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BRICS: FAO contribui para debates sobre segurança alimentar, agricultura familiar e transformação azul

27 março 2025

Economista-chefe e especialistas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) fizeram parte da programação de diálogo dos dez países dos BRICS para promover a cooperação em temas de alimentação e agricultura, realizada entre 12 e 14 de março, em Brasília.

O aumento dos preços dos alimentos foi um dos primeiros temas discutidos pelos BRICS. O custo dos alimentos saudáveis continua subindo, colocando em risco bilhões de pessoas, especialmente no Sul Global. A primeira reunião técnica presencial do Grupo de Trabalho de Agricultura dos BRICS foi realizada entre 12 e 14 de março, em Brasília - DF.
Legenda: O aumento dos preços dos alimentos foi um dos primeiros temas discutidos pelos BRICS. O custo dos alimentos saudáveis continua subindo, colocando em risco bilhões de pessoas, especialmente no Sul Global. A primeira reunião técnica presencial do Grupo de Trabalho de Agricultura dos BRICS foi realizada entre 12 e 14 de março, em Brasília - DF.
Foto: © FAO/Luiza Olmedo.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) foi convidada a contribuir para as discussões da primeira reunião técnica presencial do Grupo de Trabalho de Agricultura dos BRICS - associação, grupo e fórum político e econômico de países emergentes -, sob a presidência brasileira, realizada entre 12 e 14 de março, em Brasília.

Na abertura do evento, o ministro do Desenvolvimento Agrário do Brasil, Paulo Teixeira, destacou a relevância dos países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) na produção agropecuária global, pois juntos representam 42% da produção mundial de alimentos, 33% das terras agrícolas e 39% dos recursos hídricos. Além disso, o bloco responde por 30% da pesca extrativa, 70% da produção aquícola e 80% do valor da produção mundial de alimentos.

Teixeira também ressaltou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada no ano passado com o apoio da FAO, como uma iniciativa para fortalecer a cooperação internacional, promover o intercâmbio de experiências e garantir o acesso das populações mais vulneráveis a alimentos nutritivos e acessíveis.

Preços dos alimentos

Pela FAO, participaram da reunião Máximo Torero, eonomista-chefe e representante regional interino para a América Latina e o Caribe; Manuel Barange, subdiretor-geral e diretor da Divisão de Pesca e Aquicultura; Luiz Beduschi, oficial sênior de Políticas para o Desenvolvimento Territorial; Javier Villanueva, oficial principal de Pesca e Aquicultura; e Jorge Meza, representante da FAO no Brasil.

O aumento dos preços dos alimentos foi um dos primeiros temas discutidos pelos BRICS. O custo dos alimentos saudáveis continua subindo, colocando em risco bilhões de pessoas, especialmente no Sul Global. Em sua intervenção, Máximo Torero destacou que a inflação alimentar impacta principalmente os países de baixa renda, agravando a insegurança alimentar.

Torero explicou que os preços agrícolas são influenciados por múltiplos fatores, como os custos de insumos, as relações comerciais, a infraestrutura e os conflitos. Além disso, surtos de doenças, oscilações no setor energético e flutuações cambiais também contribuem para a volatilidade dos mercados agroalimentares.

Fortalecimento da agricultura familiar

Outro aspecto comum entre os países dos BRICS é a relevância da agricultura familiar, já que os dez países concentram mais da metade dos estabelecimentos rurais do mundo.

O oficial sênior de Políticas da FAO, Luiz Beduschi, participou da sessão "Diálogo sobre Políticas Públicas para o Fortalecimento da Agricultura Familiar". Ele destacou que mais de 90% dos 608 milhões de propriedades rurais do mundo são familiares, totalizando mais de 550 milhões de estabelecimentos. No entanto, enquanto as pequenas propriedades com menos de um hectare representam 70% do total, elas operam apenas 7% das terras agrícolas globais. Em contraste, as grandes propriedades, que correspondem a apenas 1% do total, concentram mais de 70% das terras cultiváveis.

Diante desse cenário, políticas públicas eficazes devem considerar essa diversidade e fortalecer as diferentes categorias de agricultores familiares. "É essencial promover arranjos operacionais flexíveis, inovar em ferramentas políticas – como incentivos à produção sustentável e acesso ao mercado – e ampliar a participação de atores não estatais para otimizar recursos e maximizar impactos", afirmou Beduschi.

Pesca e aquicultura

Durante sua intervenção, Manuel Barange destacou que "o percentual da população que vive nos países menos desenvolvidos e sofre com a fome tem aumentado desde 2014. Portanto, tivemos uma década de crescimento da fome nesses países, o que exige uma resposta urgente". Nesse contexto, muitos fóruns globais passaram a dar maior atenção aos alimentos aquáticos, que foram identificados como uma das sete prioridades para erradicar a fome.

Barange explicou que essa nova importância se deve a quatro razões principais: "a composição nutricional rica e diversa dos alimentos aquáticos; sua menor pegada de carbono em comparação com os sistemas de produção animal terrestres; sua maior eficiência na conversão de alimento em biomassa em relação aos animais terrestres; e o aumento da produção".

Desde 1950, o setor passou de uma produção de 20 milhões de toneladas de produtos aquáticos (para consumo humano) para 165 milhões em 2022, e continua crescendo. No entanto, para atender à crescente demanda global, a FAO estima que será necessária uma expansão de mais de 22% até 2050. Diante desse cenário, a organização desenvolveu a iniciativa de Transformação Azul, que busca maximizar o potencial dos sistemas alimentares aquáticos de maneira sustentável.

"As ações de transformação azul estão mudando os sistemas alimentares aquáticos para alcançar uma melhor produção, uma melhor nutrição, um meio ambiente mais saudável e melhores meios de vida, sem deixar ninguém para trás", afirmou Javier Villanueva, oficial Principal de Pesca e Aquicultura.

Para saber mais, visite a página da FAO no Brasil: https://www.fao.org/brasil/pt/ 

FAO

Luiza Olmedo

FAO
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

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