Casal de venezuelanos surdos se une graças a ajuda da OIM
Laura e Julio César ficaram separados por mais de 5 mil quilômetros durante um ano. Um funcionário da OIM que sabia a Língua de Sinais ajudou no reencontro.
A chegada do ônibus na Estação Rodoviária de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, representou o fim de um longo período de saudade. Separados por mais de 5 mil quilômetros, Laura e Julio César enfim deram o abraço de reencontro numa madrugada de fevereiro deste ano.
Em 2019, eles deixaram o estado de Bolívar, na Venezuela, e iniciaram a trajetória em território brasileiro. Poucos meses depois da chegada, Julio embarcou sozinho de Roraima até o Rio Grande do Sul em busca de emprego e novas oportunidades de integração.
Logo depois chegou a notícia: Laura, que tinha ficado em Roraima, estava grávida. Por conta da pandemia, as chances de um reencontro pareciam remotas. Ashley nasceu e fez um ano sem conhecer o pai. Mas um brasileiro residente em São Leopoldo mudou a história da separação.
Ao vê-lo em situação de vulnerabilidade por não ter renda fixa, Lindomar Fontana decidiu ajudar Julio. Sem saber a Língua de Sinais Venezuelana, ele improvisou a comunicação com aplicativos de tradução no celular.
“Eu falava em português, o aplicativo no telefone traduzia para o espanhol e eu dava o aparelho para ele ler. Foi bem complicado no começo, mas depois pude entender bem o que ele falava e precisava. Quando soube da história, no mesmo momento me compadeci com as necessidades e me comprometi a tentar ajudá-lo”, relembra o agora amigo.
Na internet, Lindomar buscou informações sobre a migração venezuelana e a resposta humanitária brasileira com a Operação Acolhida. Durante as buscas, localizou a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e descobriu o trabalho realizado em apoio à Estratégia de Interiorização do governo federal.
Bastou uma ligação e a informação sobre a situação da família para que nos dois pontos extremos do país, de norte a sul, começasse a mobilização para que Julio e Laura pudessem recomeçar a vida juntos.
Ao localizar Laura no abrigo BV-8, no município fronteiriço de Pacaraima, a OIM apoiou nos trâmites necessários para que mãe e filha estivessem devidamente documentadas e inscritas para a viagem de interiorização. Com o processo aprovado, foram compradas as passagens aéreas e terrestres para que elas chegassem até São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre.
Laura, que também é surda e muda, conseguiu se comunicar durante todas as etapas em Roraima com o apoio de um funcionário da OIM que tem conhecimento da Língua de Sinais Venezuelana.
“Conseguimos resolver a situação da Laura rapidamente e foi muito satisfatório com o conhecimento básico que tenho da Língua de Sinais poder ajudá-la. Sinto gratidão de ter contribuído na mudança da vida dessas pessoas”, afirmou Eduardo, funcionário da OIM que é venezuelano e aprendeu a língua de sinais quando chegou ao Brasil e fez uma capacitação na Pastoral do Surdo em Boa Vista.
As atividades da OIM na estratégia de interiorização são realizadas com apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.