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OPAS: vozes indígenas e afrodescendentes devem estar no centro da resposta à COVID-19 nas Américas

04 novembro 2020

  • Para que ninguém fique para trás durante a pandemia de COVID-19, é necessário intensificar os esforços para garantir uma resposta forte e coordenada com organizações e líderes indígenas e afrodescendentes. A afirmação é da vice-diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Mary Lou Valdez. 
  • Quase 55 milhões de pessoas indígenas vivem na América Latina e no Caribe e mais de 7,5 milhões na América do Norte. Embora os dados sobre o impacto da COVID-19 nessas populações permaneçam limitados, isolamento, falta de acesso a boas medidas de higiene e maior incidência de doenças preexistentes os colocam em maior risco de transmissão e doença grave.
55 milhões de pessoas indígenas vivem na América Latina e no Caribe
Legenda: 55 milhões de pessoas indígenas vivem na América Latina e no Caribe
Foto: © OPAS

Para que ninguém fique para trás durante a pandemia de COVID-19, é necessário intensificar os esforços para garantir uma resposta forte e coordenada com organizações e líderes indígenas. A afirmação é da vice-diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Mary Lou Valdez. 

Discursando na reunião regional de alto nível - O impacto da COVID-19 nos povos indígenas da região das Américas: Perspectivas e oportunidades –, ela enfatizou as desigualdades de saúde enfrentadas por essas populações e pediu aos países que evitem adotar um enfoque único para abordar a situação.

“A região das Américas é caracterizada por seu rico patrimônio multicultural e multiétnico; não obstante, as populações indígenas e afrodescendentes estão frequentemente sujeitas à discriminação e exclusão, o que leva a iniquidades em saúde”, destacou a vice-diretora da OPAS. As estratégias que tratam dessas questões não podem ser elaboradas isoladamente: “A participação dos representantes indígenas como parceiros em condições de igualdade é essencial”.

Quase 55 milhões de pessoas indígenas vivem na América Latina e no Caribe e mais de 7,5 milhões na América do Norte. Embora os dados sobre o impacto da COVID-19 nessas populações permaneçam limitados, os fatores vivenciados por grupos indígenas, incluindo isolamento, condições de superlotação, falta de acesso a boas medidas de higiene e maior incidência de doenças preexistentes, como doenças cardiovasculares e diabetes, os colocam em maior risco de transmissão e doença grave.

Desde o início da pandemia, mais de 168 mil casos de COVID-19 entre povos indígenas foram notificados em 12 países das Américas, incluindo quase 3.500 mortes. Em áreas da bacia amazônica, incluindo Roraima e Amapá, na região de fronteira da Guiana Francesa, as populações indígenas têm 10 vezes mais probabilidade de contrair a COVID-19 do que outros moradores da mesma área. 

Francisco Cali Tzay, relator especial das Nações Unidas sobre direitos dos povos indígenas, disse que as populações indígenas na região são desproporcionalmente impactadas pela COVID-19. “A pandemia também exacerbou o racismo e o estigma contra as comunidades indígenas, acusando-as de não respeitar as medidas de saúde pública e culpando-as pelas altas taxas de infecção”.

Referindo-se à necessidade de preencher as lacunas entre a medicina tradicional e a ocidental, o subdiretor da OPAS, Jarbas Barbosa, pediu uma abordagem focada em soluções. “Como podemos ampliar medidas eficazes que foram implementadas localmente para abordar questões como o acesso a serviços de atenção primária à saúde culturalmente sensíveis e para garantir o diálogo entre líderes indígenas e autoridades de saúde?”, questionou.

Mirna Cunningham, presidente do Conselho Diretor do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (FILAC) e Tarcila Rivera Zea, diretora do Centro de Culturas Indígenas do Peru (CHIRAPAQ), também participaram do encontro como painelistas.

Ações para indígenas e afrodescendentes - Representantes de OPAS, Ministérios da Saúde e grupos indígenas propuseram uma série de ações na reunião para garantir que as necessidades específicas das populações indígenas sejam integradas aos planos de resposta de COVID-19 dos países. Isso inclui diretrizes para quarentena e distanciamento físico que levam em consideração as tradições e costumes culturais; a disponibilidade de material de informação e comunicação de risco em línguas indígenas; maior reconhecimento dos determinantes sociais e ambientais da saúde; e coleta de dados desagregados para identificar prioridades e monitorar ações.

“Os povos indígenas são guardiães cuidadosos de uma riqueza de conhecimentos e práticas tradicionais, línguas e culturas, incluindo respostas comprovadas às crises”, disse Valdez. “Investir em sua saúde é um investimento em todos os nossos futuros.”

 

Reuniões - A reunião de alto nível é a primeira de duas reuniões virtuais com especialistas em saúde pública dos Ministérios da Saúde das Américas e representantes de grupos indígenas e afrodescendentes para propor abordagens estratégicas interculturais como um componente central da resposta à COVID-19.

A segunda reunião - Perspectivas e Oportunidades - acontece em 17 de novembro para discutir as necessidades específicas desta população em relação à resposta à COVID-19. Os encontros, organizados no âmbito da Política, Estratégia e Plano de Ação da OPAS sobre Etnia e Saúde, criam um espaço para o diálogo e a coordenação entre as autoridades de saúde indígenas e nacionais para implementar respostas culturalmente apropriadas aos impactos atuais e futuros da pandemia.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

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Organização Mundial da Saúde

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