Seminário Mídia, Segurança e Direitos Humanos
06 maio 2008
O Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio), em parceria com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), promoveu no dia 5 de maio de 2008 o Seminário “Mídia, Segurança e Direitos Humanos”, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. O evento foi organizado por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (comemorado em todo o mundo no dia 3 de maio) e do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e teve o apoio da ABI, do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da UFRJ e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Participaram da mesa de debates o Ministro Paulo Vannuchi, da SEDH; o Diretor do UNIC Rio, Giancarlo Summa; o Presidente da ABI, Maurício Azêdo; a Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC), Silvia Ramos; o repórter da Rede Globo de Televisão, André Luiz Azevedo; a Presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e Editora-Assistente do jornal O Globo, Angelina Nunes; o Coordenador Interino do Programa de Comunicação e Informação da UNESCO, Adauto Soares; e a Editora-Executiva do jornal O Dia, Ana Miguez. O Professor da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, Evandro Vieira Ouriques, atuou como mediador do encontro.
Silvia Ramos iniciou o debate, apresentando dados da pesquisa “Mídia e violência”, realizada pelo CESeC. O trabalho analisa o tratamento dado pela imprensa à violência no Brasil. “A cobertura sobre o assunto vem melhorando, mas ainda é muito frágil. Veículos que tratam a violência com sensacionalismo são fadados ao fracasso. Isso aconteceu com jornais como O Povo, no Rio, e o Diário Popular, em São Paulo. Há uma tendência positiva na mudança de postura da mídia no tratamento de temas como direitos humanos.”
André Luiz Azevedo, Angelina Nunes e Ana Miguez falaram sobre a situação dos direitos humanos no contexto carioca, principalmente no dia-a-dia dos repórteres e das redações de jornais. Foi discutida a responsabilidade do repórter na cobertura da violência do Rio, e até onde se deve ir para dar a notícia.
Já o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, lembrou o assassinato do jornalista Wladimir Herzog e destacou o papel da imprensa com relação à promoção dos direitos humanos. “O assassinato do Herzog foi um episódio traumático que marcou de forma vigorosa o País. E a ABI, desde então, tem levantado a bandeira dos direitos humanos, de maneira abrangente que se manifesta amplamente e não apenas para garantir a vida de jornalistas.”
De acordo com Giancarlo Summa, Diretor do UNIC Rio, o poder da mídia de pautar discussões e até influenciar governos com relação a um posicionamento sobre os direitos humanos não deve ser esquecido: “As políticas de segurança são desencadeadas de acordo com a cobertura que a mídia faz. As prioridades são eleitas segundo o tratamento que a mídia dá. Esse é um poder que a mídia tem no Brasil e no mundo”, disse.
O Ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), destacou a importância crescente que se tem dado à questão no País, tanto pelo governo como pela sociedade civil. “O tema está em processo de reformulação, passamos a construir uma nova mentalidade sobre direitos humanos. Por isso, acho que esse tema deva ser incluído na estrutura do ensino fundamental, para implantar a semente dos direitos humanos nas crianças”, afirmou.