Apenas metade dos currículos nacionais mencionam mudanças climáticas
08 novembro 2021
Dados recentes baseados em cem países diferentes divulgados pela UNESCO revelam que apenas 53% dos currículos educacionais nacionais do mundo mencionam mudanças climáticas e mesmo quando o fazem é de modo superficial.
Além disso, a agência da ONU revelou que somente 40% dos professores pesquisados se sentem confiantes em ensinar sobre a gravidade da emergência climática e apenas cerca de um terço se sente capaz de explicar os efeitos da mudança climática em sua região ou localidade.
A educação climática foi tema de um encontro na sexta-feira, durante a COP26, entre ministros do meio ambiente e da educação, representantes da UNESCO e jovens de todo mundo.
Os sistemas de educação não lidam atualmente com a gravidade da crise climática, alertou a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A publicação foi feita antes da primeira reunião conjunta de ministros do meio ambiente e da educação na COP26 em Glasgow, que aconteceu na sexta-feira (5).
Novos dados da UNESCO de 100 países mostram que apenas 53% dos currículos educacionais nacionais do mundo fazem qualquer referência às mudanças climáticas e, quando o assunto é mencionado, quase sempre é dada uma prioridade muito baixa.
De alunos a professores - Além dos dados preocupantes sobre o currículo de ensino, menos de 40% dos professores pesquisados pela UNESCO e pela Education International estavam confiantes em ensinar sobre a gravidade da mudança climática e apenas cerca de um terço se sentia capaz de explicar os efeitos da mudança climática em sua região ou localidade.
“A crise climática não é mais a ameaça de um futuro distante, mas uma realidade global. Não há solução sem educação. Todo aluno precisa entender as mudanças climáticas e ter autonomia para fazer parte da solução, e todo professor deve ter conhecimento para ensinar sobre isso. Os Estados devem se mobilizar para isso”, indicou a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay.
Quando questionados sobre os desafios do ensino das mudanças climáticas, 30% dos 58 mil professores entrevistados relataram não estar familiarizados com pedagogias adequadas. Mais de um quarto dos entrevistados sentiu que algumas abordagens para ensinar educação climática não eram adequadas para o ensino online. Isso é particularmente preocupante, dado que 737 milhões de alunos em 66 países ainda são afetados pelo fechamento total ou parcial das escolas.
Em busca de ação - Diante dessas constatações, a UNESCO organizou com o Reino Unido e a Itália, copresidentes da COP26, o evento 'Juntos pelo Amanhã: Educação e Ação Climática', durante a primeira reunião conjunta de ministros do meio ambiente e da educação, na COP26 em Glasgow, em 5 de novembro.
“A educação para o clima e a sustentabilidade deve ser integrada ao currículo para ir além do mero conceito de sustentabilidade e recriar a escola e todo o planeta”, argumentou um dos parceiros do evento, o Ministro da Educação da Itália, Patrizio Bianchi.
Meio ambiente e educação lado a lado - A UNESCO enfatizou a necessidade de colaboração entre os setores de educação e meio ambiente para integrar com êxito a mudança climática nos sistemas de educação em todo o mundo e em todos os níveis de escolaridade.
O evento se baseou na sessão de educação Youth4Climate organizada em conjunto pela UNESCO e o Ministério da Educação italiano, onde jovens ativistas do clima discutiram seus apelos por uma educação climática de qualidade com seis ministros da educação.