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Investimento em ações climáticas preventivas nos países mais vulneráveis é urgente, alerta Guterres

12 julho 2021

  • Na cúpula de Financiamento para os Vulneráveis ​​ao Clima, o secretário-geral da ONU, António Guterres, falou sobre os desafios enfrentados por 48 nações sistematicamente expostas a desastres relacionados ao clima e pediu por avanços na adaptação e resiliência em 2021.
  • O secretário-geral lembrou que os impactos climáticos que estamos vendo hoje — atualmente em 1,2ºC acima dos níveis pré-industriais — dão ao mundo um vislumbre do que está por vir: secas prolongadas, eventos climáticos extremos e intensificados e “inundações horríveis”.
  • Os custos atuais de adaptação para os países em desenvolvimento são de 70 bilhões de dólares ao ano, e isso pode chegar a 300 bilhões de dólares ao ano até 2030.
  • Atualmente, apenas 40% dos países têm sistemas de alerta eficazes em funcionamento.
Legenda: As pessoas atravessam a água durante as enchentes no distrito de Kurigram, em Bangladesh
Foto: © G.M.B. Akash/UNICEF

Na quinta-feira (8), aconteceu a primeira Cúpula de Financiamento para os Vulneráveis ​​ao Clima, que se debruçou sobre os desafios enfrentados por 48 nações sistematicamente expostas a desastres relacionados ao clima. A reunião discutiu a urgência de ações preventivas, a importância de melhores sistemas de alerta e previsões meteorológicas. Falando no evento, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, falou sobre a necessidade de garantir apoio financeiro e técnico.

O chefe da ONU disse que para colocar o “mundo de volta em pé”, restaurar a cooperação entre governos e se recuperar da pandemia de forma resiliente ao clima, os países mais vulneráveis ​​precisam ser devidamente apoiados.

“Para reconstruir a confiança, os países desenvolvidos devem esclarecer agora como irão efetivamente entregar 100 bilhões de dólares em financiamento climático anualmente para o mundo em desenvolvimento, como foi prometido há mais de uma década”, disse Guterres.

Risco de calamidade - Guterres pediu um plano claro para alcançar as metas de financiamento do clima estabelecidas até 2025, algo que ele prometeu enfatizar aos ministros das finanças do G20 em sua próxima reunião esta semana.

Ele acrescentou que as instituições financeiras de desenvolvimento desempenham um papel decisivo no apoio aos países no curto prazo. O secretário-geral, porém, alertou que a participação dessas instituições no futuro pode facilitar uma recuperação de baixo carbono e resiliente ao clima, ou, caso não seja suficiente, consolidá-los em alto carbono, sem nenhuma mudança, investimentos intensivos em combustíveis fósseis. “Não podemos deixar que isso aconteça”, disse.

O secretário-geral lembrou que os impactos climáticos que estamos vendo hoje — atualmente em 1,2ºC acima dos níveis pré-industriais — dão ao mundo um vislumbre do que está por vir: secas prolongadas, eventos climáticos extremos e intensificados e “inundações horríveis”.

“A ciência avisa há muito tempo que precisamos limitar o aumento da temperatura em 1,5ºC. Além disso, corremos o risco de calamidades. Limitar o aumento da temperatura global é uma questão de sobrevivência para os países vulneráveis ​​ao clima”, enfatizou.

Mais adaptação - O chefe da ONU destacou que apenas 21% do financiamento climático vai para a adaptação e resiliência e deve haver uma alocação equilibrada para adaptação e desaceleração. Os custos atuais de adaptação para os países em desenvolvimento são de 70 bilhões de dólares ao ano, e isso pode chegar a 300 bilhões de dólares ao ano até 2030, alertou.

“Estou pedindo que 50% do financiamento climático global dos países desenvolvidos e bancos multilaterais de desenvolvimento sejam alocados para adaptação e resiliência nos países em desenvolvimento. E devemos tornar o acesso ao financiamento climático mais fácil e rápido”.

Relatório da OMS - O chefe da ONU também deu as boas-vindas na quinta-feira a um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que revela que cerca de 23.000 vidas por ano podem ser salvas por meio da melhoria das previsões meteorológicas, sistemas de alerta e informações climáticas, conhecidas como hydromet. Para além dos ganhos humanos, o estudo também destaca que os investimentos podem gerar 162 bilhões de dólares por ano.

Em uma mensagem de vídeo para marcar a publicação do primeiro Relatório de Lacunas do Hydromet, o secretário-geral disse que esses serviços eram essenciais para construir resiliência em face das mudanças climáticas. Guterres pediu mais uma vez por um avanço na adaptação e resiliência em 2021, com aumentos significativos no volume e na previsibilidade do financiamento da adaptação.

Ele observou que os pequenos estados insulares em desenvolvimento e os países menos desenvolvidos, onde permanecem grandes lacunas nos dados meteorológicos básicos, seriam os que mais se beneficiariam.

“Isso afeta a qualidade das previsões em todos os lugares, especialmente nas semanas e dias críticos em que as ações antecipatórias são mais necessárias”, disse ele.

De acordo com a OMM, os investimentos em sistemas de alerta precoce de múltiplos perigos criam benefícios que valem pelo menos dez vezes seus custos e são vitais para construir resiliência a condições climáticas extremas. Atualmente, apenas 40% dos países têm sistemas de alerta eficazes em funcionamento.

 

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