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Mercado de commodities agrícolas é foco de novo relatório da FAO

29 junho 2022

Já está disponível online “O Estado de Mercados de Commodities Agrícolas 2022” (SOCO 2022), um dos principais relatórios da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O documento, publicado a cada dois anos, apresenta questões do mercado de commodities de forma objetiva e acessível aos formuladores de políticas, observadores e interessados no tema.

A mais nova edição examina, especificamente, como a redução de custos comerciais pode ajudar a impulsionar o desenvolvimento sustentável ao redor do mundo.

 

O Estado de Mercados de Commodities Agrícolas da FAO examina formas de melhorar a contribuição do comércio para a segurança alimentar, a resiliência e os objetivos ambientais.
Legenda: O relatório "Estado de Mercados de Commodities Agrícolas" da FAO examina formas de melhorar a contribuição do comércio para a segurança alimentar, a resiliência e os objetivos ambientais.
Foto: © Alessia Pierdomenico/FAO

“O Estado de Mercados de Commodities Agrícolas 2022” (SOCO 2022), um dos principais relatórios da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), já está disponível para download. 

Publicado a cada dois anos, o documento apresenta questões do mercado de commodities de forma objetiva e acessível aos formuladores de políticas, observadores e interessados na evolução do mercado de commodities agrícolas e nos seus impactos em diferentes países.

Lançada na terça-feira (28), a mais nova edição do documento examina os desafios de desenvolvimento sustentável, tendo em vista os mercados agroalimentares globais. O relatório discute, ainda, como esforços multilaterais e regionais podem ajudar a superar alguns desafios sociais e ambientais, a partir de políticas comerciais, quando orquestradas junto de medidas complementares. 

“O comércio eficiente pode promover a segurança alimentar mundial e uma melhor nutrição”, destacou o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, no evento de lançamento da publicação. “O comércio também pode ajudar os sistemas agroalimentares globais a usar recursos naturais escassos, como terra e água, de forma mais eficaz e sustentável e difundir tecnologias modernas em todo o mundo.”

O novo relatório chega em um momento delicado, devido à guerra em curso na Ucrânia, que afeta uma região de grande importância para a segurança alimentar mundial. O conflito está aumentando o risco de fragmentação dos mercados agroalimentares globais e ampliando as ameaças de fome, de conflitos e de crises humanitárias em todo o mundo.

Cenário comercial - Há tempos a globalização dos mercados agroalimentares gera preocupações sobre os efeitos do comércio no meio ambiente e na sociedade.

Atualmente, o ambiente de política comercial é caracterizado pelo lento progresso nas negociações multilaterais de comércio no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e pela proliferação de acordos comerciais regionais mais profundos que buscam promover, além do acesso ao mercado, a convergência de políticas nacionais e regulamentações domésticas entre seus signatários.

O relatório visa orientar os formuladores de políticas a encontrar maneiras de garantir que as políticas comerciais protejam a segurança alimentar e nutrição globais, respeitem o meio ambiente e fortaleçam a resiliência a choques como conflitos, pandemias e eventos climáticos extremos.

Hoje, mais países estão negociando entre si e o mercado agroalimentar global está mais equilibrado do que era em 1995. Ainda assim, a geografia do comércio mapeada no SOCO 2022 mostra que, embora a riqueza global tenha crescido, a proporção em países de renda quase não mudou e as diferenças entre os países na produtividade agrícola podem ser enormes.

Integração regional - À medida que o processo de globalização perdeu força desde 2008, a integração regional do comércio agroalimentar tornou-se maior, muitas vezes devido a acordos comerciais e promovido por fatores como proximidade geográfica e preferências semelhantes. No entanto, até recentemente, isso acontecia em menor grau na África Subsaariana. 

Um dos motivos é que os custos comerciais mais altos — relacionados a tarifas, seguros, procedimentos de exportação e importação, atrasos nas fronteiras e a necessidade de cumprir inúmeras regulamentações e medidas não tarifárias — podem dificultar a integração e afetar a transformação estrutural das economias. Em países de baixa renda, a soma dos custos comerciais pode somar até 400% sobre o preço final de um produto, percentual muito maior do que para itens comercializados por países de alta renda. 

Neste contexto, a criação da Zona de Comércio Livre Continental Africana será importante para o crescimento e desenvolvimento econômico na região. No entanto, devem ser estabelecidas políticas complementares que permitam a concretização de vantagens comparativas sem marginalizar os pequenos agricultores, muitas vezes limitados em sua capacidade de aumentar a eficiência e competir em mercados mais abertos.

Diversificação - Outra conclusão do relatório é o valor — em termos de redução da vulnerabilidade a potenciais choques — de diversificar os parceiros comerciais, especialmente para países com alta dependência de importações de alimentos.

Em geral, o comércio agroalimentar pode melhorar a eficiência do uso da terra e da água, mas também pode ter efeitos ambientais negativos. As regras comerciais multilaterais e o número crescente de acordos comerciais regionais permitem disposições relacionadas ao meio ambiente que, quando juridicamente vinculadas, podem ajudar a combater os impactos ambientais do comércio.

No entanto, o relatório argumenta que as externalidades ambientais globais, como as emissões de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas, são tratadas de forma mais eficaz por meio de abordagens multilaterais, com regras comerciais ajudando a ampliar o escopo de políticas que consideram os custos totais desses efeitos.

A FAO desenvolveu o SOCO 2022 a partir de modelos próprios de detecção de padrões entre fluxos comerciais bilaterais, preços relativos e barreiras geográficas, para identificar os principais impulsionadores do comércio, a vantagem comparativa e os custos comerciais. As conclusões do relatório serão consideradas na 75ª Sessão do Comitê de Problemas de Commodities, o mais antigo comitê técnico da FAO, previsto para julho de 2022.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

FAO
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

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