Para que a humanidade progrida, as pessoas devem ser contadas, onde quer que estejam e quem quer que sejam – em toda a sua diversidade. Para acabar com a desigualdade, para encontrar e aumentar a paz e a prosperidade, para tecer mais fios de esperança, o mundo precisa fazer mais pela inclusão.
Não ser contado é ser invisibilizado e, como resultado, é estar desatendido por políticas e serviços. Isto contribui para que uma menina de 10 anos fique sem cuidados de saúde quando é deslocada durante um conflito. O mesmo para uma mulher idosa com deficiência, que não tem rede de apoio, quando uma crise acontece. Isso também deixa uma criança recém-nascida em uma remota comunidade indígena sem a proteção que o registro de nascimento confere.
Nas últimas três décadas, atendendo ao apelo da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento de 1994, as sociedades de todo o mundo fizeram enormes progressos na melhoria da coleta, análise e uso de dados populacionais. Os novos números populacionais, desagregados por idade, etnia, gênero e outros fatores, refletem a diversidade de nossas sociedades. Por exemplo, atualmente, aproximadamente dois terços dos países incluem perguntas sobre deficiência em seus censos.
Avanços como estes melhoraram a prestação de cuidados de saúde às pessoas em todo o mundo, resultando em avanços significativos na saúde sexual e reprodutiva e na capacidade de exercer direitos e escolhas. De maneira crescente, as novas tecnologias têm permitido a medição refinada e oportuna das experiências de um número cada vez maior de pessoas.
Mesmo assim, as comunidades mais marginalizadas ainda estão sub-representadas nos dados e isso provoca consequências que afetam profundamente as suas vidas e o seu bem-estar. Pesquisas recentes do UNFPA revelam desigualdades agudas e crescentes, nos e entre os países. Em muitos lugares, por exemplo, as mulheres de grupos raciais e étnicos minoritários são quase invisíveis nas estatísticas que monitoram as mortes maternas. Esta é uma das razões pelas quais os serviços sociais e de saúde ignoram as suas necessidades e um percentual muito maior destas mulheres morre durante o parto.
O Dia Mundial da População de 2024 é uma oportunidade para nos perguntarmos sobre quais pessoas ainda não são contadas e por quê – e sobre o quanto isso custa às pessoas, às sociedades e aos nossos esforços globais de não deixar ninguém para trás. É também um momento para que todos e todas nós nos comprometamos a garantir que os nossos sistemas de dados capturem toda a gama da diversidade humana, para que todas as pessoas sejam vistas, que possam exercer os seus direitos humanos e que atinjam o seu pleno potencial.
Trinta anos depois da Conferência do Cairo, há muito a comemorar, mas ainda há muito a realizar. Mesmo populações de difícil acesso - social ou geográfico - podem ser contadas. Em nosso rico tecido social, cada fio conta. Para concretizar os direitos e as escolhas das pessoas marginalizadas em nossas sociedades, temos de contá-las – porque todos e todas contam. Quando os dados e outros sistemas funcionam para aqueles que estão à margem, é porque funcionam para todos e todas. É assim que aceleramos o progresso para todas as pessoas.
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