Impacto da COVID-19 no turismo pode custar 4 trilhões de dólares para a economia global, alerta ONU
01 julho 2021
- O prejuízo global da pandemia de COVID-19 no turismo pode chegar a 4 trilhões de dólares, avaliam a Organização Mundial do Turismo (OMT) e a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
- A estimativa é baseada nas perdas causadas pelo impacto direto da pandemia no turismo e no efeito cascata nos setores relacionados.
- Os países em desenvolvimento foram os que mais sofreram com o impacto da pandemia no turismo, com reduções de chegadas estimadas entre 60% e 80%.
- O relatório realça que a vacinação desigual amplia o prejuízo econômico no mundo em desenvolvimento, que pode representar até 60% das perdas globais do PIB.
- Só em 2020, a queda das atividades turísticas resultou em um golpe econômico de 2,4 trilhões de dólares.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) das Nações Unidas publicou um relatório sobre o impacto da pandemia da COVID-19 no turismo. O prejuízo pode chegar a 4 trilhões de dólares, com uma recuperação prevista apenas para 2023, de acordo com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Na análise, o processo de vacinação contra o coronavírus cumpre um papel essencial.
A estimativa é baseada nas perdas causadas pelo impacto direto da pandemia no turismo e no efeito cascata nos setores relacionados, que é pior do que o esperado anteriormente. Em julho passado, a UNCTAD estimou que a paralisação do turismo internacional custaria à economia global entre 1,2 e 3,3 trilhões de dólares.
A queda acentuada nas chegadas de turistas em todo o mundo em 2020 resultou em um golpe econômico de 2,4 trilhões de dólares, disse o relatório, e um número semelhante é esperado este ano, dependendo da implantação das vacinas contra a COVID-19 .
Plano global de vacinação - “O mundo precisa de um esforço global de vacinação que proteja os trabalhadores, diminua os efeitos sociais adversos e tome decisões estratégicas em relação ao turismo, levando em consideração as possíveis mudanças estruturais”, disse a secretária-geral em exercício da UNCTAD, Isabelle Durant.
“O turismo é uma tábua de salvação para milhões, e o avanço da vacinação para proteger as comunidades e apoiar o reinício seguro do turismo é fundamental para a recuperação de empregos e geração de recursos muito necessários, especialmente nos países em desenvolvimento, muitos dos quais são altamente dependentes do turismo internacional” acrescentou o secretário-geral da OMT , Zurab Pololikashvili.
Países duramente atingidos - As chegadas de turistas internacionais caíram cerca de 1 bilhão, ou 73%, no ano passado, enquanto no primeiro trimestre de 2021 a queda foi de cerca de 88%, disse o relatório. Os países em desenvolvimento foram os que mais sofreram com o impacto da pandemia no turismo, com reduções de chegadas estimadas entre 60% e 80%.
Eles também foram prejudicados pela iniquidade da vacina. As agências disseram que a “implantação assimétrica” das vacinas contra a COVID-19 ampliou a queda econômica para o setor de turismo nessas nações, já que elas podem ser responsáveis por até 60% das perdas globais do PIB.
Recuperação em meio a perdas - A expectativa é de que o turismo se recupere mais rapidamente em países com altas taxas de vacinação, como França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.
No entanto, as chegadas de turistas internacionais não retornarão aos níveis pré-pandêmicos até 2023 ou mais tarde. Isso se dá devido a barreiras como restrições de viagem, contenção lenta do vírus, baixa confiança do viajante e um ambiente econômico ruim.
Embora uma recuperação do turismo seja antecipada no segundo semestre deste ano, o relatório prevê uma perda entre 1,7 e 2,4 trilhões de dólares em 2021, com base em simulações que excluem programas de estímulo e políticas semelhantes.
Resultados prováveis - Os autores traçam três cenários possíveis para o setor de turismo neste ano, com o mais pessimista refletindo uma redução de 75% nas chegadas internacionais.
Este cenário mostra uma queda nas receitas globais do turismo de quase 950 bilhões de dólares, o que causaria uma perda no PIB real de 2,4 trilhões de dólares, enquanto o segundo reflete uma redução de 63% nas chegadas de turistas internacionais.
O terceiro considera taxas variáveis de turismo doméstico e regional. Este pressupõe uma redução de 75%no turismo em países onde as taxas de vacinação estão baixas e uma redução de 37% em países com níveis de vacinação relativamente altos, principalmente países desenvolvidos e algumas economias menores.