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ONU condena ataque mortal a estação de trem no leste da Ucrânia

08 abril 2022

As Nações Unidas condenaram um ataque com mísseis russos contra uma estação ferroviária no leste da Ucrânia que matou dezenas de civis que aguardavam para serem evacuados, incluindo crianças.

Em um comunicado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o ataque - assim como outros que têm como alvos civis e infraestruturas vitais - como "inaceitável" e uma "violação grosseira" do direito internacional.

Ele lembrou todas as partes de suas obrigações sob o direito internacional de proteger os civis e da urgência de um acordo sobre um cessar-fogo humanitário para permitir a evacuação segura de civis e o acesso humanitário a populações presas em áreas de conflito.

Uma mãe com seu filho de dois meses em uma estação de trem em Uzhhorod, na Ucrânia, depois de fugir de uma área de conflito
Legenda: Uma mãe com seu filho de dois meses em uma estação de trem em Uzhhorod, na Ucrânia, depois de fugir de uma área de conflito
Foto: © Olena Hrom/UNICEF

As Nações Unidas condenaram um ataque de mísseis russos contra uma estação ferroviária no leste da Ucrânia que matou dezenas de civis que aguardavam para serem evacuados, incluindo crianças. O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse em comunicado, na sexta-feira (8), que o ataque - assim como outros que têm como alvos civis e infraestruturas vitais - é uma "violação grosseira" do direito internacional.

Guterres classificou o ataque à estação ferroviária de Kramatorsk como “inaceitável” em uma declaração emitida por seu porta-voz. Ele lembrou todas as partes de suas obrigações sob o direito internacional de proteger os civis e da urgência de um acordo sobre um cessar-fogo humanitário para permitir a evacuação segura e o acesso humanitário a populações presas em áreas de conflito.

"O secretário-geral reitera seu apelo a todos os envolvidos para que acabem imediatamente com esta guerra brutal", disse o porta-voz da ONU.

Em um comunicado anterior, emitido também na sexta-feira, o coordenador de crise da ONU para a Ucrânia, Amin Awad, disse que muitos sofreram ferimentos terríveis na estação ferroviária de Kramatorsk e que o número de mortes provavelmente aumentará.

"Foi amplamente divulgado nos últimos dois dias que a estação e a área ao redor estavam cheias de civis tentando fugir das hostilidades intensificadas", afirmou Awad em comunicado. “Estamos extremamente perturbados com os relatos de crianças, mulheres, idosos e pessoas com deficiência – as pessoas mais vulneráveis ​​na área de Kramatorsk – que foram pegas por este ataque”.

Awad destacou que o uso de armas explosivas, com amplo impacto em áreas povoadas, é uma clara violação do direito internacional humanitário. “Todas as forças militares, em todos os conflitos, não devem realizar ataques a civis e à infraestrutura civil. Elas devem fazer o máximo para proteger os civis", declarou.

Ele acrescentou que os hospitais na área circundante estão agora cheios de vítimas. "Nós e nossos parceiros humanitários estamos prontos para fazer tudo o que pudermos para ajudar aqueles que estão respondendo ao ataque e aqueles que sobreviveram”, informou. A ONU já  entregou suprimentos de primeiros socorros, rações alimentares de emergência, pastilhas de purificação de água e cobertores aos afetados.

"Continuamos a pedir a todas as partes neste conflito que permitam a passagem segura e desimpedida para as pessoas que desejam sair, para evitar ataques a transportes essenciais para civis e para que suprimentos de socorro que salvam vidas cheguem àqueles que não podem se mover ou evacuar", pediu ainda Awad.

Necessidade urgente de cessar-fogo 'localizado' – De acordo com funcionário da ONU, tréguas localizadas são necessárias com mais urgência do que nunca na Ucrânia, à medida que o conflito se desloca para as regiões orientais após a retirada da Rússia da área ao redor da capital Kyiv. Seis semanas desde a invasão russa, acredita-se que milhares de civis ainda estejam presos na cidade portuária de Mariupol, no sul, onde enfrentaram semanas de bombardeios pesados.

No entanto, ainda não há um acordo de trégua entre as forças russas e ucranianas para permitir a evacuação de civis com segurança, mesmo com os contínuos esforços de mediação do chefe de ajuda emergencial da ONU, Martin Griffiths.

 “O importante é fazer com que as partes concordem com um cessar-fogo localizado”, disse Jens Laerke, do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). “É uma prioridade obter o silenciamento das armas nessas cidades onde cidadãos estão presos - sendo Mariupol a mais afetada. Isto vai permitir que essas pessoas cheguem em segurança e voluntariamente a um lugar de sua escolha e também vai permitir a entrada de ajuda. Então, este é um processo incremental”.

À medida que os combates avançam para as regiões de Luhansk e Donetsk, onde separatistas apoiados pela Rússia já controlam parte significativa do território ucraniano, a ONU e seus parceiros estão tentando fornecer o máximo de ajuda possível.

“As pessoas ainda estão escondidas em porões em Luhansk e Donetsk. Temos em nosso planejamento comboios para lá na próxima semana. Novamente, se isso vai de fato acontecer, depende da situação de segurança”, explicou Laerke.

Êxodo continua - Desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro, mais de quatro milhões de pessoas fugiram da Ucrânia, confirmou a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).

“A guerra na Ucrânia desencadeou uma das crises humanitárias e de deslocamento de mais rápido crescimento de todos os tempos”, disse o porta-voz do ACNUR, Matthew Saltmarsh. “Em seis semanas, mais de 4,3 milhões de refugiados fugiram do país, enquanto outros 7,1 milhões estão deslocados internamente”.

Saltmarsh  também informou que, dentro da Ucrânia, os principais itens de socorro foram distribuídos para centros de recepção estabelecidos pelas autoridades locais, mas a entrega de ajuda a áreas de combate ativo “continua sendo um desafio”.

 “Continuamos nos esforçando para alcançar áreas duramente atingidas, como Mariupol e Kherson, com assistência que salva vidas como parte de comboios humanitários interagenciais”, disse ainda o porta-voz.

Desde o início da guerra, o ACNUR contribuiu para quatro comboios de ajuda interagências, sob o sistema de notificação humanitária: dois para Sumy, um para Kharkiv e um para Sieverodonetsk; A agência também entregou vários comboios adicionais com a ajuda de parceiros, alcançando 15.600 pessoas com itens de ajuda.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OCHA
Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários
ONU
Organização das Nações Unidas
ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa