O crescimento agrícola afeta a redução da pobreza?
05 março 2009
Seminário internacional analisa em Santiago o efeito do boom agrícola na redução da pobreza rural
Santiago, Chile, 4 de março de 2009 – A evolução do setor agrário da América Latina e Caribe nos últimos anos mostra crescimento contínuo na maioria dos países, basicamente associado aos processos de modernização. No entanto, apenas em alguns países, como Brasil, Chile, Peru e Nicarágua, verificou-se uma redução da pobreza rural, ainda que em menor proporção que o crescimento agrícola.
Em termos gerais, a metade dos indigentes da América Latina, cerca de 34 milhões de pessoas, vive em áreas rurais. E são nessas áreas que, em quase todos os países da região, a indigência afeta uma maior proporção de pessoas.
A aparente contradição entre crescimento do setor agropecuário e a redução da pobreza rural é um tema central para o desenho de políticas públicas para a região.
“Os governos da região constataram que o crescimento agrícola não traz benefícios automáticos para os habitantes mais pobres das áreas rurais e estão implementando ou reforçando estratégias que conciliam políticas sociais e de desenvolvimento produtivo para enfrentar esse problema”, observou o Representante Regional da FAO para América Latina e Caribe, José Graziano da Silva.
“É importante reforçar as instituições ligadas à agricultura e as políticas para criar um círculo virtuoso de crescimento do setor e aumento da renda da população rural pobre”, acrescentou Graziano.
Com o objetivo de colocar à disposição dos governos recomendações para o desenho de políticas públicas agrícolas, o Escritório Regional da FAO promove, em conjunto com a Cepal, PNUD e o centro de pesquisa sobre desenvolvimento rural Rimisp, o projeto de pesquisa Boom agrícola e a persistência da pobreza rural.
A pesquisa já resultou numa série de estudos técnicos preparados por consultores independentes sobre oito países da América Latina: Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Guatemala, Nicarágua, México e Peru.
Esses estudos pautam uma reunião de expertos sobre o tema que acontece hoje e amanhã (5) no Escritório Regional da FAO, em Santiago, Chile, cujo objetivo é identificar as relações entre o crescimento agrícola e redução da pobreza para poder apoiar os governos na implementação de políticas de desenvolvimento específicas para as áreas rurais.
Um dos aspectos que se observa nos estudos é que a redução da pobreza rural está relacionada com o crescimento da renda não agrícola (turismo, prestação de serviços, etc.) e não com o crescimento econômico do setor. Entre a década de 90 e a atual, a participação do setor não agrícola na renda das famílias rurais subiu, em media, de 40% a 70%.
Os estudos também indicam que alguns dos obstáculos para a redução da pobreza rural são a informalidade e os baixos salários, particularmente, no caso das mulheres bóias-frias.
Revista Boom Agrícola e Persistência da Pobreza Rural na América Latina e Caribe
Durante o seminário, também será feito o lançamento oficial da edição da Revista Espanhola de Estudos Agrosociais e Pesqueiros dedicada ao tema Boom agrícola e persistência da pobreza Rural na América Latina e Caribe. A revista já está disponível na internet (em espanhol) e conta inclui artigos de especialistas em desenvolvimento rural da FAO, Cepal e Rimisp.
Mais informações:
- Boom agrícola e persistência da pobreza rural na América Latina
- Segundo Seminário do Projeto Boom Agrícola e Persistência da Pobreza Rural
Escritório Regional da FAO para América Latina e Caribe: http://www.rlc.fao.org
Revista Espanhola de Estudos Agrosociais e Pesqueiros – número sobre Boom agrícola e Persistência da Pobreza Rural na América Latina e Caribe”: http://www.rlc.fao.org/es/ prioridades/desarrollo/boom/ pubs.htm
Contatos:
Lucas Tavares y Benjamín Labatut: RLC-Prensa@fao.org, (562) 923 2176, (562) 923 2174