escolas e centros comunitários. Entretanto, muitos outros estão vivendo em acomodações improvisadas e vilas locais.
“Isso é uma verdadeira crise”, diz Mohammad Abul Kalam, comissário de Repatriação e Assistência para Refugiados em Cox’s Bazar, Bangladesh. "O número de pessoas mais do que duplicou nos campos. O acampamento de Kutupalong está além de sua capacidade. Famílias inteiras chegaram, cada espaço disponível está ocupado. Não tenho certeza de quanto tempo podemos aguentar isso."
Você pode realizar doações para o ACNUR e ajudar os refugiados rohingya clicando aqui.
