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Comunicação científica é tema de webinários coordenados pela OPAS

03 novembro 2020

  • A série de webinários coordenados pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) tem como objetivo fortalecer as redes de informação em saúde, articular e promover a cooperação e participação das Redes da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Bibliotecas do Sistema Único de Saúde (BiblioSUS).
  • A Coordenação Geral de Documentação e Informação, Subsecretaria de Assuntos Administrativos da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde também participaram da organização dos webinários.
OPAS realiza webinários a fim de fortalecer as redes de informação em saúde.
Legenda: OPAS realiza webinários a fim de fortalecer as redes de informação em saúde.
Foto: © Ernesto Eslava/Pixaby

A série de webinários coordenados pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), pela Coordenação Geral de Documentação e Informação, Subsecretaria de Assuntos Administrativos da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde (CGDI/SAA/SE/MS) e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), tem por objetivo fortalecer as redes de informação em saúde, articular e promover a cooperação e participação das Redes da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Bibliotecas do Sistema Único de Saúde (BiblioSUS).

Os três primeiros webinários abordaram temas sobre a natureza da Rede Brasileira e demais componentes que a integram, a importância do controle bibliográfico, e o papel da Rede como disseminadora e intermediária do conhecimento científico em saúde. Dois dos três webinários que completam a série já ocorreram, e trataram de temas de comunicação científica no âmbito das fontes de informação da BVS.

O quarto webinário, intitulado “Informação científica sobre a COVID-19: o papel dos preprints” trouxe dois palestrantes e teve mais de 100 participantes. A coordenadora de comunicação científica em saúde na BIREME, Lilian Calò, analisou a confiabilidade dos preprints no fluxo de informação científica na pandemia da COVID-19. Já o gerente de metodologias e tecnologias da informação na BIREME, Renato Murasaki, falou sobre a integração dos repositórios de preprints na BVS.

Em sua análise, coordenadora de comunicação científica em saúde na BIREME mostrou as diferenças conceituais entre artigos de periódicos e preprints, e como ambas as formas de publicações podem contribuir para a disseminação dos resultados de pesquisa. Preprints, que são publicados rapidamente, mas não submetidos à avaliação por pares pré-publicação, mas passam por uma triagem pelo editor da plataforma de preprints, e artigos científicos, que demoram para ser publicados, mas passam por avaliação antes da publicação.

Na verdade, boa parte dos preprints (67% no caso do bioRxiv) é publicada em periódicos até dois anos após a postagem. Ademais, qualquer pessoa pode fazer comentários (que são moderados) sobre o trabalho, o que funciona como peer review aberto e não limitado a revisores convidados pelo editor. O autor pode responder aos comentários e este diálogo, aberto a todos, é publicado na plataforma. O autor pode aproveitar os comentários efetuados para melhorar seu artigo, assim como o faria na avaliação por pares formal.

Os preprints tiveram um grande destaque na mídia ao reportar tratamentos e condutas sobre a COVID-19, como destacou Nicholas Fraser[1]: “O fato de que os meios de comunicação estejam reportando extensivamente notícias a partir de preprints sobre a COVID-19 representa uma mudança marcante na prática jornalística: os preprints do bioRxiv pré pandemia receberam, em comparação com os artigos de periódicos, muito pouca cobertura. Essa mudança cultural oferece uma oportunidade sem precedentes de criar uma ponte entre as comunidades científica e jornalística para criar um consenso sobre reportar notícias de ciências utilizando preprints, além de artigos de periódicos”.

Considerando a relevância crescente dos preprints como fonte de informação científica e técnica em saúde, o gerente de metodologias e tecnologias da informação na BIREME, Renato Murasaki, e sua equipe buscaram mecanismos de interoperabilidade para integrar preprints às fontes de informação da BVS, para que pudessem usufruir da precedência das descobertas, redução de tempo de publicação e consequente acesso aos preprints tão logo estejam disponíveis nas plataformas.

Até o momento, devido aos padrões nas plataformas abertas, foi possível incluir como fontes de informação na BVS os preprints em ciências da vida de SciELO Preprints e toda a coleção disponível no repositório ARCA Fiocruz.

O gerente de metodologias e tecnologias da informação na BIREME ainda informou que sua equipe está em fase final de conseguir integrar os 8.155 preprints cobre SARS-CoV-2 e COVID-19 disponíveis nos repositórios bioRxiv e medRxiv (ambos são iniciativas do Cold Spring Harbor Laboratory, BMJ e Yale University) na BVS.

Os metadados destes dois repositórios estão disponíveis através de uma única Application Programming Interface, o que torna viável sua extração, além de usar um padrão de dados abertos. A integração dos demais preprints, no entanto, por questões técnicas, ainda não foi possível, mas segue em estudo.

O quinto webinário, que contou com mais de 90 participantes, teve o tema: Ética na publicação científica e ficou a cargo de Lilian Calò e de Antonio Python Cyrino, editor chefe do periódico Interface – Comunicação, Saúde, Educação e Professor Livre-Docente da Universidade Estadual Paulista Julio e Mesquita Filho.

Em sua palestra, Lilian apresentou os códigos de ética em pesquisa e publicação, mostrou o que constitui distorções em pesquisa, falou sobre plágio, manipulação de dados e imagens, retratação, reprodutibilidade, publicação predatória e como a academia e as agências de fomento podem trabalhar com os pesquisadores para aperfeiçoar a ética na pesquisa.

Antonio Cyrino expôs a questão do plágio na publicação do ponto de vista do editor de periódico, os mecanismos eletrônicos que usa para detectar similaridade nos artigos submetidos, que nem sempre é intencional. A outra infração ética mais comum em seu periódico, segundo Cyrino, é o “salami slicing” ou fatiamento de um artigo substancial em artigos menores para aumentar o número de publicações e a autoria indevida (gifted authorship), caracterizada quando se inclui um autor que de fato não participou da pesquisa e/ou da redação do artigo, mas por questões de prestígio ou hierárquicas é incluído como autor na publicação.

Ao finalizar, Cyrino destacou o papel sensível do editor de um periódico ao receber um manuscrito e avaliar sua contribuição científica ao escolher pareceristas a quem enviar este manuscrito, e acompanhar todo o processo editorial. Mencionou ainda a importância da ciência aberta em todas as etapas do processo de publicação científica, e que está de acordo com o que pontuou Lilian em sua apresentação, que o caminho para tornar a pesquisa mais reprodutível, confiável e disponível passa necessariamente pela ciência aberta.

Webinário 4 “Informação científica sobre COVID-19: o papel dos preprints”. Gravação e apresentações. Disponível em: http://red.bvsalud.org/2020/08/31/webinar-4-informacao-cientifica-sobre-covid-19-o-papel-dos-preprints/

Webinário 5: “Ética na publicação científica”. Gravação e apresentações. Disponível em: http://red.bvsalud.org/2020/09/14/webinar-5-etica-na-publicacao-cientifica/

 [1] Fonte: Fraser, N. et al. 2020. Preprinting a pandemic: the role of preprints in the COVID-19 pandemic. bioRxiv. https://doi.org/10.1101/2020.05.22.111294

 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

PAHO
The Pan American Health Organization
OMS
Organização Mundial da Saúde

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa