"Nós vamos ficar": agências da ONU e parceiros reafirmam compromisso de ajuda ao povo afegão
19 agosto 2021
O Comitê Permanente Interagências (IASC), composto por agências humanitárias internacionais e liderado pela ONU, divulgou uma declaração em que se compromete a permanecer no Afeganistão.
“O povo do Afeganistão precisa do nosso apoio agora mais do que nunca. Nossas organizações estão comprometidas em ajudá-los e protegê-los. Nós vamos ficar no Afeganistão e vamos entregar”, diz o texto, assinado por líderes de mais de 15 agências humanitárias.
Na declaração, eles também pedem garantia de segurança e financiamento para o trabalho humanitário no país e reforçam o apelo do secretário-geral para as partes envolvidas, incluindo o Talibã, que cessem toda a violência e cumpram o direito internacional humanitário e os direitos humanos.
Os chefes dos organismos humanitários ainda fazem um apelo aos países para que mantenham as fronteiras abertas para receber refugiados afegãos.
Legenda: Mulheres caminham entre tendas improvisadas em um campo para deslocados internos na cidade de Mazar-e Sharif, ao norte do Afeganistão
O Comitê Permanente Interagências (IASC), composto por agências humanitárias internacionais e liderado pela ONU, divulgou nesta quinta-feira (19) uma declaração, assinada por líderes de diversas agências humanitárias, em que se compromete a permanecer no Afeganistão e seguir com seu trabalho humanitário.
“O povo do Afeganistão precisa do nosso apoio agora mais do que nunca. Nossas organizações estão comprometidas em ajudá-los e protegê-los. Nós vamos ficar no Afeganistão e vamos entregar” diz a declaração.
O texto recorda que, no início de 2021, metade da população do Afeganistão - incluindo mais de 4 milhões de mulheres e quase 10 milhões de crianças - já precisava de ajuda humanitária. Um terço da população enfrentava níveis de crise e emergência de insegurança alimentar aguda e mais da metade de todas as crianças com menos de 5 anos de idade estavam desnutridas.
“Essas necessidades aumentaram drasticamente por causa do conflito, da seca e da COVID-19”, afirmam os chefes de mais de 15 agências. Desde o final de maio, o número de pessoas deslocadas internamente por causa do conflito e com necessidade de ajuda humanitária imediata mais do que dobrou, chegando a 550 mil.
Eles reforçam o apelo do secretário-geral da ONU para que todas as partes, incluindo o Talibã, cessem toda a violência e cumpram o direito internacional humanitário e os direitos humanos. Os signatários também pedem o acesso seguro, rápido e desimpedido para os trabalhadores humanitários - tanto da equipe masculina quanto feminina - para que possam levar ajuda aos civis necessitados onde quer que estejam.
“O papel crítico das organizações humanitárias de linha de frente deve ser apoiado”, destacam, ao também pedir que seja garantido o financiamento de suas atividades. “O financiamento oportuno salva vidas, protege meios de subsistência, alivia o sofrimento e evita novos deslocamentos”, diz outro trecho.
A declaração também pede às partes que protejam os civis e respeitem os direitos e liberdades de todos e reitera o compromisso das agências com a promoção dos direitos de todas as pessoas no Afeganistão, incluindo mulheres e meninas.
“Ganhos importantes feitos nos últimos anos - incluindo a igualdade de gênero e o acesso das meninas a uma educação de qualidade - devem ser preservados. E muito mais precisa ser feito para garantir os direitos das mulheres e meninas”, afirmam.
A declaração ainda pede que civis tenham permissão para buscar segurança e proteção, incluindo o direito de buscar asilo.
“Apelamos aos governos para que mantenham as fronteiras abertas para receber refugiados afegãos que estão fugindo da violência e da perseguição e evitem as deportações. Não é hora de abandonar o povo afegão”, diz o texto.
Financiamento necessário – Segundo as agências, um total de 1,3 bilhão de dólares é necessário para alcançar quase 16 milhões de pessoas com assistência humanitária no Afeganistão; apenas 37% dos fundos necessários foram recebidos, deixando um déficit de quase 800 milhões de dólares.
“Pedimos aos doadores que permaneçam firmes em seu apoio às operações humanitárias no Afeganistão e apoiem meios de subsistência resilientes”, pedem os chefes dos organismos internacionais. “O financiamento humanitário deve ser sustentado”.
Assinam a declaração
Sean Callahan, presidente e diretor executivo, Catholic Relief Services (CRS)