Boas práticas de higiene podem evitar 70% das infecções hospitalares
09 maio 2022
Para marcar o dia Dia Mundial da Higiene das Mãos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, na sexta-feira (6), o primeiro Relatório Mundial sobre Prevenção e Controle de Infecções.
O documento revelou que, nos locais onde uma boa higiene das mãos e outras práticas custo-efetivas são adotadas, 70% das infecções podem ser evitadas.
Em média, morrem 10% dos pacientes que, durante a internação hospitalar, foram acometidos por uma infecção associada à atenção à saúde.
A pandemia de COVID-19 e outros grandes surtos de doenças recentes destacaram até que ponto os ambientes de saúde podem contribuir para a propagação de infecções, prejudicando pacientes, profissionais de saúde e visitantes caso não seja dada a devida atenção à prevenção e controle de infecções (IPC, na sigla em inglês). No entanto, um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que, nos locais onde uma boa higiene das mãos e outras práticas custo-efetivas são adotadas, 70% dessas infecções podem ser evitadas.
Atualmente, de cada 100 pacientes em hospitais para cuidados intensivos, sete pacientes em países de alta renda e 15 pacientes em países de baixa e média renda adquirirão ao menos uma infecção associada à atenção à saúde durante sua internação hospitalar. Em média, um em cada 10 pacientes afetados morrerá por este motivo.
Pessoas em terapia intensiva e recém-nascidos estão particularmente em risco. O relatório mostra que aproximadamente um em cada quatro casos de sepse tratados no hospital e quase metade de todos os casos de sepse com disfunção orgânica tratados em unidades de terapia intensiva de adultos são associados à atenção à saúde.
Dia Mundial - Na última sexta-feira (6), Dia Mundial da Higiene das Mãos, a OMS apresentou o primeiro Relatório Mundial sobre Prevenção e Controle de Infecções, documento que reúne evidências da literatura científica e de vários outros relatórios, além de novos dados de estudos conduzidos pela OMS.
“A pandemia de COVID-19 expôs muitos desafios e lacunas na prevenção e controle de infecções em todas as regiões e países, incluindo aqueles que tinham os programas mais avançados”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Também proporcionou uma oportunidade sem precedentes de fazer um balanço da situação e aumentar rapidamente a prontidão e a resposta ao surto por meio de práticas de prevenção e controle de infecções, além de fortalecer os programas em todo o sistema de saúde. Nosso desafio agora é garantir que todos os países sejam capazes de alocar os recursos humanos, suprimentos e infraestruturas que isso requer.”
O novo relatório da OMS fornece a primeira análise da situação global de como os programas de prevenção e controle de infecções estão sendo implementados em países ao redor do mundo, incluindo enfoques regionais e nacionais. Ao destacar os danos aos pacientes e profissionais de saúde causados por infecção associada à atenção à saúde e resistência antimicrobiana, o relatório também aborda o impacto e a relação custo-benefício dos programas de prevenção e controle de infecções e as estratégias e recursos disponíveis aos países para melhorá-los.
Perdas - O impacto das infecções associadas à atenção à saúde e da resistência antimicrobiana na vida das pessoas é incalculável. Mais de 24% dos pacientes afetados por sepse associada à atenção à saúde e 52,3% dos pacientes tratados em uma unidade de terapia intensiva morrem a cada ano. As mortes aumentam de duas a três vezes quando as infecções são resistentes aos antimicrobianos.
Nos últimos cinco anos, a OMS realizou pesquisas mundiais e avaliações conjuntas dos países para avaliar o estado de implementação dos programas nacionais de prevenção e controle de infecções. Comparando os dados das pesquisas de 2017-18 e 2021-22, a porcentagem de países com um programa nacional não melhorou; além disso, em 2021-22, apenas quatro dos 106 países avaliados (3,8%) tinham todos os requisitos mínimos para prevenção e controle de infecções em nível nacional. Isso se reflete na implementação inadequada de práticas no ponto de atendimento, com apenas 15,2% das unidades de saúde atendendo a todos os requisitos mínimos, de acordo com uma pesquisa da OMS em 2019.
No entanto, progressos encorajadores foram feitos em algumas áreas, com um aumento significativo sendo observado na porcentagem de países que têm um ponto focal de prevenção e controle de infecções designado, um orçamento dedicado à área e currículo para capacitação de profissionais de saúde da linha de frente; desenvolvimento de diretrizes nacionais de prevenção e controle de infecções e um programa ou plano nacional para vigilância de infecções associada à atenção à saúde; uso de estratégias multimodais para intervenções; e estabelecimento da adesão à higiene das mãos como um indicador nacional chave.
Muitos países estão demonstrando um forte envolvimento e progresso na ampliação de ações para colocar em prática os requisitos mínimos e componentes centrais dos programas de prevenção e controle de infecções. O progresso está fortemente apoiado pela OMS e outros atores importantes. Sustentar e expandir ainda mais esse progresso a longo prazo é uma necessidade crítica que requer atenção e investimentos urgentes.
Investimentos - O relatório revela que os países de alta renda são mais propensos a progredir em seu trabalho de prevenção e controle de infecções e são oito vezes mais propensos a ter um status de implementação mais avançado do que os países de baixa renda. De fato, pouca melhora foi observada entre 2018 e 2021 na implementação de programas nacionais em países de baixa renda, apesar da maior atenção dada à prevenção e controle de infecções devido à pandemia de COVID-19. A OMS continuará apoiando os países para garantir que os programas possam ser melhorados em todas as regiões.
A OMS pede a todos os países que aumentem seus investimentos em programas de prevenção e controle de infecções para garantir a qualidade da atenção e a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde. Isso não apenas protegerá suas populações, mas o aumento do investimento nessa área também demonstrou melhorar os resultados de saúde e reduzir os custos de assistência médica e despesas desembolsadas.