Secretário-geral da ONU destaca papel dos transportes para transição energética

A Conferência de Transporte Sustentável das Nações Unidas, que começou na quinta-feira (14), reuniu líderes de governos, especialistas da indústria e grupos da sociedade civil para debaterem o caminho em direção a um futuro mais sustentável para o setor e uma maior ação climática no geral.

O evento de dois dias, que acontece em Pequim, na China, vai deliberar sobre como o transporte pode contribuir para a resposta climática, crescimento econômico e desenvolvimento sustentável. O encontro acontece há poucas semanas da COP 26, a conferência sobre mudança climática da ONU, em Glasgow, na Escócia.

Na abertura, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destacou que “os próximos noves anos devem levar a mudanças globais para uma energia renovável. O transporte sustentável é ponto central nessa transformação”.

O movimento para um transporte sustentável pode gerar uma economia de 70 trilhões de dólares até 2050, de acordo com o Banco Mundial.

Meta da neutralidade em carbono - Guterres falou que a pandemia do COVID-19 evidencia como o transporte é “muito mais que um meio de levar as pessoas e mercadorias de A para B”.

O transporte é fundamental para a implementação dos Objetivos Desenvolvimento Sustentável e das metas do Acordo de Paris para as mudanças climáticas. Segundo o secretário-geral, o alcance das metas já estavam “um pouco fora dos trilhos” até mesmo antes da crise.

“Transporte é um ponto chave para entrar nos trilhos, já que é responsável por mais de um quarto da emissão dos gases estufa globalmente. Nós precisamos descarbonizar todos os meios de transporte para que possamos chegar à neutralidade de carbono mundial em 2050”, destacou o chefe da ONU em seu discurso.

Um papel para todos - O transporte descarbonizado exige que os países incluam as emissões da navegação e aviação entre suas metas, já que os compromissos atuais não estão alinhados com o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5Cº.

As prioridades devem incluir a eliminação de veículos de combustão interna até 2040, enquanto navios de emissão zero “devem ser a escolha padrão” para o setor de navegação.

“Todas as partes interessadas têm um papel a desempenhar, desde os indivíduos encarregados de seus hábitos de transporte, até os negócios, transformando sua pegada de carbono”, enfatizou Guterres.

Ele pediu aos governantes que incentivem o transporte limpo, por exemplo através de padrões regulatórios e taxação, e imponham leis mais rigorosas para a infraestrutura e aquisição.

Transporte mais seguro para todos - Guterres também sublinhou que as questões de segurança e acesso devem ser analisadas.

“Isto significa ajudar mais de um bilhão de pessoas a terem acesso a estradas pavimentadas, com espaços designados para pedestres e bicicletas, e fornecer opções adequadas para transporte público”, apontou.

O secretário-geral ainda acrescentou que é necessário prover condições seguras para todos no transporte público, prevenindo assédio e violência contra mulheres e meninas e reduzindo o número de mortos e feridos nos acidentes de trânsito.

Tornando o transporte resiliente - A recuperação no pós-pandemia também deve levar ao um sistema de transporte resilientes com investimentos para o transporte sustentável e para a geração de empregos decentes e oportunidades para comunidades isoladas.

“O transporte público deve ser a base da mobilidade urbana. A cada dólar investido nesse setor, são criados três novos empregos do que seria se fosse investido na construção de novas rodovias”, destacou Guterres.

Com a infraestrutura de transporte existente, como portos vulneráveis a catástrofes climáticas extremas, melhores análises de risco e planejamento são necessários, juntamente de um maior investimento na adaptação climática, principalmente nos países em desenvolvimento.

Guterres reforçou a necessidade de parcerias efetivas, incluindo com o setor privado, para que os países possam trabalhar em conjunto de maneira mais coerente.

“O potencial transformador do transporte sustentável só pode ser provado se as melhorias levarem a erradicação da pobreza, trabalhos decentes, saúde e educação melhores e mais oportunidade para mulheres e meninas. Os países têm muito o que aprender entre si”, defendeu.