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Refugiados celebram integração no carnaval do Rio de Janeiro

29 abril 2022

Pessoas refugiadas de Angola, Marrocos, República Democrática do Congo, Síria e Venezuela desfilaram no carnaval do Rio de Janeiro pela primeira vez.

A partir de uma parceria com o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, a escola de samba do Salgueiro convidou o grupo para encenar na avenida a luta contra o racismo.

Eles se comprometem a participar de ensaios regulares e também a aprender – e cantar – a música da escola. O esforço valeu a pena: a escola ficou em 6o lugar e eles retornam para o sambódromo no Desfile das Campeãs, no dia 30 de abril.

 

A refugiada venezuelana Ingrid Bucán antes do desfile no carnaval do Rio de Janeiro
Legenda: A refugiada venezuelana Ingrid Bucán antes do desfile no carnaval do Rio de Janeiro
Foto: © Ruben Salgado Escudero/ACNUR

Uma potente mistura de emoções e energia encheu o ar do sambódromo do Rio de Janeiro enquanto os integrantes da escola de samba do Salgueiro  esperavam o começo do desfile de carnaval. Para 20 deles, o momento foi particularmente emocionante: pessoas refugiadas de Angola, Marrocos, República Democrática do Congo, Síria e Venezuela entraram na avenida pela primeira vez. 

O Salgueiro, cujo tema do desfile deste ano foi a luta contra o racismo, convidou o grupo para o desfile a partir de uma parceria com o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, para promover a integração de pessoas refugiadas ao país e passar uma mensagem de solidariedade. Eles se comprometem a participar de ensaios regulares e também a aprender – e cantar – a música da escola. O esforço valeu a pena: a escola ficou em 6o lugar e eles retornam para o sambódromo no Desfile das Campeãs, no dia 30 de abril.

“Para a maioria das pessoas, ser um refugiado parece algo triste, mas isso é pura felicidade”, disse Yves Abdalá, congolês de 30 anos, ofegante depois de dançar no sambódromo vestindo um pesado traje de inspiração rastafári. “Atuar com outros refugiados de todo o mundo me encheu de energia”, completou. 

Ingrid Bucan, uma cabeleireira de 47 anos que vendeu tudo para fugir da Venezuela, relatou que o desfile confirmou os sentimentos calorosos que tem pelo Brasil. Ela chegou ao país em 2020 com o marido, filhos e netos e recebeu assistência para se reerguer, incluindo aulas de português e sessões de terapia. A família dela integra o grupo de 72 mil venezuelanos realocados de Roraima para outras partes do país como parte da estratégia de interiorização, executada pelo governo brasileiro com apoio do ACNUR para ajudá-los a ter melhor acesso a empregos e habitação.

Embora admita que aprender a sambar tenha sido particularmente difícil, Ingrid disse que não poderia pensar em uma maneira melhor de comemorar a chegada à nova cidade de moradia, o Rio: “O Brasil me ensinou muito. Tenho orgulho de ter representado todas as pessoas refugiadas do mundo no carnaval. Dançar ao lado de outros refugiados me deixou muito grata”.

Para Jose Egas, representante do ACNUR no Brasil, o país sempre acolheu pessoas refugiadas de diferentes nacionalidades. “O Brasil é formado por uma mistura de raças e culturas. E as pessoas refugiadas querem recomeçar, contribuir e se sentirem inseridas na sociedade. A participação delas no desfile do Salgueiro representa esta integração e mostra que não devemos deixar ninguém para trás”.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa