Iniciativa global para distribuição justa de futuras vacinas reúne 156 países

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 156 países já aderiram à aliança global Covax, que pretende garantir a distribuição justa de futuras vacinas contra a COVID-19.

A agência lidera a iniciativa com alguns dos 64 países mais desenvolvidos do mundo. Estas nações têm capacidade de se autofinanciar e concentram cerca de dois terços da população global.

Segundo a OMS, até segunda-feira (21) havia 30.949.804 casos e 959.116 mortes por COVID-19 em todo o mundo.

A parceria, que também inclui a Aliança de Vacinas Gavi e a Coalizão para Inovações de Preparação para Epidemias (CEPI), tinha estabelecido até sexta-feira como prazo às nações interessadas em assumirem compromissos vinculativos.

A meta da Covax é distribuir 2 bilhões de doses da futura vacina no mundo todo até o final de 2021. A prioridade é imunizar profissionais de saúde e 20% de pessoas mais vulneráveis em países participantes, independentemente do nível de renda.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que a via mais rápida para o fim da pandemia e acelerar a recuperação econômica global é garantir que "algumas pessoas sejam vacinadas em todos os países".

Desafios

Falando a jornalistas em Genebra, Tedros citou novas pesquisas segundo as quais a maioria da população global apoia o acesso equitativo às vacinas. Segundo ele, é encorajador "o grande número (de países) se inscrevendo na Iniciativa Covax".

Tedros disse que um dos maiores desafios atuais é o funcionamento eficaz do programa Acelerador ACT de Acesso a Tecnologias da COVID-19 sobre vacinas, tratamentos e diagnósticos. Cerca de 3 bilhões de dólares foram investidos na fase inicial da iniciativa, ou 10% dos 35 bilhões de dólares necessários para sua expansão e impacto.

A agência precisa imediatamente de 15 bilhões de dólares "para manter o ímpeto e permanecer no caminho certo" para cumprir os cronogramas definidos para a iniciativa. Tedros apontou ainda o desafio de impulsionar o Acelerador ACT e a Covax. A fase atual é um "ponto crítico" nesse sentido, sendo preciso um "aumento significativo no compromisso político e financeiro dos países".

Nos próximos dias, a aliança Covax espera que mais 38 países de alta renda se juntem à iniciativa. As áreas de pesquisa e desenvolvimento já receberam promessas de 1,4 bilhão de dólares para investir em vacinas. No entanto, a OMS disse precisar com urgência de fundos que estão no intervalo entre 700 milhões de dólares e 800 milhões de dólares.

União de recursos financeiros e científicos

Reunindo recursos financeiros e científicos, as economias participantes do mecanismo COVAX serão capazes de se proteger contra o fracasso de qualquer vacina candidata individual e garantir vacinas bem-sucedidas de uma forma direcionada e econômica.

Com os acordos de compromisso firmados, a iniciativa COVAX agora começará a assinar acordos formais com os fabricantes e desenvolvedores de vacinas, que são parceiros nos esforços do mecanismo, para garantir as doses necessárias e encerrar a fase aguda da pandemia até o final de 2021.

Trata-se de um esforço contínuo para arrecadar fundos para pesquisa e desenvolvimento e aquisição de vacinas aos países de renda baixa via Gavi COVAX Advance Market Commitment.

"O COVAX está agora em atividade: governos de todos os continentes optaram por trabalhar juntos, não apenas para garantir vacinas às suas próprias populações, mas também ajudar a garantir que as vacinas estejam disponíveis para os mais vulneráveis em todos os lugares", disse Seth Berkley, CEO da Gavi, a Vaccine Alliance, que está coordenando o mecanismo COVAX.

"Com os compromissos que anunciamos hoje, bem como a parceria histórica que estamos estabelecendo com a indústria, temos uma chance muito melhor de encerrar a fase aguda desta pandemia assim que vacinas seguras e eficazes estiverem disponíveis."

O mecanismo COVAX faz parte da COVAX, o pilar de vacinas do Acelerador de Acesso a Ferramentas COVID-19 (ACT), que é co-liderado pela Coalizão para Inovações de Preparação para Epidemias (CEPI), Gavi, a Vaccine Alliance e OMS, que estão trabalhando em parceria com fabricantes de vacinas de países desenvolvidos e em desenvolvimento, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Banco Mundial, organizações da sociedade civil e outros.

A distribuição de vacinas, uma vez licenciadas e aprovadas, será orientada por um Quadro de Alocação divulgado pela OMS, seguindo o princípio de acesso justo e equitativo, garantindo que nenhuma economia participante seja deixada para trás.

As políticas que determinam a priorização da implantação da vacina nas economias serão guiadas pelas recomendações do Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) da OMS, que lançou recentemente um Quadro de Valores que estabelece as bases para orientações subsequentes para populações-alvo e políticas sobre o uso de vacinas.

O compromisso de economias totalmente autofinanciadas agora desbloqueará o financiamento vital e a segurança da demanda necessária para aumentar a produção e garantir as doses necessárias para o mecanismo.

A CEPI está liderando o trabalho do COVAX de pesquisa e desenvolvimento da vacina, que visa desenvolver pelo menos três vacinas seguras e eficazes que possam ser disponibilizadas às economias participantes do mecanismo. Nove vacinas candidatas estão atualmente sendo apoiadas pela CEPI; oito dos quais estão atualmente em ensaios clínicos.

O sucesso do COVAX depende não apenas das economias que se inscrevem e dos compromissos dos fabricantes de vacinas, mas também de preencher lacunas de financiamento para o trabalho de pesquisa e desenvolvimento do COVAX e do Gavi COVAX AMC para apoiar a participação de economias de baixa renda.