Guterres: "As Nações Unidas nunca foram tão necessárias"

Nosso mundo está enfrentando desafios em todas as frentes. Como as Nações Unidas refletem esse mundo em todos os seus aspectos, sentimos isso em todo o nosso trabalho.

Estes são tempos de intensa incerteza e imprevisibilidade. E, no entanto, certas verdades nunca foram tão claras:

1. As Nações Unidas nunca foram tão necessárias.
2. Nossos valores nunca foram tão relevantes.
3. E as necessidades nunca foram tão grandes.

Ao mesmo tempo, sabemos que, quanto mais a ONU fizer em conjunto para enfrentar os grandes desafios em todo o mundo, menor será o ônus que os países terão de enfrentar sozinhos. As Nações Unidas se destacam como o ponto de encontro único e essencial para promover a paz, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos.

Mas os recursos estão diminuindo em todos os setores, e isso já há muito tempo. Por exemplo, pelo menos nos últimos sete anos, as Nações Unidas têm enfrentado uma crise de liquidez porque nem todos os Estados-membros pagam integralmente suas contribuições, e muitos também não as pagam em dia.

Desde o primeiro dia de meu mandato, embarcamos em uma ambiciosa agenda de reformas para fortalecer a forma como trabalhamos e entregamos. Para sermos mais eficazes e econômicos. Simplificar os procedimentos e descentralizar as decisões. Aumentar a transparência e a prestação de contas. Transferir as capacidades para áreas como dados e digital.

E, significativamente, o Pacto para o Futuro e a ONU 2.0 tratam exatamente da atualização da ONU para o século 21. Esses esforços não são fins em si mesmos. Trata-se de atender melhor às pessoas cujas vidas dependem de nós. Eles se referem aos contribuintes trabalhadores de todo o mundo que sustentam tudo o que fazemos. E eles têm a ver com a garantia das condições certas para todas as pessoas que servem sob a bandeira da ONU enquanto realizam seu trabalho fundamental.

Por todas essas razões, é essencial que um sistema organizacional tão complexo e crucial como as Nações Unidas se submeta a um exame rigoroso e regular para avaliar sua adequação ao propósito de cumprir suas metas com eficiência.

E este ano do 80º aniversário das Nações Unidas é um momento privilegiado para ampliar todos os nossos esforços, reconhecendo a necessidade de uma urgência e ambições ainda maiores.

É por isso que informei ontem aos Estados-membros da ONU que estou lançando oficialmente o que chamamos de Iniciativa ONU80. Nomeei uma força-tarefa interna dedicada, liderada pelo subsecretário-geral Guy Ryder, composta por representantes de todo o sistema da ONU.

O objetivo será apresentar aos Estados-membros propostas em três áreas:

1. Identificar rapidamente eficiências e melhorias na forma como trabalhamos.
2. Realizar uma revisão minuciosa da implementação de todos os mandatos que nos foram conferidos pelos Estados-membros, que aumentaram significativamente nos últimos anos.
3. Conduzir uma revisão estratégica de mudanças mais profundas e estruturais e realinhamento de programas no Sistema das Nações Unidas.

Sob a liderança do presidente da Assembleia Geral, consultarei estreita e regularmente todos os Estados-membros sobre o progresso alcançado, buscando orientação sobre o caminho a seguir e apresentando decisões concretas para discussão e tomada de decisão, quando apropriado.

Meu objetivo é avançar o mais rápido possível nas áreas em que tenho autoridade e instar os Estados-membros a considerar as muitas decisões que cabem a eles. Isso vai muito além do aspecto técnico. 

Os orçamentos das Nações Unidas não são apenas números em uma planilha – eles são uma questão de vida ou morte para milhões de pessoas em todo o mundo.

Devemos garantir uma boa relação custo-benefício e, ao mesmo tempo, promover valores compartilhados. A necessidade é grande e o objetivo é claro: uma Organização das Nações Unidas ainda mais forte e eficaz, que atenda às pessoas e esteja sintonizada com o século 21.

E eu lhes agradeço.

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