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Digitalização pode acelerar recuperação de América Latina e Caribe, diz relatório

24 setembro 2020

  • Relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e de outras organizações mostra o dramático impacto da pandemia nos mais vulneráveis e marginalizados. As microempresas foram especialmente afetadas: é provável que 2,7 milhões delas fechem, o que implica a perda de 8,5 milhões de postos de trabalho.
  • Ao entrar nesta crise, 40% dos trabalhadores nas economias latino-americanas e caribenhas não tinham acesso a nenhuma forma de proteção social e 60% trabalhavam de forma informal.
  • "A expectativa é de que mais de 45 milhões de pessoas caiam na pobreza. A crise socioeconômica faz com que um novo modelo de desenvolvimento seja mais urgente do que nunca. A digitalização poderá ser uma ferramenta poderosa para superar os desafios estruturais da região, se for considerada uma via integral para impulsionar uma mudança estrutural progressiva, através de políticas de geração de novos setores, empregos de qualidade, desenvolvimento de capacidades e inovação", disse Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL. 
Legenda: Mais de 45 milhões de pessoas devem cair na pobreza na América Latina e no Caribe devido à crise econômica provocada pela pandemia. Na foto, Programa Mundial de Alimentos (WFP) distribui cartões eletrônicos com dinheiro para 1.500 famílias em El Alto e La Paz, na Bolívia. Foto: WFP/Morelia Eróstegui

A transformação digital pode ajudar a região da América Latina e Caribe a se recuperar mais rápido da crise da COVID-19, segundo a publicação Perspectivas Econômicas da América Latina 2020: Transformação Digital para uma Melhor Reconstrução. 

O relatório é uma publicação anual conjunta produzida pelo Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) das Nações Unidas, pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e pela Comissão Europeia.  

"A publicação é muito oportuna. Ajudará a fomentar o diálogo nos países da América Latina e Caribe e com a comunidade internacional sobre como podemos aproveitar ao máximo a transformação digital no contexto atual da crise de COVID-19", disse Iván Duque Márquez, presidente da Colômbia.

O documento mostra o dramático impacto da pandemia nos mais vulneráveis e marginalizados. As microempresas foram especialmente afetadas: é provável que 2,7 milhões delas fechem, o que implica a perda de 8,5 milhões de postos de trabalho. Ao entrar nesta crise, 40% dos trabalhadores nas economias latino-americanas e caribenhas não tinham acesso a nenhuma forma de proteção social e 60% trabalhavam de forma informal.  

"A expectativa é de que mais de 45 milhões de pessoas caiam na pobreza. A crise socioeconômica faz com que um novo modelo de desenvolvimento seja mais urgente do que nunca. A digitalização poderá ser uma ferramenta poderosa para superar os desafios estruturais da região, se for considerada uma via integral para impulsionar uma mudança estrutural progressiva, através de políticas de geração de novos setores, empregos de qualidade, desenvolvimento de capacidades e inovação", disse Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL. 

"A crise criou as oportunidades para avançar nas reformas necessárias que possam ajudar a difundir os benefícios da transformação digital para conseguir um crescimento inclusivo e sustentável. Também destaca a urgente necessidade de fechar as brechas digitais entre territórios, famílias, estudantes, trabalhadores e empresas", disse Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE.

Segundo o relatório, a crise está exacerbando uma série de desafios estruturais relacionados, que incluem uma alta desigualdade e informalidade, baixa produtividade e serviços e instituições públicas deficientes. 

A boa notícia é que a transformação digital pode ajudar as economias da região a sair da crise, estimulando a inovação empresarial e novos modelos de consumo, transformando os sistemas de produção e as cadeias de valor, reorganizando os setores econômicos e introduzindo novas condições de competitividade. 

As ferramentas digitais podem também contribuir para um melhor acesso aos serviços públicos, incluindo saúde e educação. Por último, podem ajudar a melhorar a governança, situando os cidadãos no centro das políticas públicas. 

Conforme disse a Comissária da UE para Alianças Internacionais, Jutta Urpilainen, a transformação digital apresenta à UE e à América Latina e Caribe uma oportunidade para criarmos soluções inovadoras e abordarmos os desafios estruturais. "Também é uma oportunidade para abordarmos as desigualdades desde já. O mercado único digital da União Europeia é um exemplo de como a integração digital pode incluir os cidadãos e apoiar as empresas. Mas não devemos esquecer que, para nos beneficiarmos, o acesso é imprescindível."

"A transformação digital oferece uma oportunidade única para impulsionar a produtividade e oferecer melhores serviços públicos na América Latina e no Caribe. Com a COVID-19, a região acelerou seus processos digitais, mas ainda resta um longo caminho para reduzir as desigualdades com as economias avançadas", disse Luis Carranza, presidente do CAF.

O relatório adverte um caminho difícil adiante. O acesso à Internet, em particular, está longe de ser universal: em 2018, 68% da população latino-americana e caribenha usou a Internet regularmente, quase o dobro da proporção de 2010, mas muito abaixo da média da OCDE, de 84%.

Além disso, enquanto 75% da população mais rica da América Latina usa Internet, apenas 37% da população mais pobre tem acesso. A diferença entre ricos e pobres é muito maior (quase 40 pontos percentuais) na América Latina e no Caribe que nos países da OCDE (menos de 25 pontos percentuais). 

A transformação digital vem com grandes desafios, com mais de 20% dos trabalhos em alguns países provavelmente tendo algum tipo de automatização. Portanto, a região necessita de novos investimentos massivos em educação e capacitação para equipar os trabalhadores com as habilidades digitais necessárias.

A edição 2020 do relatório descreve uma série de recomendações de políticas públicas para coordenar as múltiplas agendas digitais que proliferam nos países latino-americanos e caribenhos, e destaca a importância de vinculá-las a Planos Nacionais de Desenvolvimento, 16 dos quais são analisados no documento. 

Responsabilidades claras e a implementação adequada são cruciais para o sucesso dessas agendas. O relatório também destaca que, para aproveitar ao máximo a transformação digital no nível local, nacional e internacional, é necessário renovar as alianças internacionais.

Por exemplo, para criar uma economia digitalizada mais eficaz e justa, é necessário uma sólida cooperação internacional. De forma similar, através de uma cooperação regional mais efetiva, os países da América Latina e do Caribe poderão fortalecer suas capacidades digitais nacionais. 

Mais informações sobre o relatório: http://www.latameconomy.org

CEPAL

Assessoria de Comunicação

CEPAL

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UN ECLAC
United Nations Economic Commission for Latin America

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