Pecuária e indústria química trazem riscos de contaminação dos solos, alerta FAO
04 maio 2018
Até 2030, a produção de químicos deverá crescer 3,4% ao ano. A expansão do setor preocupa a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que alertou nesta semana para a contaminação dos solos causada por diferentes atividades humanas. Em 2015, a indústria química da Europa produziu 319 milhões de toneladas de compostos. Desse volume, 117 milhões eram consideradas perigosas para o meio ambiente.
As estimativas são de um novo relatório da FAO, divulgado na quarta-feira (2), em Roma, durante simpósio global sobre o tema. Levantamento defende gestão adequada de agrotóxicos, lixo e esgoto, a fim de combater uma ameaça de dimensões globais.
Na Austrália, existem 80 mil localidades cujo solo foi contaminado. A China considera que 16% de suas terras e 19% dos solos usados na produção agrícola estão poluídos. No Espaço Econômico Europeu e nos Bálcãs Ocidentais, existem 3 milhões de locais contaminados. Nos Estados Unidos, 1,3 mil regiões estão na lista de prioridades nacionais Superfund, em que o governo inclui áreas com elevado índice de poluição.
"A contaminação dos solos afetada a comida que comemos, a água que bebemos, o ar que respiramos e a saúde de nossos ecossistemas", afirmou a diretora-geral-adjunta da FAO, Maria Helena Semedo, durante a abertura do simpósio. "O potencial dos solos para enfrentar a contaminação é limitado e, por isso, a prevenção da contaminação dos solos deveria ser uma prioridade em todo o mundo."
Até 2025, o volume de resíduos sólidos gerados em centros urbanos deverá chegar a 2,2 bilhões de toneladas anuais em todo o mundo. O número representa um aumento de quase 1 bilhão de toneladas na comparação com a quantidade calculada em 2012.
Segundo a agência da ONU, alguns países de renda média e baixa viram o uso de pesticidas crescer consideravelmente ao longo da última década. É o caso de Bangladesh, onde a aplicação desses compostos na agricultura aumentou quatro vezes. Em Ruanda e Etiópia, o consumo cresceu seis vezes. No Sudão, dez.
Outro problema é o descarte de esterco da pecuária, cuja produção em nível global cresceu 66% entre 1961 e 2016, passando de 73 milhões para 124 milhões de toneladas. O volume de estrume aplicado aos solos aumentou de 18 milhões de toneladas para 28 milhões. No mesmo período, o acumulado de esterco que é deixado nas pastagens chegou a 86 milhões de toneladas, número que indica um aumento de 38 milhões de toneladas.
A FAO lembra que as fezes dos animais de criação podem conter altas quantidades de metais pesados, bem como agentes patogênicos e antibióticos.