Especialistas debatem transição verde na infraestrutura de transporte no Brasil
27 outubro 2020
- "Transição verde: Em busca de uma infraestrutura de transportes de baixo carbono no Brasil" foi o tema do painel realizado nesta quinta-feira (22) na quarta edição do VIA VIVA, Seminário Socioambiental em Infraestrutura de Transportes.
- O debate contou com a participação da vice-coordenadora do Programa de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Andréa Souza Santos, a gerente de relacionamento da Climate Bonds Initiative (CBI), Julia Ambrosano, e o coordenador geral do clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Márcio Rojas da Cruz. A moderação do painel foi feita pela oficial sênior de programas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Regina Cavini.
"Transição verde: Em busca de uma infraestrutura de transportes de baixo carbono no Brasil" foi o tema do painel realizado nesta quinta-feira (22) na quarta edição do VIA VIVA, Seminário Socioambiental em Infraestrutura de Transportes. O evento é realizado anualmente desde 2017 pelo Ministério da Infraestrutura, órgão do Governo Federal responsável pela implementação da política de transportes no país. O debate contou com diferentes especialistas no assunto, que compartilharam as suas experiências de atuação no governo, no setor privado e na academia.
Participaram a vice-coordenadora do Programa de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Andréa Santos, a gerente de relacionamento da Climate Bonds Initiative (CBI), Julia Ambrosano, e o coordenador geral do clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Márcio Rojas da Cruz. A moderação do painel foi feita pela Oficial Sênior de Programas do PNUMA, Regina Cavini.
Durante o diálogo, o coordenador geral do clima, Márcio Rojas Cruz, destacou os desafios e as oportunidades para a transição verde no setor de transportes no contexto da pandemia da COVID-19.
“A gente entende que a pandemia trouxe uma série de problemas naturalmente graves, mas, para alguns setores, existem oportunidades que podem ser aproveitadas. Então, se a gente redirecionar os investimentos para buscar um cenário mais sustentável, mais verde, a gente poderia no futuro retomar a economia de uma forma mais sustentável”, disse.
Na mesma linha, a vice-coordenadora do Programa de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Andréa Santos, afirmou que é preciso “promover uma transmissão de baixo carbono de maneira acelerada. Apesar do contexto desastroso, alguns dados apontam que é possível promover essa transição”. Segundo a pesquisadora, não se deve falar mais em mudança climática, mas em emergência climática.
Ainda de acordo com Andréa Santos, nesse contexto, a aproximação entre academia, governo e setor privado pode ajudar a “aprimorar tecnologias para eficiência energética, para que cidades possam promover melhorias no transporte público, além de melhoria de emissões e adaptação para questões climáticas”.
Para Julia Ambrosano, da CBI, a retomada da economia pós COVID-19 precisa ser verde, resiliente e evitar potenciais futuros choques sistêmicos a partir das consequências resultantes dos riscos de mudanças climáticas. “Hoje em dia, percebemos que nunca houve tanto capital para esse tipo específico de ativo. Você tem investidores com mandatos específicos para investir em ativos de projetos e produtos com impacto positivo verde, mas que também tenham impacto social e que contribuam para o desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Cooperação
Outro tema abordado por Rojas foi a parceria entre MCTI e PNUMA em projetos focados na redução de emissões de gases no transporte e no desenvolvimento sustentável de cidades. São eles: Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa em Setores-chave do Brasil, e Planejamento Integrado e Tecnologias para Cidades Sustentáveis (CITinova).
O porta-voz do MCTI também citou como bom exemplo de impacto positivo no transporte, a partir dos projetos de cooperação, um barco piloto movido a energia solar em Recife. Desenvolvido no âmbito do projeto CITinova pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e Porto Digital, o barco irá fazer a travessia do Rio Capibaribe, transportando moradores de uma margem a outra.
Além de não poluir o ambiente, o modelo de transporte visa facilitar e acelerar a travessia entre duas margens cujas características socioeconômicas e territoriais são muito distintas, e nas quais o rio acaba se tornando uma barreira e não um elo entre os moradores da capital pernambucana.
Sobre o evento
Em 2020, o evento VIA VIVA abordou o “Financiamento Verde, Infraestrutura Resiliente e de Baixo Carbono”, entre os dias 20 e 23 de outubro. A organização e a condução do evento contaram com a parceria da Agência Alemã de Cooperação Internacional – GIZ, no âmbito do Programa ProAdapta, projeto de cooperação entre o Brasil e a Alemanha. A programação completa pode ser acessada no site do evento.