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Palestina perde 57 bilhões devido a medidas israelenses

26 novembro 2021

De acordo com o último relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), o custo econômico cumulativo da política de fechamento, restrições e operações militares israelenses na Cisjordânia desde 2000 é estimado em 57,7 bilhões de dólares. A região passou por duas décadas sem empregos e com desenvolvimento interrompido.

As projeções do relatório indicam que, caso o país não tivesse sido alvo de restrições e operações militares, a taxa de pobreza na Cisjordânia em 2004 teria sido de 12%, um terço dos 35% observados. O PIB per capita em 2019 teria sido 44% superior ao seu valor real.

A política de fechamento e as restrições foram impostas por Israel após a eclosão da segunda Intifada Palestina (levante) em setembro de 2000. O relatório clama pelo fim de todas as restrições de mobilidade no território e para o restabelecimento dos negócios agrícolas, industriais e comerciais na região.

Legenda: Menino de 13 anos na Palestina coleta entulho perto da Cidade de Gaza, que ele transporta de burro até o mercado para vender
Foto: © Eyas El Baba/UNICEF

Novo relatório publicado na quarta-feira (24) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) indica que a Cisjordânia sofreu duas décadas de paralisação do desenvolvimento após os fechamentos, restrições e operações militares israelenses. O custo estimado da perda é de 57,7 bilhões de dólares, mais de três vezes o valor do PIB de 2019 do território palestino ocupado. O custo mínimo para eliminar a pobreza na Cisjordânia aumentou seis vezes entre 1998 e 2007, de 73 milhões de dólares para 428 milhões.

A situação na Cisjordânia e em Gaza foi descrita como uma “reprodução do desespero” pelo diretor da Divisão de Estratégias de Globalização e Desenvolvimento da UNCTAD, Richard Kozul-Wright, que também pediu que os territórios palestinos sejam reconectados e as relações restabelecidas em um “estado de pleno direito” para reverter a crise. 

Múltiplas camadas - O relatório, intitulado "Custos econômicos da ocupação israelense para o povo palestino: Pobreza na Cisjordânia 2000-2019", cobre o período após a eclosão da segunda Intifada Palestina, a insurreição dos palestinos contra os abusos promovidos por Israel, em setembro de 2000.

De acordo com o economista da UNCTAD, Rami Alazzeh, a política de fechamento israelense tem "muitas camada". As estradas entre a Cisjordânia, Gaza, Israel e a fronteira com a Jordânia foram fechadas e “em 2020 ainda existe o muro de separação que Israel começou a construir em 2003”. Além disso, há 600 obstáculos na Cisjordânia, incluindo postos de controle e portões, que permanecem no local.

Projeções de pobreza - O efeito imediato das restrições israelenses mais severas impostas à Cisjordânia foi uma queda drástica nos padrões de vida, que afetou principalmente os segmentos mais pobres da população. 

O relatório projetou que sem os fechamentos, restrições e operações militares israelenses, a taxa de pobreza de 2004 na Cisjordânia teria sido de 12%, ou um terço dos atuais 35%. Em 2019, o PIB per capita da Cisjordânia teria sido 44% maior do que seu valor real, concluiu o relatório.

“É uma quantia substancial de dinheiro para uma economia pequena como esta”, disse Mahmoud Elkhafif, coordenador de assistência ao povo palestino da UNCTAD.

Desenvolvimento interrompido - Na Cisjordânia, entre 2000 e 2002, as restrições e operações militares israelenses mais rígidas provocaram uma contração econômica de um terço.

Embora tenha havido um crescimento anual de 6,2% na economia desde 2007, o relatório indica que a expansão foi volátil - variando de 13,1%, em 2008, a 1,6%, em 2019, - levando a altos níveis de desemprego, e oscilando em torno de 18% durante esse tempo. 

Incapazes de garantir a subsistência, muitos palestinos procuraram emprego em Israel e em seus assentamentos, criando uma dependência prejudicial da economia regional da Cisjordânia em relação a Israel.

No entanto, sem ela, a Cisjordânia quase atingiria taxas de desemprego tão altas quanto a sitiada Faixa de Gaza, em média 39,8% entre 2007 e 2019. O relatório apontou, no entanto, que mesmo assim a economia regional não foi capaz de reduzir ou estabilizar sua taxa de desemprego desde 1999. 

Restrições de levantamento - O relatório pede que todas as restrições de mobilidade sejam levantadas no território palestino ocupado e para reconectá-lo com Jerusalém Oriental e todas as cidades e vilas na Cisjordânia e Faixa de Gaza.

Também clama aos setores público e privado palestinos que estabeleçam e gerenciem negócios agrícolas, industriais, comerciais e de mineração na Área C - que compreende mais de 60% da área da Cisjordânia -, onde os palestinos atualmente não têm permissão para operar negócios.

O documento reitera que até o fim da ocupação, o desenvolvimento econômico palestino continuará sendo travado e seu custo para a população continuará crescendo. Para criar “empregos decentes” é “fundamental superar os níveis de pobreza que vemos na Cisjordânia”, enfatizou o Kozul-Wright.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNCTAD
Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento

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