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Dia do Habitat promove cidades verdes como saídas para crise climática

06 outubro 2021

  • O planejamento urbano sustentável pode reduzir o risco climático, gerar mais empregos e melhorar a saúde e bem-estar da população, destacou o secretário-geral da ONU, António Guterres.
  • A fala foi feita no Dia Mundial do Habitat, celebrado em 4 de outubro, que este ano destacou o papel das cidades na ação climática com o tema “Acelerando a ação urbana por um mundo livre de carbono”.
  • As cidades são responsáveis ​​por cerca de 75% do consumo mundial de energia e mais de 70% das emissões globais. Aproximadamente 4,5 bilhões de pessoas vivem em cidades, mas até 2050 isso pode duplicar, o que significa que até metade do século, mais de 1,6 bilhão de residentes urbanos vão sofrer com temperaturas altíssimas que podem chegar até 35 ºC em perímetros urbanos. 
  • Em consonância com o chefe da ONU, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Maimunah Mohd Sharif, também destacou a importância das cidades na luta contra mudanças climáticas, e insistiu que, mesmo com ações distintas entre cidades, a transição verde será boa, especialmente para os mais vulneráveis.
cidade com telhados verdes e áreas arborizadas
Legenda: Cidades sustentáveis ​​estão ajudando na batalha contra as mudanças climáticas
Foto: © Chuttersnap / Unsplash

Nesta segunda-feira (4), o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou em sua mensagem para o Dia Mundial do Habitat, a importância das gestões municipais na reversão da emergência climática. Para ele, os benefícios de se planejar cidades ecologicamente corretas são enormes, incluindo a redução do risco climático, geração de mais empregos e melhoria da saúde e bem-estar da população.

 “Liderar cidades privilegiando o uso de materiais verdes e com maior eficiência energética, além de construir edifícios resistentes e que possam ser alimentados com fontes renováveis, é essencial para atingirmos a meta de emissão zero de poluentes até 2050”, disse o secretário-geral.

O tema do Dia Mundial do Habitat este ano é “Acelerando a ação urbana para um mundo livre de carbono”. As cidades são responsáveis ​​por cerca de 75% do consumo mundial de energia e mais de 70% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Dupla crise - O chefe da ONU alertou que as áreas urbanas em todo o mundo estão enfrentando uma crise com dois agravantes: a pandemia de  COVID-19 e as mudanças climáticas. 

Cerca de 4,5 bilhões de pessoas vivem nas cidades hoje, mas até 2050, este número deve crescer quase 50%. Também espera-se que na metade do século, mais de 1,6 bilhão de residentes urbanos estejam tendo que sobreviver em locais  cuja temperatura média máxima durante o verão seja de 35ºC.

Para Guterres, as cidades estão no centro da ação climática para que seja alcançada a meta máxima de elevação das temperaturas globais, em até no máximo 1,5ºC.“Três quartos da infraestrutura que existirá em 2050 ainda não foi construída”, alertou o secretário-geral. “Os planos de recuperação econômica oferecem uma oportunidade geracional para colocar a ação climática, a energia renovável e o desenvolvimento sustentável no centro das estratégias e políticas das cidades”, comentou.

À medida que as populações crescem nas economias emergentes, a demanda por transporte, que responde por quase 20% das emissões globais de carbono, também se multiplica. O chefe da ONU disse que as cidades já estão trabalhando para solucionar este problema, tentando garantir que essa demanda seja atendida através da utilização de veículos com emissão zero e privilegiando os sistemas de transporte público.

Guterres concluiu sua mensagem pedindo o banimento global de motores de combustão interna para garantir esses esforços, acrescentando que isso deve acontecer, no mais tardar, até 2040.

Oportunidade - Também em uma mensagem celebrando a data, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Maimunah Mohd Sharif, disse que, a menos que o mundo tome medidas urgentes, "os gases de efeito estufa, produzidos pelos centros urbanos em constante expansão, continuarão a elevar as temperaturas globais do ar". 

A chefe do ONU-Habitat lembrou que neste ano, o dia é comemorado apenas algumas semanas antes da Cúpula da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26, que acontece no início de novembro, em Glasgow.  Para ela, a recuperação da pandemia de COVID-19 é uma oportunidade para as cidades do mundo colocarem a ação climática no topo de suas agendas.

“Esta é uma chance de mudar a forma como geramos nossa energia, construímos nossos prédios, aquecemos, refrigeramos e iluminamos nossos lares e escritórios, além de repensarmos como fazemos nossos trajetos de casa para o trabalho”, detalhou.

Sharif usou sua mensagem para clamar por “cidades compactas bem planejadas e administradas”, que permitam o transporte não motorizado e que reduzam o consumo de energia, até então dedicada para refrigeração e aquecimento.

“As cidades são incubadoras de inovação e novas tecnologias”, disse otimista. “Devemos aproveitar essa força para encontrar melhores soluções para a mudança climática”.

Para a chefe do Programa da ONU, cada cidade poderá adotar medidas diferentes para enfrentar este problema, no entanto, ela está certa de que “a transição verde deverá beneficiar a todos, especialmente os mais vulneráveis, e criar novos empregos”.

Atividades - Os eventos deste ano irão explorar como governos e organizações podem trabalhar em conjunto com comunidades, instituições acadêmicas e o setor privado para criar cidades sustentáveis, inclusivas e neutras em carbono. 

O Dia Mundial do Habitat também ampliará a  campanha Race to Zero (Corrida ao Zero) e encorajará os governos locais a desenvolverem, no período que antecede a COP26, planos executáveis para zerar as emissões ​​de carbono. 

Nesta segunda-feira (4), em uma cerimônia em Yaounde, em Camarões, o ONU-Habitat também anunciou os vencedores do Scroll of Honor, um dos prêmios mais prestigiados do mundo para aqueles que trabalham com urbanização sustentável. 

Este ano foram cinco vencedores:  a agência governamental egípcia New Urban Communities Authority; o movimento queniano Shining Hope for Communities; a administração municipal de Baoji, na China; a fundação Let’s do it World, com sede na Estônia e a organização não governamental chilena, Ciudad Emergente

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

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