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Especialistas da ONU pedem que Canadá e Igreja Católica investiguem valas comuns em escolas indígenas

07 junho 2021

  • Um grupo de especialistas independentes de direitos humanos emitiu um comunicado pedindo a instauração imediata de um inquérito sobre a morte de mais de 200 crianças indígenas em uma escola no Canadá. Eles pediram às autoridades canadenses e da Igreja Católica que investiguem “as circunstâncias e responsabilidades em torno dessas mortes”.
  • Os restos mortais das crianças foram encontrados na Escola Residencial Indígena Kamloops, administrada pela Igreja Católica do final do século 19 à década de 1960, que foi então assumida pelo governo federal e posteriormente fechada na década de 1970. As crianças foram retiradas à força de suas casas para viver no internato localizado no distrito de British Columbia.
  • A escola fazia parte do sistema escolar residencial indígena que, entre 1831 e 1996, hospedou mais de 150 mil crianças em 130 escolas - muitas administradas pela Igreja Católica ou pelo governo canadense.
  • Um relatório de 2015 da Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá determinou que crianças indígenas foram submetidas a abuso, desnutrição e estupro e que pelo menos 4 mil morreram de doenças, negligência, acidentes ou abuso, enquanto estavam nessas escolas.
Kamloops Indian Residential School
Legenda: A escola indígena Kamloops funcionou entre 1890 e 1978 (foto de arquivo sem data)
Foto: © Archives Deschâtelets-NDC

Um grupo de especialistas independentes de direitos humanos emitiu um comunicado pedindo a instauração imediata de um inquérito sobre a morte de mais de 200 crianças indígenas em uma escola no Canadá. Eles pediram às autoridades canadenses e da Igreja Católica que investiguem “as circunstâncias e responsabilidades em torno dessas mortes”.

“O judiciário deve conduzir investigações criminais sobre todas as mortes suspeitas e denúncias de tortura e violência sexual contra crianças, hospedadas em escolas residenciais, e processar e punir os perpetradores e corretores que ainda possam estar vivos”, disse o comunicado publicado na sexta-feira (4).

O grupo pede ainda que exames forenses dos restos mortais encontrados sejam conduzidos para proceder à identificação e registro das crianças desaparecidas.

Abusos flagrantes - Os restos mortais das crianças foram encontrados na Escola Residencial Indígena Kamloops, administrada pela Igreja Católica do final do século 19 à década de 1960, que foi então assumida pelo governo federal e posteriormente fechada na década de 1970. No local, foram descobertos restos mortais de mais de 200 menores indígenas, retirados à força de suas casas para viver no internato localizado no distrito de British Columbia.

A escola fazia parte do sistema escolar residencial indígena que, entre 1831 e 1996, hospedou mais de 150 mil crianças em 130 escolas - muitas administradas pela Igreja Católica ou pelo governo canadense.

O relatório de 2015 da Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá determinou que crianças indígenas foram submetidas a abuso, desnutrição e estupro e que pelo menos 4 mil morreram de doenças, negligência, acidentes ou abuso, enquanto estavam nessas escolas.

“Violações de direitos humanos em larga escala foram cometidas contra crianças pertencentes a comunidades indígenas, é inconcebível que o Canadá e a Santa Sé deixem tais crimes hediondos sem explicação e sem reparação completa”, disseram os especialistas da ONU.

O comunicado também pede ao governo que implemente integralmente as recomendações contidas no Relatório de 2015.

“Por muitos anos, as vítimas e suas famílias têm esperado por justiça e remédio. Responsabilidade, verdade abrangente e reparação total devem ser perseguidas com urgência”, enfatizaram os especialistas em direitos humanos.

Outras escolas - Recordando o direito das vítimas de saberem toda a extensão da verdade sobre as violações sofridas, os especialistas da ONU apelaram ao governo que realize investigações semelhantes em “todas as outras escolas residenciais indígenas no país”.

Eles também instaram a Igreja Católica a fornecer “acesso total às autoridades judiciais aos arquivos das escolas residenciais administradas pela instituição, a conduzir investigações internas e judiciais imediatas e completas sobre essas alegações e a divulgar publicamente o resultado dessas investigações”.

Os especialistas estiveram em contato com o Canadá e a Santa Sé a respeito das escolas em questão.

Papel dos especialistas - Especialistas independentes da ONU são nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, para examinar e relatar um tema específico de direitos humanos ou a situação de um país. Eles não são funcionários da ONU nem são pagos pelo seu trabalho.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUDH
Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos

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